Governadores e secretários de Saúde do País cogitam a possibilidade de se unirem em um consórcio, para financiar e distribuir a Coronavac, assim que houver a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A ideia ganha força diante da possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro ignorar a vacina contra a covid-19, hoje em desenvolvimento pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantã, por causa da e disputas políticas com o governador João Doria (PSDB) e o país de origem do imunizante. O produto está em fase três de testes, com humanos, a última desse tipo de estudo.
A ideia ainda embrionária, porém, esbarra na dificuldade de se conseguir os recursos necessários para a realização do plano sem o apoio do governo federal. Representantes da gestão Doria pediram aporte de R$ 1,9 bilhão ao Ministério da Saúde no projeto, mas o valor total pode ser maior do que isso.
ionou a bancada paulista na Câmara para isso, como revelou o Estadão/Broadcast na época. Em reunião virtual com os deputados, o tucano disse que não poderia haver uma corrida da vacina e nem politização sobre o assunto. O tucano considerou injusto e uma discriminação que a MP destinasse todo o dinheiro apenas para a Fiocruz e nada para o Butantã.
O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), admite que a ideia do consórcio já foi cogitada, mas acredita que haverá outra solução antes disso. “Acho que Bolsonaro está isolado e vai perder essa guerra disparatada. Tudo dependerá da validação das vacinas em nível internacional. Só teremos um cenário mais claro quando as agências reguladoras dos Estados Unidos, da União Europeia, do Japão e da China se posicionarem. E começar vacinação em massa em outros países. Então haverá argumentos suficientes para até mesmo recorrer ao Poder Judiciário”, disse Dino ao Estadão/Broadcast.
Nesta quarta-feira, 21, em vista a Brasília, o diretor do Butantã, Dimas Covas, disse que, caso a vacina seja aprovada pela Anvisa, os 46 milhões de doses estarão disponíveis para imunização dos brasileiros quer o governo federal decida pela sua aquisição - para incorporação ao Plano Nacional de Imunização (PNI) - ou não. “A questão será o financiamento. Neste momento é uma questão crítica porque obviamente essas vacinas têm custo”, disse Covas. “Resta saber quem irá financiar as vacinas”, completou. Indagado sobre a possibilidade de consórcio também na quarta, Doria disse que, neste momento, o objetivo é que a vacina seja adquirida pelo Ministério da Saúde e distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde.
Deputada prevê destinar verba ao Butantã
Indicada para relatar a medida provisória da Fiocruz, a deputada Mariana Carvalho (PSDB-RO) disse ao Estadão/Broadcast que deve acatar emendas para destinar parte do recurso ao Butantã. “Entendemos e já conversamos com os deputados que o mais adequado é que tenha recurso específico para o Butantã”, disse. Carvalho é da ala do governador Doria e acompanhou as reuniões do tucano na quarta em Brasília.
A MP foi assinada em agosto por Bolsonaro para viabilizar a compra, processamento e distribuição de 100 milhões de doses de vacina contra a covid-19. A medida é válida desde que foi assinada pelo presidente, mas ainda passa pelo Congresso e pode ser alterada pelos parlamentares até o dia 3 de dezembro. Nesse caso, uma mudança ainda precisaria da sanção de Bolsonaro. Os deputados Vinicius Poit (Novo-SP) e Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) apresentaram emendas à MP para destinar parte dos recursos ao Butantã.
Uma das emendas, apresentada por Poit, coloca R$ 997,480 milhões do crédito extraordinário para o Butatã. A sugestão de Jardim, por outro lado, é destinar R$ 500 mil para São Paulo. "Queremos que a abrangência seja mais geral, que haja uma abertura para não ter nenhuma caracterização ideológica e política disso. Esperamos que um pouco de sensatez se estabeleça", afirmou Jardim, líder do Cidadania na Câmara.
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