A Justiça do Espírito Santo determinou que a família Bettim, que vive e trabalha na Fazenda Floresta e Texas há mais de 50 anos, deixe o local até 13 de fevereiro de 2025. A decisão atendeu a um pedido do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que obteve uma liminar para desapropriação da propriedade sob o argumento de improdutividade.
A disputa começou em 2010, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou a desapropriação da fazenda com base em relatórios do Incra. Apesar de os laudos técnicos reconhecerem culturas ativas de café, pimenta e mandioca, além de criação de gado, o órgão classificou o terreno como improdutivo ao considerar a propriedade como um todo, sem reconhecer sua divisão entre os membros da família. Desde então, os proprietários, com idades entre 65 e 70 anos, vêm tentando na Justiça reverter o processo.
![Incra de Lula solicita saída de famíla Bettim da própria fazenda](/media/image_bank/2024/12/incra-de-lula-solicita-saida-de-famila-bettim-da-propria-faznone.jpeg.950x0_q95_crop.webp)
Documentos obtidos pela Revista Oeste revelam que o Incra planeja transformar a fazenda em um assentamento capaz de abrigar até 45 famílias sem-terra. Segundo a liminar expedida pela 1ª Vara Federal de São Mateus, o juiz responsável determinou que apenas um membro da família Bettim poderá permanecer na propriedade, enquanto os demais, incluindo crianças e idosos, deverão deixar o local até o prazo estabelecido.
Caso haja resistência, a ordem judicial prevê a execução forçada da desapropriação. A indenização à família será paga em títulos agrários, geralmente quitados dois anos após o encerramento do processo.
Localizada em frente ao assentamento Zumbi dos Palmares, do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), a fazenda é alvo de interesse de militantes do movimento, conforme relatos da família Bettim.
![Fazenda da família Bettim](/media/image_bank/2024/12/fazenda-da-familia-bettimnone.jpeg.1200x0_q95_crop.webp)
Apesar das evidências, a decisão judicial parece encaminhar o caso para um desfecho desfavorável à família, que conta com o apoio do deputado estadual Lucas Polese (PL) na tentativa de evitar o despejo. Os proprietários já apresentaram à Justiça documentos que comprovam a produtividade da terra, incluindo escrituras, notas fiscais e registros de venda de seus produtos. Atualmente, a propriedade conta com mais de 100 mil pés de café, 5 mil pés de pimenta e 500 cabeças de gado.
Adriano Fabem Bettim, em entrevista a Oeste explicou que a divisão da fazenda foi há muito tempo, mas o Incra se recusa a reconhecer essa divisão. Ele afirma que chegou a planejar à construção de uma casa própria, mas desistiu da ideia devido a problemática. “Nossa terra tem mais de cem anos e foi repassada de pai para filho. E vai continuar assim, se Deus quiser”, também relatou Adriano.
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