A União Europeia distribuiu neste domingo, 11, doses suficientes de vacina contra o coronavírus aos Estados-membros para atingir a meta de vacinar totalmente pelo menos 70% dos adultos no bloco, mas agora enfrenta um desafio extra para inocular o continente: os imigrantes sem documentos e refugiados.
A chefe da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse em um comunicado que a UE estava a caminho de cumprir sua meta de inocular 70% dos adultos até o verão, pediu aos países da UE que aumentem as vacinas e garantiu que cerca de 500 milhões de doses serão distribuídas em toda a UE ontem. “A União Europeia manteve sua palavra, e entregamos vacinas suficientes aos Estados-membros para poder vacinar totalmente pelo menos 70% dos adultos neste mês”, disse von der Leyen em uma declaração em vídeo.
Mas os imigrantes ilegais e os refugiados representam um desafio para o continente. Estima-se que 4,8 milhões de imigrantes ilegais vivam em 32 países europeus, segundo o Pew Research Center. Estudos mostram que eles são mais vulneráveis ao coronavírus do que as populações europeias em geral. Mas muitos países os excluíram das iniciativas de vacinação – e a profunda desconfiança dos imigrantes em relação às autoridades piora o cenário.
Ao menos 64% dos adultos receberam pelo menos uma dose de uma vacina e 44% estão totalmente vacinados nos países europeus. Mas a variante Delta, indiana, que varre o continente, aumentou a urgência de vacinar o restante. Em março, a UE publicou orientações solicitando aos Estados-membros que incluam todos os imigrantes nos programas de vacinação, independentemente de seu status legal.
Mas as políticas e procedimentos de vacinação variam amplamente na Europa, e um relatório do Centro Europeu para Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) no mês passado descobriu que as baixas taxas de vacinação persistem entre os imigrantes.
“É importante abordar a questão dos imigrantes, pois é um grupo prioritário, vulnerável por causa de seus fatores de risco, suas condições de vida e de trabalho, e aumentam o perigo de espalhar uma variante mais letal e contagiosa”, disse Sally Hargreaves, especialista em saúde pública e autora do relatório.
Os temores de deportação ou pesadas contas médicas impediram alguns imigrantes sem documentos de buscar tratamento e vacina, dizem especialistas em saúde pública. Mesmo em países que tentaram incluir imigrantes sem documentos, as barreiras linguísticas e a desinformação podem estar contribuindo para a hesitação.
Grupos de direitos humanos pediram que a UE desempenhe um papel mais ativo na coordenação dos esforços dos Estados-membros para alcançar os grupos marginalizados. “Não é aceitável em países de alta renda que dezenas de milhares de pessoas fiquem de fora dos sistemas de saúde e não tenham acesso a vacinas”, disse Hargreaves. “A realidade é que estamos todos juntos nisso, ou não é?”.
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