Nesta sexta-feira (26) completa um ano do assassinato da estudante Camilla Abreu, e familiares da vítima realizaram nesta manhã, em frente à sede do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí, uma manifestação para que seja julgado o caso referente a expulsão do capitão Alisson Wattson da Polícia Militar, acusado pelo assassinato. Enquanto o julgamento não é realizado, ele mantém a patente e o salário de R$ 9 mil.
O processo de expulsão foi encaminhado em maio para o Tribunal de Justiça e até o momento não foi julgado. Jean Carlos, pai de Camilla Abreu, criticou a demora.“O sentimento é de revolta, um ano se passou, até hoje ele não perdeu a farda, continua recebendo salário. Uma pessoa que matou a minha filha, que estudava direito e que sonhava em ser promotora de justiça. Ela levou um tiro na cabeça, como se mata um bicho, e ainda foi jogada no lixão. Ele não merece compor os quadros da Polícia Militar que tem pessoas de bem. Acredito que logo isso será resolvido, até para isso sirva de exemplo, para os casos de feminicídio”, disse o pai de Camilla.
- Foto: Instagram/Allisson WattsonAllisson Wattson
A advogada Ravenna Castro, que representa a família de Camilla Abreu, teme que o caso caia no esquecimento. “Queremos que a pauta vá para julgamento. O processo já foi vencido em duas instâncias. A primeira foi no comando geral com decisão pela expulsão, depois o governador assinou confirmando a decisão e como ele é um oficial, regido por uma lei federal, o processo está aqui no Tribunal de Justiça para que a decisão seja confirmada, para que ele seja perda a farda e os vencimentos de quase R$ 10 mil. Isso causa um sentimento de revolta hoje, que completa um ano do crime e a família está fazendo um protesto simbólico, para que a causa não caia no esquecimento, para que o TJ coloque essa pauta em julgamento. Um ano da morte é muito tempo e sofrimento para se esperar”, afirmou a advogada.
Existem ainda alguns recursos da defesa do capitão para serem julgados e logo depois disso, a família espera que o caso vá para o Tribunal do Júri. “Vamos conversar com o desembargador, ver como está o processo e a previsão e designação do caso para julgamento”, explicou a advogada que lamentou que em outros casos parecidos, como o da estante Iarla Lima, o acusado esteja em liberdade. “É revoltante, acredito que esses casos de violência contra a mulher, acredito que o tribunal deveria manter os acusados preso, uma forma de mostrar que o crime não compensa”, destacou.
Os salários
Allisson Wattson possui uma renda fixa de R$ 9.103,48 mil, mas ele recebe algumas vantagens que fazem o salário dele mudar. Em agosto, ele ficou com um salário final de R$ 9.433,48 mil, mas em setembro o valor já foi para R$ 12.467,96 mil.
- Foto: Portal da TransparênciaSalário de Alisson Wattson em agosto
- Foto: Portal da TransparênciaSalário de Alisson Wattson em setembro
O crime
A estudante de direito, Camilla Abreu, desapareceu no dia 26 de outubro de 2017. Ela foi vista pela última vez em um bar no bairro Morada do Sol, zona leste de Teresina, acompanhada do namorado e capitão da PM, Allisson Wattson. Após o desaparecimento, o capitão ficou incomunicável durante dois dias, retornando apenas na sexta-feira (27) e afirmou não saber do paradeiro do jovem.
A Delegacia de Homicídios, coordenada pelo delegado Barêtta, assumiu as investigações. No dia 31 de outubro, a Polícia Civil confirmou a morte da jovem. Já na parte da tarde, Allisson foi preso e indicou onde estava o corpo da estudante.
Na manhã de 1º de novembro, o corpo da estudante foi enterrado sob forte comoção no cemitério São Judas Tadeu. No laudo cadavérico, foi concluído que a jovem foi arrastada antes de morrer.
O capitão virou réu na Justiça depois que a juíza de direito Maria Zilmar Coutinho Leal, da 2º Vara do Tribunal do Júri, recebeu denúncia do Ministério Público. Em abril, a juíza pronunciou o capitão para ir a julgamento pelo Júri Popular.
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