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Obra do Metrô desmorona e faixas da Marginal Tietê são interditadas

Acidente interrompe trânsito em todas as faixas da Marginal no sentido Ayrton Senna.

Um desmoronamento foi registrado nas obras da Linha-6 Laranja do Metrô na manhã desta terça-feira, 1, e fez ceder parte do asfalto da Marginal do Tietê. O acidente fez com que as faixas da Marginal, no sentido Ayrton Senna, fossem interditadas pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) nas imediações da Ponte do Piqueri, na zona oeste da capital paulista. Segundo o Corpo dos Bombeiros, não houve vítimas - dois trabalhadores da obra foram socorridos após ter contato com a água.

Foto: Reprodução/TV GloboObra do Metrô desmorona e interdita faixas da Marginal do Tietê
Buraco se formou ao lado de canteiro de obras do Metrô.

Um buraco pode ser visto na manhã desta terça ao lado do canteiro de obras da Linha 6-Laranja do Metrô. Imagens da TV Record mostram que um fluxo de água atingiu a área e o terreno começou a ceder na região. Parte de uma das faixas da pista local da Marginal já cedeu e há risco de atingir as demais pistas. O trânsito no local está totalmente bloqueado, o que causa lentidão para quem trafega pela área.


Segundo o porta-voz do Corpo dos Bombeiros, capitão André Elias, a hipótese é de que o acidente ocorreu após um choque do tatuzão (máquina usada na escavação), mas ainda não sabe se foi atingida uma adutora ou se a água vem do leito do rio.

"A informação que nós temos é de que realmente essa máquina teria atingido alguma coisa, mas não cabe ao Corpo de Bombeiros saber realmente o que foi. Cabe à empresa que fez a obra e a toda a parte de engenharia do Metrô dar provimentos a isso", disse ele em entrevista à GloboNews.

"O que temos, do local, é de que pode ter sido o leito do rio ou de transporte de fluidos. Essa informação não temos". Todos os funcionários que estavam no local conseguiram sair após o vazamento. Dois trabalhadores, que tiveram contato com a água suja que invadiu o túnel, foram socorridos. Mergulhares chegaram a ser acionados para localizar possíveis vítimas.

A Secretaria de Transportes Metropolitanos e a construtora Acciona ainda não confirmaram a informação do rompimento de tubulação.

A STM informou que, tão logo tomou conhecimentodo incidente no poço de ventilação da Linha-6 Laranja do Metrô, determinou o isolamento de todo o perímetro e enviou uma equipe para acompanhar a apuração da causa. "As causas do acidente serão apuradas, assim como a extensão dos danos à obra e às vias locais", disse, em nota.

A CET informou que as pistas da Marginal no sentido da Ayrton Senna permanecem totalmente interditadas. Há uma canalização controlada em duas faixas da pista expressa para que os veículos atravessem o ponto da obra com segurança. Agentes de campo da companhia estão no local orientando os condutores. A CET pediu que os motoristas evitem a Marginal Tietê e as vias da região.

Dados da CET já mostram o efeito do bloqueio sobre os indicadores de lentidão no trânsito da cidade. Por volta das 10h, a lentidão atingiu a média superior do registro, com 5,9% das vias monitoradas. A Marginal sentido Ayrton Senna registra engarrafamento estimado de 7 quilômetros, o que se reflete também em outras ruas e avenidas das imediações.

Tatuzão operava no local desde dezembro e tinha previsão de percorrer 10km

O Tatuzão, equipamento de perfuração de túneis, operava no local do acidente desde 16 de dezembro. A tuneladora, nome técnico do equipamento, começou a escavação em um evento que contou com a presença do governador João Doria (PSDB). Ele partiu do VSE (poço de ventilação e saída de emergência), local do acidente desta terça-feira, e chegaria até um outro VSE na Avenida Senador Felício dos Santos, no centro.

O equipamento percorreria dez quilômetros nos próximos meses entre as estações Santa Marina e São Joaquim. Pesando 2 mil toneladas, cada Tatuzão possui diâmetro de 10,61 metros e extensão de 109 metros, de acordo com especificações da empresa responsável pela obra. Sua capacidade de perfuração é de aproximadamente 12 a 15 metros por dia.

Para a sua operação são necessárias aproximadamente 50 pessoas, divididas em três turnos de trabalho, informou a Acciona. A máquina possui refeitório, cabine de enfermagem, esteira rolante para a retirada do material escavado, além de cabine de comando e equipamentos auxiliares.

A Linha 6-Laranja do Metrô tem a previsão de interligar o bairro da Brasilândia, na zona norte, à Estação São Joaquim, na região central da capital. A obra tem 15 quilômetros de estação e previsão de construção de 15 estações. A previsão do governo do Estado é que a linha, quando estiver pronta, deverá transportar 630 mil passageiros por dia.

A obra é fruto de uma parceria público-privada (PPP) do governo com a concessionária Linha Universidade. As obras estão em execução pelo braço de construção do grupo Acciona. Depois de finalizada a obra, a Linha 6 deverá ser operada pela Linha Uni por 19 anos.

Paradas por quatro anos, desde setembro de 2016, as obras foram reiniciadas em outubro de 2020. O contrato da implantação, manutenção e operação da linha foi comprado pela empresa espanhola Acciona em 2019. Antes ele era do consórcio Move São Paulo (formado pela Odebrecht TransPort, a Queiroz Galvão e a UTC Engenharia).

Embora o contrato do consórcio anterior tenha sido assinado em 2013, as obras foram iniciadas apenas em abril de 2015 e paradas no ano seguinte. Em 2008, o Estado chegou a noticiar que a linha começaria a operar de forma parcial em 2012 e integralmente três anos depois.

Cratera de estação em Pinheiros deixou sete mortos em 2007

Em 2007, um deslizamento de terra no canteiro de obras da Estação Pinheiros, da Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo abriu um gigantesco buraco de 80 metros de diâmetro e 30 metros de profundidade na tarde do dia 12 de janeiro de 2007.

Em pouco mais de um minuto a cratera tragou tudo à sua volta: caminhões, máquinas, carros e quem passava pelo local. Sete pessoas morreram e 79 famílias tiveram que ser removidas de casas interditadas.

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