O dólar iniciou a quinta-feira (19) com leve recuo, registrando queda de 0,33%, cotado a R$ 6,24. Contudo, a trajetória mudou rapidamente, e a moeda americana chegou a R$ 6,29. Esse movimento ocorre após a disparada de 2,82% registrada na véspera, quando fechou na maior cotação da história, a R$ 6,26. Esse foi o maior avanço percentual desde novembro de 2022, quando o dólar subiu 4,10%.
Mesmo com a nova alta, o Banco Central (BC) realizou mais uma intervenção para tentar conter o câmbio. Logo no início do pregão, promoveu um leilão de venda à vista de dólares, aceitando seis propostas que somaram US$ 3 bilhões. Essa foi a quinta ação semelhante do BC em menos de uma semana, totalizando aproximadamente US$ 5,7 bilhões.
Na terça-feira (17/12), dois leilões movimentaram cerca de US$ 3,3 bilhões, enquanto, na segunda (16/12), o montante foi de US$ 1,623 bilhão. Na última sexta-feira (13/12), foram vendidos US$ 845 milhões.
Apesar dos esforços, o real enfrenta um dos piores desempenhos das últimas duas décadas. Até segunda-feira (17/12), a moeda brasileira acumulava uma desvalorização de 21,52% frente ao dólar, aproximando-se dos níveis de 2020, durante a pandemia, quando o recuo foi de 22,44%, segundo o dólar Ptax, calculado pelo BC.
Impactos do cenário fiscal e decisões externas
O recorde de cotação registrado na quarta-feira foi influenciado pela aprovação do pacote fiscal do Governo Federal na Câmara dos Deputados. Apesar do avanço, o mercado mantém preocupações em relação ao futuro. Existe o temor de que outras medidas complementares não sejam aprovadas neste ano ou sejam desidratadas pelo Congresso, o que aumenta as incertezas no ambiente fiscal brasileiro.
Fatores externos também contribuem para a pressão sobre o dólar. A decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, de reduzir a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, deixando-a entre 4,25% e 4,50% ao ano, impactou o câmbio. Apesar do corte, o Fed sinalizou que pode adotar uma postura menos agressiva em futuros ajustes, o que reforça a busca por segurança no dólar.
Mercado segue cauteloso
A soma de incertezas fiscais internas e ajustes monetários no cenário internacional mantém o mercado financeiro em alerta. O Banco Central segue intensificando suas ações para conter a volatilidade, mas a persistência do dólar em patamares elevados evidencia os desafios do momento econômico.
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