PRF detalha esquema de adulteração de combustível no Piauí

Pelo menos 19 pessoas foram presas durante a Operação Estanque, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO/MPPI), a Polícia Rodoviária do Piauí (PRF-PI), o Ministério Público do Trabalho (MPT/PI) e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), na manhã desta quarta-feira (23). O objetivo era desarticular uma organização criminosa que adulterava combustível no estado do Piauí.

Ao todo, 23 mandados de prisão foram expedidos e três pessoas seguem foragidas. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), 35 mil litros foram apreendidos, além de cinco caminhões e R$ 17.550,00. Cerca de 135 policiais participaram da operação em todo o estado do Piauí. Os presos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) e, em seguida, para a Casa de Custódia.

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Como ocorria a fraude

De acordo com o inspetor Wenderlal, da PRF, a fraude ocorria em etapas. “Ela começa quando sai da distribuidora, com uma facilitação do Maranhão. O caminhão sai lacrado e esse lacre é facilmente removido no caminho, portanto há a possibilidade de conivência das pessoas que possuem a responsabilidade na distribuidora de lacrar adequadamente esse veículo. Ao parar em determinados locais, é retirado parte dos combustíveis desses caminhões e depois adicionado água, muitas vezes em um padrão desproporcional a esse combustível. O fator que nos traz grande preocupação é que isso era feito em locais inapropriados, colocando em risco a sociedade. Acreditamos ainda que seja uma quadrilha bem maior do que os que foram presos”, afirmou.

Prisões

Ao todo, 19 foram presos, sendo a maioria em Teresina, dentre elas um advogado identificado como Ítalo. As demais foram presas em Piripiri, Capitão de Campos e Piritoró/MA, respectivamente. Durante o cumprimento dos 24 mandados de busca, foi encontrado mais de mil litros de combustíveis em apenas uma residência.

Transportadoras envolvidas

Ainda segundo a PRF, a operação identificou as transportadoras J.N Transportes e Tropical Transportes como envolvidas nos crimes de associação criminosa, furtos e crimes de ordem econômica, tributária e ambiental.

Atuação do Ministério Público do Trabalho

Conforme o procurador Edno Moura, do Ministério Público do Trabalho (MPT/PI), os indivíduos envolvidos chegavam a receber 50% a menos do salário real que a categoria deve receber. “Eles recebiam um salário bem inferior ao salário que está previsto para a categoria. Um outro problema era a jornada exaustiva. Eles tinham que trabalhar cerca de 16 horas, principalmente durante o transporte. Isso colocava em risco a vida do próprio funcionário, mas também de outras pessoas que transitavam pelas vias. Os funcionários faziam isso porque havia uma ordem por parte do empregador, e também aumentava a oportunidade para furtar o combustível e, consequentemente, realizar a adulteração”, revelou.

O procurador também informou sobre as sanções que os empregadores podem sofrer. “São várias as sanções que podem ocorrer, dentre elas o pagamento da indenização por dano moral coletivo, sendo responsabilizados na esfera trabalhista. Se for configurado o trabalho escravo, eles irão responder por um outro tipo de crime”, concluiu.

Divulgação de nomes

A Polícia Rodoviária Federal divulgou o primeiro nome de alguns dos presos da operação. Veja abaixo:

Gerson - proprietário do JN Transportes
Tony Raniery - gerente
Wilson - chefe de logística
Marquin - motorista
Daniel - motorista
Américo - motorista
Marcelo - motorista
Lineu - motorista
Cardoso - motorista
Fumaça - motorista
Josildo - motorista
Orlando - garagista
Odevaldo - vigia