Amadeu Campos critica Firmino Filho e formação de blocão

O jornalista e pré-candidato a prefeito de Teresina, Amadeu Campos (PTB), visitou a sede do GP1. Na ocasião, ele discorreu sobre diversos assuntos que vão do âmbito nacional ao local.
Ao pedir para que analisasse os desarranjos políticos nacionais o apresentador disse que não pretendia entrar no que ele chamou de FLA-FLU do PT e do PSDB.

Quando indagado a respeito do cenário eleitoral de Teresina, Amadeu criticou a administração do prefeito, Firmino Filho (PSDB), além, da formação de “um blocão” na base da administração municipal.

GP1: Porque decidiu aceitar a missão de se candidatar a prefeitura de Teresina?

Amadeu Campos: Pela visibilidade como jornalista e apresentador há mais de trinta anos, a gente sempre é convidado pelos políticos para participar. Bem como desde pequeno, eu aprendi com o meu pai, a gostar do movimento político. Na minha profissão eu acompanho e a gente se apaixona pela política. Mas nunca havia encontrado um momento de entrar. No entanto, dessa vez com os convites do senador Elmano Ferrer e do deputado Fábio Abreu, eu decidi encarar, pois é a vontade clara de se ter um nome novo. O meu nome na visão deles seria para a renovação política que é tão necessária. Elmano era o candidato natural para enfrentar o prefeito e como senador ele disse que não poderia virar as costas para 700 mil que votaram para que ele os representasse oito anos em Brasília. Daí, ele disse que não ia ser candidato e propôs que eu aceitasse essa missão. Eu conversei com a minha família com a empresa e ele falou com todo o partido, então eu disse que topava o desafio. Agora a gente está na construção dessa pré-candidatura.

GP1: Reunião recente que teve com o ex-senador João Vicente Claudino serviu para tratar a respeito de uma eventual insatisfação dele com sua pré-candidatura?

Amadeu Campos: No dia que eu defini com o senador Elmano a minha entrada, tive contato com ele por telefone. O ex-senador saudou o meu ingresso no partido e disse que era um momento de alegria, até pela renovação política. Eu manifestei que era importante porque o ex-senador, que é um homem atarefado pelas questões empresariais, tirou um espaço para se dedicar a política.

Ele construiu esse PTB forte que tomou outra dimensão no Piauí e hoje é um dos mais importantes graças ao trabalho dele que gosta de participar mesmo não estando na linha de frente. Na sequência, quando conversei com ele, recebi várias sugestões, como o que ele acha da conjuntura atual. Eu gostaria demais de contar com ele, inclusive, nessa orientação de campanha. João Vicente tem experiência política. Eu fiquei contente com a conversa que tive com ele, e sempre que for possível, quero ouvi-lo novamente.

GP1: O senhor também esteve reunido com o governador Wellington Dias. Isso reforça que seu vice será do PT?

Amadeu Campos: O poder tem uma força de atração grande. O prefeito conseguiu o apoio de muitos políticos, muitos partidos. O lado de lá é bem grande. Lembrei daquele blocão citado na eleição de 2012. Esse blocão foi refeito só que agora em outro campo. Portanto, eu não tenho como fazer diálogos com os partidos que estão lá. O meu diálogo será no campo da oposição, com todos os partidos que não estão no blocão.

Estou conversando com PTC, PMN, PSC, PHS, PV, PT, PROS e todos oposicionistas. Por isso, não podia ser diferente com o PT que tem uma grande militância e tem o comando regional do governador Wellington Dias. Claro que eu gostaria de tê-los me apoiando, no entanto, eu tenho que respeitar que eles têm um pré-candidato que é Junior MP3. Como somos do campo da oposição, ficou acertado com o governador que como o PTB é da base do governo, deveremos estar jutos nessa eleição, seja num primeiro ou em um eventual segundo turno. Que a gente construa essa unidade das oposições. Então, minha conversa com o governador foi principalmente para construir isso, com um programa para Teresina.

GP1: Quando será definido um nome para compor como vice em sua chapa?

Amadeu Campos: Como a legislação mudou e a convenção será de 20 julho a 5 de agosto, ou seja, praticamente seis meses da data das convenções é cedo para se falar em chapa e candidato a vice. Até porque são as pré-candidaturas sendo construídas e não existe ainda uma definição.

A gente vai alinhavar isso. Na dinâmica da campanha é que vamos saber quais serão os partidos que estarão conosco, com a minha pré-candidatura.

