Gestores de empresas têm demonstrado preocupação com o crescimento do número de casos do novo coronavírus no Brasil e no mundo. Diante da incerteza sobre o avanço da doença e as consequências econômicas, é preciso estar prevenido contra possíveis interrupções de fornecimento de matéria-prima, afastamento de funcionários e instabilidade do mercado.
Para o sócio da assessoria de riscos da Deloitte, Anselmo Bonservizzi, muitas empresas brasileiras não estão suficientemente preparadas para o agravamento da crise. “Essas empresas talvez não tenham se preparado ainda, estão esperando algo acontecer, como um caso de contaminação na equipe. O fato é que todas elas já deveriam estar preparadas, inclusive aplicando protocolos de conduta em alguma extensão”, afirma.
Bonservizzi explica que a preparação para medidas mais duras de combate ao vírus, como um eventual decreto de quarentena, é essencial para manter a coesão interna da empresa e resolver problemas sem desespero: “Não é uma questão de excesso (de precaução), é uma questão de preparação, de entender a situação e tratá-la com a maior serenidade possível. Não é um momento de pânico, é um momento de preparação”.
A Deloitte divulgou uma coletânea de conteúdos (em inglês) para empresários lidarem com a crise e reduzirem eventuais prejuízos econômicos nas companhias. Além disso, o assessor de riscos dá orientações para que empresários possam lidar com a crise.
6 dicas para lidar com a crise do coronavírus dentro das empresas
1. Proteja os seus funcionários
Bonservizzi sugere a criação de protocolos para segurança dos funcionários e adoção do trabalho remoto como alternativa na dinâmica da empresa. “Num caso mais grave, vamos imaginar se o governo toma alguma medida drástica de detectar uma quarentena: todas as pessoas vão ter que ficar em casa. Então, o trabalho remoto hoje está sendo cada vez mais incentivado por diversos motivos. As empresas precisam estar preparadas para trabalhar de forma remota, mas muitas delas não estão”, afirma.
2. Monte uma equipe de emergência
A Deloitte indica a formação de um time preparado para solucionar questões relacionadas à crise. A equipe tem de estar preparada para falta de dirigentes da empresa, por exemplo. “É importante que tenha um ponto focal para coordenar as ações da empresa, e não adianta deixar isso espalhado entre os funcionários. Na maioria dos planos de sucessão, eu penso na falta de individual do presidente, de um diretor. ‘Mas se faltar mais de um, como fica empresa? E se faltarem funcionários-chave para o desenvolvimento da atividade, como fica minha atividade econômica?’ Esse time deve estar preparado para solucionar questões assim”, diz Bonservizzi.
3. Avalie a estabilidade da condição financeira
Para o assessor, os gestores devem se prevenir caso ocorra um período longo de crise econômica por causa da propagação do coronavírus. “Como a gente não sabe o horizonte do vírus, quanto tempo isso vai ficar na nossa economia, os diretores devem se perguntar: ‘qual é a liquidez financeira que eu tenho para suportar ou atravessar esse período que virá à frente?’ De forma que se consiga enxergar e dizer, por exemplo: ‘eu tenho caixa suficiente para três meses, será que eu vou precisar de linha de crédito? É hora de contratar ou não?’, entre outras questões”, afirma.
4. Avalie a situação dos fornecedores
Bonservizzi aconselha que as companhias definam alternativas para a eventual falta ou paralisação de um ou mais fornecedores envolvidos na atividade econômica. “Tenho visto várias empresas preocupadas com sua cadeia de suprimentos. Quais são os planos que essas empresas e seus fornecedores possuem para manter a atividade funcionando? Essa é uma questão bastante importante e muitas das empresas têm um certo grau de preparação para isso, mas dado o número de empresas que podem ter problemas, a extensão do impacto me preocupa. Um único fornecedor pode ser um grande problema para você”, afirma o representante da Deloitte.
5. Defina a estratégia de relacionamento com clientes
Em casos que a crise afete a entrega de produtos e serviços, o consultor defende a priorização de clientes e o estabelecimento de um canal eficaz para minimizar as perdas. “Por exemplo: ‘Será que vou ter que priorizar alguns clientes no lugar de outros? Quais serão os critérios para que isso seja feito?’ É um ponto bastante essencial, porque pode envolver escolhas que causam impactos muito grandes para você lá na frente. É muito importante avaliar o que se pode ou não fazer neste momento”, diz Bonservizzi.
6. Teste os protocolos desenvolvidos
O assessor de riscos sugere que as empresas testem os protocolos para identificar possíveis falhas e melhorias, como a organização do trabalho remoto. “As empresas precisam praticar esses planos: o trabalho remoto, a cadeia de fornecedores, o ponto de liquidez. Se você não praticar desde agora, você não vai identificar os gargalos do processo, e o plano vai provavelmente falhar na hora H. Você pode se preparar muito, se você não praticar, não testar, você não poder saber se realmente funciona ou não.”
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