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Belo Horizonte - Minas Gerais

"Fruto da desigualdade", justifica Amagis sobre tiro na cabeça de PM em MG

O caso aconteceu na sexta-feira (05) e o sargento da PM segue em estado gravíssimo no hospital.

A Associação de Magistrados Mineiros (Amagis) manifestou-se sobre o caso do sargento da Polícia Militar Roger Dias, de 29 anos, que foi alvejado com três tiros, sendo dois na cabeça e um na perna, durante uma perseguição no bairro Aarão Reis, zona norte de Belo Horizonte. Em nota divulgada neste domingo (07), a instituição vincula a tentativa de homicídio, orquestrada por um preso que aproveitava uma saída temporária, com a desigualdade social no Brasil.

“É lamentável vincular a tragédia experimentada pelo corajoso Sargento Dias ao Juízo que concedeu benefício previsto na Lei. Afinal, o ocorrido reflete a sociedade em que atualmente vivemos, cada vez mais violenta, armada e intolerante, recheada de ataques inexplicáveis por trás das redes sociais, não enfrentando os verdadeiros motivos da violência urbana, fruto da desigualdade social, falta de oportunidades de trabalho lícito aos egressos do sistema prisional, além da falta de perspectiva de futuro para inúmeras pessoas” diz trecho da nota da associação.


Foto: Reprodução/Redes SociaisSargento da PM baleado por homem que estava em período de "saidinha" da prisão
Sargento da PM baleado por homem que estava em período de "saidinha" da prisão

O homem que praticou a tentativa de homicídio foi identificado como Welbert de Souza Fagundes, de 25 anos. Ele recebeu o alvará de soltura da Justiça no fim de 2023 e deveria ter retornado para a prisão ainda no ano passado.

Relembre o caso

O policial militar Roger Dias, de 29 anos, junto a outros militares, perseguia um Uno que tinha sido roubado. Durante a perseguição, o fugitivo que dirigia perdeu o controle do carro e bateu no meio-fio. Os dois ocupantes do veículo fugiram a pé e os policiais se dividiram na busca pelos bandidos.

O sargento chegou a se aproximar de um homem de 25 anos. Nesse instante, deu ordem para que o fugitivo parasse e se deitasse. De repente, o homem, que estava de costas, virou-se, apontando uma arma e atirando no policial, que caiu no chão. O homem atirou mais uma vez, atingindo a perna do sargento.

Veja abaixo a nota da Associação de Magistrados Mineiros (Amagis) na íntegra.

A Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) vem se solidarizar com todos os Policiais Militares e com a família do Sargento Dias face a descomunal agressão que sofreu de um preso em saída temporária quando no exercício da sua função.

Esclarece face a comentários dissociados da realidade o seguinte: a) o acusado estava no regime semiaberto; b) o acusado tinha direito a sair diariamente para o trabalho desde novembro de 2023; c) não havia falta grave anotada em seu atestado carcerário, sendo que a acusação de furto noticiada resultou na perda do livramento condicional em meados do ano passado, porém o Ministério Público não deu inicio à ação penal resultando no relaxamento da prisão provisória. Todas as decisões mencionadas foram proferidas de modo técnico, conforme farto entendimento do TJMG e do STJ.

Esclarece, ainda, que a Lei autoriza as saídas temporárias, até cinco vezes por ano, por até sete dias cada uma, e o calendário do sentenciado foi apresentado pela direção do presídio.

O Juiz de Execução Penal não julga novamente o que levou à condenação dos sentenciados, ele acompanha o cumprimento da reprimenda buscando a reinserção do indivíduo conforme as penas já estabelecidas.

É lamentável vincular a tragédia experimentada pelo corajoso Sargento Dias ao Juízo que concedeu benefício previsto na Lei. Afinal, o ocorrido reflete a sociedade em que atualmente vivemos, cada vez mais violenta, armada e intolerante, recheada de ataques inexplicáveis por trás das redes sociais, não enfrentando os verdadeiros motivos da violência urbana, fruto da desigualdade social, falta de oportunidades de trabalho lícito aos egressos do sistema prisional, além da falta de perspectiva de futuro para inúmeras pessoas.

Belo Horizonte, 7 de janeiro de 2024

Juiz Luiz Carlos Rezende e Santos
Presidente da Amagis

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