O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta quinta-feira (15), um pronunciamento à imprensa nacional e internacional a respeito da denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF). O pronunciamento aconteceu no Novotel Jaraguá, em São Paulo.
Na última quarta-feira (14), o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, disse que o ex-presidente Lula é o “comandante máximo do esquema de corrupção”. Na denúncia contra o petista, o MPF pediu o confisco de R$ 87 milhões.
O ex-presidente subiu na tribuna sob os gritos de "Lula, guerreiro do povo brasileiro". Ele afirmou que não vai falar como ex-presidente “perseguido” pedindo favor, que seus advogados o têm defendido e discutido o caso com competência espetacular e que, no Brasil, poucas pessoas tem a vida "mais pública, mais fiscalizada" do que a dele.
- Foto: N.M/Futura Press/Estadão ConteúdoLula
De acordo com Lula, “profissão mais honesta é a do político, porque todo ano, por mais ladrão que ele seja ele tem que ir para a rua pedir voto”. O petista criticou uma parte da imprensa e afirmou que "o objetivo deles era tirar o Lula lá em 2005". "Não tenho a vocação do Getúlio de me dar um tiro, não tem a vocação do Jango de me sair do país e eu disse: ‘se eles quiserem me tirar vão ter que lutar comigo nas urnas”, declarou.
Em seu pronunciamento, o ex-presidente citou o impeachment de Dilma, se referindo ao dia em que a Câmara Federal aceitou o prosseguimento do processo de cassação. “Noite da hipocrisia e da vergonha, liderada por um cidadão que acaba de ser cassado [Eduardo Cunha], e o processo foi ao Senado”, falou Lula que ainda disse que acreditava que o Senado tinha "um nível superior". Para ele, os opositores do Partido dos Trabalhadores “conseguiram dar um golpe tranquilo e pacífico”.
Lula também agradeceu a bancada que ficou ao lado de Dilma no Senado. "Nós tínhamos 22 (votos no Senado), ficamos com 20", disse ele, que ainda citou o senador piauiense Elmano Férrer (PTB) como um dos senadores que ficaram ao lado da ex-presidente.
O ex-presidente falou sobre a Operação Lava Jato e disse que tem a consciência tranquila e mantém o bom humor diante das denúncias. "Eu sei pra onde eu vou, eu sei quem me ajudou a chegar onde eu cheguei, sei quem quer que eu saia e sei quem quer que eu volte”, disse sob aplausos.
O petista declarou que duvida que algum partido tenha feito mais que o PT para fortalecer as instituições de brasileiras e citou os investimentos feitos à PF, no setor de inteligência. “Eu quero a Polícia Federal cada vez mais forte, mas cada vez mais responsável. Eu quero a Justiça cada vez mais forte, mas cada vez mais responsável”, disse e completou afirmando que seu governo tirou “da sala o tapete que cobria a corrupção no país".
Em relação a apresentação formal da denúncia contra ele na Lava Jato, Lula disse: “fui vítima de um momento de indignação, eu nunca pensei que fosse passar por isso”. Lula afirmou que convocaram uma coletiva para falar do “crime do Lula” e que alguns dos seus opositores estão "mais enrascados do que eles pensam que eu estava". "Eles inventaram uma mentira, que está chegando no fim do prazo. Já derrubaram Dilma, já derrubaram Cunha, já elegeram Temer, agora resta destruir a vida política de Lula”, disse.
Ele afirmou que ninguém no Brasil respeita a lei e as instituições tanto quanto ele e, emocionado disse que a única coisa de que se orgulha é de ter conquistado "o direito de andar de cabeça erguida nesse país". O ex-presidente ainda desafiou: "Provem uma corrupção minha que eu irei a pé para ser preso”.
Lula falou sobre a coletiva de imprensa feita pelo Ministério Público onde, segundo ele, não apresentaram nenhuma prova sob o argumento de “não tenho prova mas tenho convicção”. O ex-presidente citou a aeronave que supostamente pertence ao senador Aécio Neves, onde foram encontrados centenas de quilos de droga. “Eles sabiam e tinha prova de um helicóptero com 400 kg de cocaína, eles tinham prova do helicóptero, mas não tinham convicção, ai liberaram”, ironizou.
O ex-presidente pediu atenção daqueles que compõem o Ministério Público: "Você não pode permitir que meia dúzia de pessoas estraguem o histórico de uma instituição tão importante neste país".
Durante seu dicurso, Lula pediu, por diversas vezes, respeito por sua família e disse que “só Deus pode me fazer parar pelo que eu acredito. Eu tenho uma razão e motivação”.
O petista voltou a afirmar que não cometeu nenhum crime, mas que caso venha a fazê-lo deverá ser punido. "Quando eu transgredir a lei, me punam para servir de exemplo. Mas quando eu não transgredir, procurem outro para criar problema", disse.
Contudo, Lula afirmou que não vai “perder o sono” diante das acusações. “Quem vai perder o sono é quem acha que eu vou perder o sono. Continuem escrevendo, continuem falando, a história apenas começou. Alguns pensam que ela terminou. E eu vou viver muito. Estou com 70 anos, com vontade de viver mais 20. Por isso que eu estou me preparando, eu ainda estou inteiro”, afirmou.
Lula declarou que se seus aliados tiverem dúvidas, que o procurem que ele irá ajudar e finalizou seu pronunciamento dizendo: “a perseguição à mim é por causa das coisas boas que nós conseguimos fazer por esse país”.
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