O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aguarda as primeiras medidas políticas que serão anunciadas por Javier Milei, recém-eleito presidente da Argentina, para definir a estratégia de comunicação que adotará com o país vizinho.
Até o momento, o fato de Milei ter ligado para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o convidado para a sua posse, no dia 10 de dezembro, na Casa Rosada, foi observado como mais um balde de água fria pela alta cúpula do Governo brasileiro. Javier e Lula ainda não fizeram contato um com o outro, desde a eleição do argentino.
Na noite de domingo (19), o chefe do poder Executivo brasileiro manifestou-se em uma rede social, desejando boa sorte e êxito ao novo Governo argentino e ressaltou que “a Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito”, sem citar o nome de Javier Milei.
A democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada. Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica.
— Lula (@LulaOficial) November 19, 2023
Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A…
Ataques de Milei
Durante a sua campanha, Milei, que se intitula como ultraliberal, atacou várias vezes o governo brasileiro, atacou Lula pessoalmente e manteve ameaças de sanção à parceria comercial entre os dois países. Além disso, declarou que a Argentina seguiria seu próprio caminho a respeito da participação do país no Mercosul, dando a entender que sairia do grupo.
No entanto, a percepção de integrantes do Palácio do Planalto é de que Milei possa adotar uma postura mais equilibrada e pragmática após assumir o poder, já que o país vizinho é o terceiro maior parceiro econômico do Brasil no mundo e o primeiro no continente sul-americano e, portanto, trata-se de uma relação vital. Já as dúvidas em relação ao que o novo mandatário argentino fará em relação ao Mercosul permanecem.
Posturas diferentes de dois ministros brasileiros
O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta, afirmou que, se fosse o presidente Lula, apenas ligaria para Milei, após este se desculpar. "Eu [se fosse o presidente Lula] não ligaria [para parabenizar Milei]. Só depois que ele me ligasse para me pedir desculpa. Ofendeu de forma gratuita o presidente Lula, cabe a ele um gesto como presidente eleito, de ligar para se desculpar. Depois que acontecesse isso, eu pensaria na possibilidade de conversar", afirmou o ministro.
Já o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que chegou a dizer que a vitória de Milei “preocupava”, ponderou que o momento é de ponderação e disse que, agora, é melhor “aguardar”. "O presidente Lula demonstrou apreço pela democracia, [disse] que o nosso continente tem que fortalecer a democracia. Tem que aguardar os acontecimentos, agora não há muito o que comentar", declarou Haddad a respeito da publicação de Lula sobre as eleições argentinas.
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