O ex-presidente argelino Abdelaziz Bouteflika morreu aos 84 anos, anunciou nesta sexta-feira, 17, a TV pública citando um comunicado da presidência. O ex-presidente deixou o cargo há mais de dois anos sob pressão de protestos populares em massa e do Exército, após duas décadas no poder. O anúncio da ENTV não forneceu a causa da morte ou outros detalhes.
Bouteflika, um veterano da guerra pela independência da Argélia, renunciou em abril de 2019, após manifestações de rua rejeitando seu plano de buscar um quinto mandato. Depois de sofrer um derrame, em 2013, ele raramente era visto em público. As preocupações com seu estado de saúde, mantidas em segredo do público argelino, ajudaram a alimentar a frustração pública com seu governo, que explodiu em protestos.
Após a renúncia de Bouteflika, em uma tentativa de encerrar os protestos que exigiam reformas políticas e econômicas, as autoridades iniciaram investigações sem precedentes sobre corrupção, levando à prisão de vários altos funcionários de seu governo, incluindo o poderoso irmão e conselheiro de Bouteflika, Said.
No início de sua vida, Bouteflika lutou pela independência do governo colonial da França, negociou com sucesso com o terrorista conhecido como "Carlos, o Chacal" para libertar os ministros do petróleo feitos reféns em um ataque de 1975 à sede da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), e ajudou a reconciliar cidadãos argelinos entre si após uma década de guerra civil entre militantes muçulmanos radicais e as forças de segurança da Argélia.
Após a independência da França, em 1962, o ex-presidente se tornou o primeiro ministro das Relações Exteriores da Argélia e uma figura influente no movimento dos Não-Alinhados. Como presidente da Assembleia Geral da ONU, Bouteflika convidou o ex-líder palestino Yasser Arafat para falar ao órgão em 1974, um passo histórico em direção ao reconhecimento internacional da causa palestina. Ele também exigiu que a China recebesse um assento nas Nações Unidas e protestou contra o regime do apartheid na África do Sul.
No início dos anos 80, ele foi para o exílio após a morte do ex-presidente Houari Boumediene e se estabeleceu em Dubai, onde se tornou conselheiro de um membro da família governante do emirado. Ele voltou para casa na década de 90, quando a Argélia estava sendo devastada por uma guerra entre o Exército e militantes islâmicos armados que matou pelo menos 200 mil pessoas.
Eleito presidente em 1999, ele conseguiu negociar uma trégua com os islâmicos e lançou um processo de reconciliação nacional permitindo ao país restaurar a paz
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