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Teresina - Piauí

Entenda como agiam os PMs presos na Operação Largitio em Teresina

Como modo para coagirem os criminosos a pagarem algum valor financeiro, os policiais iam presencialmente em bocas de fumo, onde armas de fogo e entorpecentes eram levados.

O delegado titular do 21º Distrito Policial (DP), Odilo Sena, deu detalhes de como agiam os policiais militares que foram presos e policiais civis que ainda sendo investigados na Operação Largitio, que visa apurar a acusação de envolvimento deles no tráfico de drogas da zona sudeste de Teresina.

De acordo com o delegado Odilo Sena, as investigações sobre os casos tiveram início a partir prisões que tinham ligações com os policiais envolvidos, o que começou a prejudicar o trabalho da Polícia Civil na região de atuação do 21º DP e do 8º Batalhão da PM.


“Vinham ocorrendo prisões corriqueiras, só que quando nós chegamos com o início das investigações da operação, nós percebemos que essas prisões tinham ligações, uma mesma forma de atuação e por vezes nosso trabalho era prejudicado. Começamos a perceber que tinha policial envolvido, ouvimos viciados, que policiais militares e civis que tinham envolvimento no tráfico que extorquiam. Mesmo com as dificuldades, enfrentamos junto com o 8º BPM e com isso iniciamos as investigações”, informou.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Odilo Sena Odilo Sena

Como agiam os policiais envolvidos

As investigações da Polícia Civil deram conta que os policiais realizavam extorsões contra os traficantes na localidade, onde era feita a apreensão indevida de materiais frutos de roubos na região do 8º Batalhão da Polícia Militar e do 21º Distrito Policial.

“Os envolvimentos deles eram principalmente com extorsão, que tinham como vítimas os traficantes, também os viciados. Quando populares eram roubados, os policiais abordavam esses ladrões, esses traficantes até mesmo na própria boca de fumo e os materiais que eram encontrados, como máquinas, celulares, dinheiro eram arrecadados por esses policiais e não prestavam contas como todo o policial deveria fazer”, informou.

Valores cobrados

Como modo de coagirem os criminosos a pagarem algum valor financeiro, os policiais iam presencialmente em bocas de fumo, onde armas de fogo e entorpecentes eram levados e assim que os policiais conseguiam receber o pagamento cobrado, o material voltava a circular na criminalidade.

“Os traficantes eram constrangidos a pagarem algum valor para eles, ou eram presos. Então era um círculo vicioso, as armas eram tiradas e colocadas de novo à disposição do tráfico e muitas vezes, as informações da Polícia Civil e da PM eram divulgadas, com isso as operações eram falhadas, pois eles tinham informações privilegiadas. Os valores das extorsões eram dos mais variados, R$ 50, R$ 200, R$ 500 e, às vezes, eram em próprio entorpecente, armas”, ressaltou.

  • Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Odilo SenaDelegado Odilo Sena

Policiais civis envolvidos

A Polícia Civil chegou a tomar conhecimento dos policiais civis envolvidos quando foram presos dois PMs do 8º Batalhão na Operação Largitio. As informações sobre os agentes foram encaminhadas para a Corregedoria da Polícia Civil do Piauí.

"Como envolve policial, esse é o tipo de investigação é o pior tipo que a gente pode fazer. Além de ser um colega que trabalha conosco no dia-a-dia, arrisca a vida junto com a gente, é uma situação extremamente constrangedora, extremamente difícil para mim, para o comandante, é um negócio difícil para caserna, para a delegacia, é extremamente ruim”, disse.

Entenda o caso

Foram presos os cabos Edvaldo Gomes da Silva e Francisco Vieira Lima, lotados no 8º Batalhão da Polícia Militar (BPM), no bairro Dirceu Arcoverde, na zona sudeste de Teresina.

Segundo investigações da Polícia Civil, comandadas pelo delegado Odilo Sena, do 21º Distrito Policial (DP) as investigações tiveram início em março deste ano. Os dois policiais são acusados de roubo, associação ao tráfico e furto. “Eles foram presos por uma série de crimes, roubo, associação para o tráfico, furto, enfim. A capitulação ainda vai ser delimitada no relatório, todos cometidos em razão do serviço deles, usando farda e tudo mais. Eles quebram bocas de fumo para que o outro traficante aumentasse seu domínio e recebiam por isso”, explicou.

A Corregedoria da Polícia Militar e comando do 8° Batalhão participaram do cumprimento dos mandados. Os dois cabos foram encaminhados para o Presídio Militar.

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