GP1: O senhor chamou de blocão a reunião de partidos ao lado de Firmino Filho. O prefeito comete um erro ao reeditar o cenário das eleições de 2012 quando o então prefeito, Elmano Férrer, tinha o apoio de muitas legendas?

Amadeu Campos: A gente tem muita dificuldade de interpretar porque é a minha visão, mas pode não ser a da população. Então, a gente tem que aguardar como é que o povo vai enxergar essa composição. São as urnas que vão dizer. Até porque eu respeito todos os partidos que fizeram a composição de marchar com o prefeito. Isso foi feito legitimamente, foi a opção deles e a gente tem que respeitar. Porém, eu acho errado querer sufocar as outras manifestações. Quanto mais opções a gente der para comunidade, melhor. Se a Câmara tem 29 vereadores faça uma conta de quantos já estão do lado de lá. Mas quero contar com os que não estão.

GP1: Como tem analisado o cenário político atual?

Amadeu Campos: Eu percebo uma crítica forte e até um descredito com a classe política que a gente não pode ter. A solução do país esta dentro da constituição. Os partidos são instrumentos da renovação, onde o povo legitima lideranças no executivo e legislativo para fazer mudanças que são necessárias. Se políticos erram, que eles paguem independente dos partidos a qual eles pertençam. Mas, não é porque eles erraram que vamos ignorar a política e virar as costas. Quando a gente delega aos maus o fazer político, são eles que vão nos administrar. Gerir nossos destinos.

GP1: É favorável ao pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff?

Amadeu Campos: Eu acho que o Brasil de 94 pra cá foi criado o FLA-FLU, do PT com o PSDB. Isso foi uma briga do estado de São Paulo que irradiou para o país todo. Eu pergunto? Interessa que o PT e o PSDB se desentendam e joguem para a população? Não pode ser assim, não há só esses dois partidos. Há o PTB que tem sido alternativa, mas há outras vertentes políticas que tem que se manifestar e entrar como alternativas. Então, eu não vou entrar no FLA-FLU do PT e do PSDB. Acho que a responsabilidade sobre os ombros dos políticos é muito grande. Eles têm que dar calma ao país. Eles brigam, mas quem está sofrendo é a população com desemprego, a falta de oportunidade, com a queda da no PIB da economia, enfim. Isso não pode continuar assim, pois o foco foi desviado do interesse público para o particular.

GP1: Como analisou o aparecimento de piauienses na lista de políticos que receberam dinheiro da Odebrecht?

Amadeu Campos: Isso faz com que crie dúvidas nas cabeças das pessoas e fica uma interrogação muito grande: Poxa será que isso é verdade? Como um político estava numa planilha da Odebrecht ao longo de anos. Uma empresa que é alvo da Lava Jato? O que eu queria como cidadão, independente de agora está entrado no encaminhamento político, mas como cidadão, é que a Lava Jato, o Ministério Público e a Justiça esclarecessem se esse dinheiro é ou não legal. A avaliação é da população. O povo vai julgar. Como sou parte interessada, qualquer julgamento vai parecer que estou falando porque estou disputando contra ele.

GP1: Qual sua avalição a respeito das pesquisas que o colocam bem posicionado na disputa pela Prefeitura de Teresina?

Amadeu Campos: Eu já tive informações não só do meu partido. Mas como de outros partidos também que se baseiam muito em pesquisa. E o que me passam é que em todas elas eu cheguei aos dois dígitos rapidamente. Isso me anima e o meu contato com as pessoas e a forma como me abordam, muitas vezes voluntariamente, me confirma que o que está registrado nos números é real. Só me dá ânimo para caminhada.

GP1: Que mensagem gostaria de deixar para os teresinenses?

Amadeu Campos: Gostaria de dizer que ofereço meu nome como alternativa para que Teresina se modernize, se renove. Hoje a gestão é lenta. Teresina, se comparar com outras capitais, está muito acanhada, não avançamos. A gestão está andando um pouco amarrada e tem que destravar. O próprio senador Elmano, quando prefeito, mostrou que pode fazer. Até a entrada do Elmano, só tínhamos viadutos ferroviários. O primeiro viaduto rodoviário que, é o da Higino Cunha, feito pelo senador. É um exemplo. Outra coisa, Teresina até hoje não tem um aterro sanitário. Acho que falta velocidade a gestão, resolver mais rápido e avançar. O senador mostrou que dá pra fazer. Se minha candidatura for confirmada e se Deus e o povo me derem oportunidade, eu vou fazer.