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Saúde

Doria anuncia plano de vacinação de São Paulo contra a covid-19

Governador detalha em coletiva de imprensa grupos prioritários para receber Coronavac; aplicação, no entanto, ainda depende de resultados de eficácia e posterior registro da Anvisa.
Por Estadão Conteúdo

O governador João Doria anunciou nesta segunda-feira, 7, que a vacinação contra a covid-19 terá início em 25 de janeiro no Estado de São Paulo com a imunização de idosos, profissionais de saúde, indígenas e quilombolas. A vacina utilizada na campanha paulista será a Coronavac, desenvolvida pela biotech chinesa Sinovac e que será produzida pelo Instituto Butantã.

A aplicação, porém, está condicionada à apresentação dos resultados de eficácia da vacina, o que ainda não ocorreu, e ao posterior registro do produto na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Butantã promete divulgar os dados de eficácia até 15 de dezembro e entrar de imediato com pedido de registro.


Os critérios de priorização se assemelham aos anunciados na semana passada pelo Ministério da Saúde (veja mais abaixo), mas, no caso da campanha federal, a previsão de início é para o mês de março e a vacina utilizada deve ser a da Universidade de Oxford/AstraZeneca, que teve falhas em seus estudos clínicos e pode ter a aprovação adiada.

Entre os grupos priorizados no Estado de SP, os primeiros imunizados, a partir de 25 de janeiro, serão os profissionais de saúde, indígenas e quilombolas, num total de 1,5 milhão de pessoas. Serão duas doses por pessoa, com intervalo de 21 dias entre elas.

A partir do dia 8 de fevereiro, serão imunizados os idosos com 75 anos ou mais. Na semana seguinte, a partir do dia 15 de fevereiro, será a vez dos idosos entre 70 a 74 anos. A partir de 22 de fevereiro, receberá a imunização a faixa etária de 65 a 69 anos. Por fim, no dia 1º março, começarão a ser vacinados os indivíduos de 60 a 64 anos. No grupo de idosos, serão 7,5 milhões de imunizados. Doria não informou como será a vacinação dos demais grupos de risco da covid-19, como portadores de doenças crônicas.

O governo disse que não será necessário comprovar residência no Estado para tomar a vacina, mas não explicou o que planeja fazer caso São Paulo receba um grande volume de pessoas de outras localidades num movimento que já está sendo chamado de "turismo de vacina".

"São Paulo é do Brasil. Somos parte do País. Não vamos segregar pessoas. Se precisar, compraremos mais doses. O que desejamos é que o plano de vacinação seja antecipado e que inclua todas as vacinas e não a vacina de preferência do Presidente da República ou do Palácio do Planalto", disse Doria.

Outros Estados receberão 4 milhões de doses da Coronavac

O Butantã tenta, há meses, firmar acordo com o Ministério da Saúde para que a vacina seja incluída no Programa Nacional de Imunizações (PNI) e aplicada em todos os Estados. O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chegou a anunciar a compra da Coronavac no final de outubro, mas foi desautorizado no dia seguinte por Bolsonaro.

Mesmo sem participar de um programa nacional, Doria afirmou que serão disponibilizadas 4 milhões de doses da vacina a outros Estados para a vacinação de profissionais de saúde. Ele disse que oito unidades da federação já manifestaram interesse em receber a Coronavac, mas não divulgou os nomes dos Estados.

O secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, explicou também que pessoas que já tiveram covid-19 e façam parte dos grupos prioritários também serão vacinados. "Todos receberão a vacina, até porque muitos tiveram casos leves, assintomáticos", disse.

De acordo com o governo, além dos 5,6 mil postos de vacinação existentes no Estado, poderão ser usados para imunização escolas, quartéis da PM, terminais de ônibus, estações de trem, farmácias e postos drive-thru, o que elevaria para 10 mil os pontos de vacinação. Os locais funcionarão de segunda a sexta, das 7h às 22h, e aos sábados e domingos, das 7h às 17h.

O governo vai envolver 54 mil profissionais de saúde na campanha de vacinação. Além disso, 25 mil policiais farão a escolta dos imunizantes e a segurança dos locais de imunização.

Membro do Centro de Contingência contra o Coronavírus do Estado de São Paulo, João Gabbardo disse que as clínicas privadas de vacinação poderão participar da campanha, contanto que sigam as regras de priorização do Estado e apliquem o produto de forma gratuita.

"Não será para fazer atendimentos aos seus clientes, será para uso na população em geral. Não existe a possibilidade de utilização dessa vacina, neste momento, de forma particular, até porque, se entrarmos com o pedido de uso emergencial, esse é um dos critérios, que se use em programa público de vacinação", disse.

O acordo entre o Butantã e a Sinovac prevê o recebimento, ainda neste ano, de 6 milhões de doses prontas do imunizante e matéria-prima para a produção local de outras 40 milhões de doses. Em 2021, serão importados insumos para a fabricação de mais 14 milhões, totalizando 60 milhões de unidades, o suficiente para imunizar 30 milhões de pessoas.

A previsão do governo é que, a partir de 2022, a vacina seja integralmente produzida no Butantã, após concluído o processo de transferência de tecnologia entre Sinovac e o instituto.

Cronograma do ministério prevê início da campanha em março

Na semana passada, o Ministério da Saúde divulgou um plano preliminar de vacinação contra a covid com início da vacinação previsto para março de 2021. Por enquanto, a pasta tem garantido o fornecimento de 100 milhões de doses do imunizante produzido pela AstraZeneca e Universidade de Oxford e outros 42 milhões vindos da Covax Facility, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Idosos com 75 anos ou mais, profissionais de saúde e indígenas serão os primeiros a ser vacinados contra a covid-19 no País, segundo o cronograma do ministério. Segundo o órgão, a campanha será realizada em quatro fases principais. Na primeira, seriam vacinados cerca de 14 milhões de pessoas. Além dos idosos com 75 anos ou mais, indígenas e profissionais de saúde, serão imunizados nessa primeira fase também idosos acima de 60 anos que estejam em instituições de longa permanência.

Para essa fase, a pasta estima a necessidade de 29,4 milhões de doses, considerando duas para cada pessoa e mais 5% de perda estimada. A estimativa é que a primeira fase dure cinco semanas.

Na segunda fase, serão vacinados todos os brasileiros com mais de 60 anos, que serão escalonados dos mais velhos para os mais jovens. O primeiro grupo da segunda fase serão idosos entre 70 e 74 anos, seguidos pelas faixas etárias de 65 a 69 anos e 60 a 64. Serão cerca de 21 milhões de vacinados nesse grupo.

Na terceira fase da campanha, serão imunizadas pessoas maiores de 18 anos com as seguintes comorbidades: diabete, hipertensão arterial, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), doença renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, transplantados de órgãos sólidos, pacientes com anemia falciforme, câncer (com diagnóstico nos últimos cinco anos) e obesidade grave (IMC acima de 40). A estimativa para essa fase é vacinar 12,6 milhões de pessoas.

Por fim, na quarta fase da campanha, receberão a proteção trabalhadores de áreas consideradas essenciais: professores do nível básico ao superior, profissionais de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional, além da população carcerária. Os grupos somam cerca de 4 milhões de pessoas.

Para as quatro fases, o ministério estima imunizar cerca de 51 milhões de brasileiros. Não há definição ainda de como será a vacinação do restante da população.

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