Cerca de 100.000 ucranianos cruzaram a fronteira para a Polônia desde o início do ataque russo, anunciou o vice-ministro polonês do Interior, Pawel Szefernaker, neste sábado, 26. ONU alerta que fluxo de migrantes para os países vizinhos à Ucrânia deve aumentar se a situação continuar a piorar e pede para que fronteiras fiquem abertas.
Segundo ele, 90% dos migrantes têm onde dormir, seja em casas de amigos, ou de familiares. Os demais serão recebidos em centros de acolhimento que serão instalados perto da fronteira. Lá, receberão comida e assistência médica, terão um lugar para dormir e contarão com um centro de informações sobre os procedimentos que precisam realizar.
O diretor da Polícia de Fronteiras, Tomasz Praga, acrescentou que apenas na sexta-feira cerca de 50.000 pessoas cruzaram a fronteira. As cifras foram passadas a jornalistas durante coletiva de imprensa do premiê no posto fronteiriço de Medyka, no sudeste da Polônia.
Fotos e vídeos mostraram pessoas com pequenas malas chegando aos pontos de fronteira de pedestres. Um dia antes, imagens de drones mostraram um tráfego de quilômetros de extensão no lado ucraniano da fronteira com a Polônia, e muitas pessoas abandonaram seus carros para fugir a pé.
Alguns migrantes caminharam muitos quilômetros durante a noite, enquanto outros fugiram de trem, carro ou ônibus, formando filas de quilômetros de extensão nas passagens de fronteira. Eles foram recebidos por parentes e amigos que os esperavam ou seguiram por conta própria para centros de recepção organizados pelos governos.
A Polônia, onde cerca de 1,5 milhão de ucranianos viviam antes da invasão, expressou um forte apoio a Kiev. Até agora, o país recebeu a maior parte dos deslocados. As autoridades polonesas projetam que o país poderia ver até um milhão de ucranianos chegando no caso de uma invasão em grande escala.
"De acordo com a última atualização, 116.000 fugiram para países vizinhos desde 24 de fevereiro, principalmente para Polônia, Hungria, Moldávia, Eslováquia e Romênia", informou o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), neste sábado, no Twitter. "Os números estão aumentando." A agência espera que até 4 milhões de ucranianos possam fugir se a situação piorar ainda mais.
Os ucranianos podem entrar na União Europeia sem visto.
A Polônia declarou sua fronteira aberta a ucranianos em fuga, mesmo para aqueles sem documentos oficiais, e abandonou a exigência de apresentar um teste covid-19 negativo. “Ajudaremos a todos”, disse a Agência de Fronteiras da Polônia. “Não vamos deixar ninguém sem ajuda.”
No sábado, a Polônia enviou um trem hospitalar para buscar os feridos na guerra em Mostyska, no oeste da Ucrânia, e levá-los à capital polonesa de Varsóvia para tratamento. O trem-hospital saiu da cidade fronteiriça de Przemisl e tem cinco vagões para transportar os feridos e quatro outros abastecidos com ajuda humanitária para o distrito de Lviv, na Ucrânia.
Os que chegaram eram principalmente mulheres, crianças e idosos depois que o presidente ucraniano Volodmir Zelenski proibiu na quinta-feira homens em idade militar de 18 a 60 anos de deixar o país. Alguns homens ucranianos estavam voltando para a Ucrânia da Polônia para pegar em armas contra as forças russas.
Premiê pede mais apoio e sanções
O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, viajou para a Alemanha para um encontro com o chanceler Olaf Scholz o presidente lituano Gitanas Nauseda. Lá, ele pediu que a Alemanha deixe de lado o "egoísmo" e ofereça apoio substantivo ao povo da Ucrânia.
"Nada vai parar Putin se não formos suficientemente decisivos", disse Morawiecki em Berlim. “Este é um momento muito histórico, não temos tempo a perder.”
Morawiecki disse que a ajuda da Alemanha até agora - de capacetes militares, não de armas - está muito longe do que é necessário para ajudar a Ucrânia a se defender. “Que tipo de ajuda foi entregue à Ucrânia? Cinco mil capacetes? Isso deve ser uma piada”, disse.
Ele acrescentou que as sanções à Rússia precisam ser “esmagadoras”, pedindo a exclusão do país do sistema financeiro global Swift, e medidas visando o próprio Putin, os oligarcas que o apoiam e os negócios russos de forma mais ampla.
Na última sexta-feira, 25, a União Europeia concordou em congelar os bens de Vladimir Putin e seu chanceler Serguei Lavrov. A Casa Branca também prometeu impor sanções econômicas e restrições de viagem aos dois, em uma rara, mas não sem precedentes, medida americana de impor penalidades a um chefe de Estado.
Consequências humanitárias devastadoras
Na quinta-feira, quando a Rússia lançou o seu primeiro ataque contra a Ucrânia, promovendo incursões por terra, ar e mar, a Acnur alertou para as "consequências humanitárias devastadoras" do conflito.
"Não há vencedores na guerra, mas inúmeras vidas serão dilaceradas. Já temos relatos de vítimas e pessoas começando a fugir de suas casas em busca de segurança”, afirmou o Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, por meio de nota oficial.
O chefe da agência pediu aos países vizinhos que mantenham as fronteiras abertas para as pessoas que buscam segurança e proteção, respondendo a qualquer situação de deslocamento forçado.
No terceiro dia de ataques à Ucrânia, as tropas russas tentam tomar a capital Kiev, mas encontrou resistência das forças ucranianas e da população civil. De acordo com dados do Ministério da Saúde da Ucrânia, citados pela agência Interfax, 198 pessoas morreram desde o início da invasão russa, incluindo três crianças. Além disso, 1.115 pessoas ficaram feridas, incluindo 33 crianças.
Por toda a Ucrânia, as pessoas se amontoaram em abrigos antiaéreos, fizeram fila em caixas eletrônicos e estocaram itens essenciais. O Reino Unido disse que a maioria das forças russas está a cerca de 30 km do centro de Kiev.
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