A Corregedoria da Polícia Militar do Piauí concluiu o processo administrativo contra o capitão Allisson Wattson, assassino confesso da namorada, a estudante Camilla Abreu. Considerado culpado, foi pedida a sua expulsão da corporação. O processo segue agora para o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí. A decisão final caberá ao governador Wellington Dias, caso o TJ confirme o entendimento do conselho.
A decisão foi lida na sede do Conselho de Justificação da Polícia Militar, na tarde desta quinta-feira (08), e estiveram presentes a família de Camilla, o próprio capitão Allisson Wattson, e pessoas ligadas a ele.
A informação foi confirmada ao GP1 pela advogada da família de Camilla, Ravenna Castro. “Saiu agora 13h. A conclusão foi pela expulsão. Ele foi considerado culpado pelos crimes que cometeu, só que ele não será expulso até que a decisão seja confirmada pelo pleno do Tribunal Justiça”, declarou.
De acordo com a advogada o procedimento contra Allisson é diferente “porque ele é oficial e é diferente de praça, de soldado, porque existe um procedimento específico, aí é moroso, é demorado, mas pelo menos no comando essa etapa já foi vencida”.
“Eu soube que o processo vai para o governador amanhã ainda, aí da Procuradoria ele vai para o Tribunal de Justiça, aí temos que ficar em cima, cobrando, acompanhando para que seja analisado logo, é uma decisão demorada? É! Burocrática? É porque depende do Judiciário. Eu acredito que esse processo deva demorar mais ou menos 1 ano. Mas vamos ficar em cima pra fazer com que aconteça antes”, explicou.
Ravenna contou ainda que no momento da leitura da decisão, houve alteração dos ânimos por parte dos familiares de Allisson: “Nós fomos lá para a leitura do relatório, inclusive tinha pessoas dele que começaram a alterar os ânimos, ficaram chateados, começou uma agressividade, nos sentimos ameaçados e até nos retiramos do local. Ele [Allisson] estava presente, o sentimento deles foi de revolta e insatisfação pela decisão”, contou.
“A família está um pouco mais aliviada porque sentiu que o comando se posicionou, através dessa decisão, como não sendo conivente com esse tipo de prática, não aceitando corporativismo, e está um pouco mais confiante”, declarou.
Nota da Polícia Militar
O comandante da Polícia Militar do Piauí, coronel Carlos Augusto, emitiu nota de esclarecimento comunicando sobre a decisão do Conselho de Justificação. Confira abaixo a nota na íntegra
- Foto: Divulgação/PM-PIPolícia Militar decide pela demissão do capitão Allisson Wattson
Relembre o caso
A estudante de direito, Camilla Abreu, desapareceu no dia 26 de outubro do ano passado. Ela foi vista pela última vez em um bar no bairro Morada do Sol, na zona leste de Teresina, acompanhada do namorado e capitão da PM, Allisson Wattson. Após o desaparecimento, o capitão ficou incomunicável durante dois dias, retornando apenas na sexta-feira (27) e afirmou não saber do paradeiro da jovem.
- Foto: Instagram/Allisson WattsonAllisson Wattson
A Delegacia de Homicídios, coordenada pelo delegado Barêtta, assumiu as investigações. O capitão foi visto em um posto de lavagem às margens do Rio Parnaíba, a fim de lavar seu carro sujo de sangue. Allisson disse ao lavador de carros que o sangue era decorrente de pessoas acidentadas que ele havia socorrido.
Na tentativa de ocultar as provas do crime, o capitão trocou o estofado do veículo e tentou vendê-lo na cidade de Campo Maior, mas não conseguiu pelo forte cheiro de sangue que permanecia no carro.
Durante investigação, a polícia quis periciar o carro, mas Allisson disse ter vendido o veículo, mas não lembrava para quem. No dia 31 de outubro, o delegado Francisco Costa, o Barêtta, confirmou a morte da jovem. Já na parte da tarde, Allisson foi preso e indicou onde estava o corpo da estudante.
- Foto: Facebook/Camilla AbreuCamilla Abreu
Na manhã de 1º de novembro, o corpo da estudante foi enterrado sob forte comoção no cemitério São Judas Tadeu. Laudo cadavérico da estudante Camilla Abreu concluiu que a jovem foi arrastada antes de morrer.
O capitão virou réu na Justiça depois que a juíza de direito Maria Zilnar Coutinho Leal, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, recebeu denúncia do Ministério Público.
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