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Timon - Maranhão

Mulher foi morta em Timon por morar em bairro comandado pelo PCC

Vítima não era faccionada, mas foi torturada e morta por estar em uma região dominada pelo Bonde dos 40.

Joycilene Nascimento Silva, 32 anos, encontrada morta no Rio Parnaíba, em Teresina, no dia 6 de setembro de 2022, foi morta somente por ter ido a uma festa em uma região comandada pela facção criminosa Bonde dos 40. A mulher, que não pertencia a nenhuma facção, era moradora de um bairro chefiado pelo PCC, grupo rival ao Bonde dos 40.

Segundo exame cadavérico emitido pelo Instituto de Medicina Legal (IML), a mulher foi torturada e jogada ainda com vida no Rio Parnaíba, onde acabou morrendo afogada.


Em entrevista do GP1 na manhã desta quinta-feira (22), o delegado Otávio Chaves, da Delegacia de Homicídios de Timon, narrou toda a trajetória da vítima desde o momento em que ela saiu de uma festa no dia 5 de setembro até o momento em que ela foi jogada no rio. Segundo o delegado, seis pessoas participaram do crime.

Foto: Reprodução/WhatsAppJoycilene Nascimento Silva
Joycilene Nascimento Silva

“A gente acredita que 6 pessoas participaram do evento, das agressões. A grande maioria já foi identificada e o mais doloroso é que a maioria são adolescentes, meninas de 15 e 16 anos e um menino de 15. Alguns já foram ouvidos e apresentados pelos advogados. Alguns confessaram ter agredido, alegaram que estavam sob efeito de álcool e drogas. O estarrecedor é que isso aconteceu pelo simples fato da vítima ser de outro bairro”, informou o delegado Otávio Chaves.

Vítima não tinha envolvimento com facção criminosa

O GP1 apurou que Joycilene Nascimento Silva não possuía envolvimento com nenhuma facção criminosa, no entanto, o bairro que ela morava era liderado pela facção criminosa PCC, enquanto o bairro que ela foi agredida era comandando pela facção Bonde dos 40.

Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Otávio Chaves
Delegado Otávio Chaves

“A vítima não tinha envolvimento com facção, não tinha passagens pela polícia, mas simplesmente por morar em outro bairro em que a facção é diferente eles resolveram agredi-la e isso culminou com a morte da vítima. Nenhum dos envolvidos é faccionado, todo mundo disse que não pertence a facção, mas nós sabemos que são pessoas com ligações com facções, que correm com a facção, que fazem uso da facção para se proteger e cometer ataques”, explicou o delegado Otávio Chaves.

Trajetória da vítima

O delegado Otávio Chaves narrou que Joycilene estava saindo de uma festa no bairro São Francisco, em Timon, quando foi abordada por um grupo de seis pessoas, composto por quatro adolescentes e dois adultos, que passaram a agredi-la.

Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Otávio Chaves, da Delegacia de Homicídios de Timon
Delegado Otávio Chaves, da Delegacia de Homicídios de Timon

“A vítima e a irmã foram para várias festividades no dia da ocorrência. Em um terceiro bar, quando estava saindo, a vítima viu um grupo de pessoas. O grupo de pessoas se aproximou da vítima e perguntou de onde ela era. Ela disse que era do bairro Pedro Patrício e o grupo disse que como ela era desse bairro ela seria de tal facção, foi aí que começaram as primeiras agressões”, relatou o delegado.

Vítima foi jogada no rio ainda com vida

Em seguida, a vítima foi levada para outros lugares, onde aconteceram mais agressões. Em determinado momento, os acusados jogaram Joycilene Nascimento Silva bastante machucada no Rio Parnaíba, em Timon. Como estava muito fraca em virtude das agressões, a vítima acabou não resistindo e morreu afogada. O corpo de Joycilene foi encontrado cerca de 24 horas depois, no Rio Parnaíba, região do Encontro dos Rios, zona norte de Teresina.

“Depois levaram a vítima para atrás de um campo de futebol. Começaram a bater, filmaram. As primeiras agressões foram ali. Após as primeiras agressões ela foi levada para uma espécie de vacaria na beira do rio. Lá tiveram novas agressões, queimaram o cabelo da vítima. Empurraram a vítima em uma ribanceira de 3 metros e desferiram vários golpes com pedaços de madeira na vítima. Em seguida a vítima foi jogada no rio. Conforme o exame cadavérico ela faleceu tanto de traumatismo craniado por conta das pancadas, como por afogamento. Ela foi jogada no rio ainda com vida”, revelou o delegado Otávio Chaves.

Autores identificados

O delegado Otávio Chaves disse ainda que tanto os adolescentes quanto os adultos que participaram do crime já foram identificados, inclusive a maioria deles já foi ouvida pela polícia.

“Dois maiores de idade já foram identificados, um já foi ouvido, negou participação, mas vai responder porque não tomou nenhuma medida para evitar. Já o outro está foragido. Os quatro menores de idade também já foram ouvidos. Algumas adolescentes confessaram ter agredido, mas supostamente o maior de idade teria capitaneado a conduta. Nós da Delegacia de Homicídios estamos ouvindo todo mundo e ao término de todos os procedimentos a parte referente aos adolescentes será encaminhada para a Delegacia do Adolescente Infrator, que vai fazer o relatório referente a conduta deles. Vamos ficar com os maiores e tomar as medidas cautelares”, completou o titular da Delegacia de Homicídios de Timon.

Os dois adultos devem responder pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e impossibilidade de defesa da vítima. Já os adolescentes devem responder por ato infracional análogo a homicídio.

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