O núcleo financeiro do Primeiro Comando da Capital, o PCC, alvo da Operação Cravada deflagrada nesta terça, 6, movimentava de R$ 800 mil a R$ 1 milhão por mês. Segundo a Polícia Federal, os valores são relativos aos gastos da facção com a sustentação da ‘estrutura de rede montada em volta das cadeias’, além da aquisição de drogas e armas.
Cerca de 180 agentes da ‘Cravada’ cumprem 85 mandados – 55 de busca e apreensão e 30 de prisão – em sete estados – São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Acre, Roraima, Pernambuco e Minas Gerais. Até o momento, a PF fez 28 prisões – oito delas em presídios e duas em flagrante, durante a realização de buscas.
De acordo com a Polícia Federal, o núcleo financeiro da facção era responsável por recolher e gerenciar as contribuições em âmbito nacional. O esquema consistia na arrecadação de valores de membros, chamados de ‘rifas’, que eram cobrados de dois em dois meses e em alguns Estados do País, como uma mensalidade.
Em coletiva, o coordenador da Operação, delegado Martin Purper, afirmou que a investigação encontrou planilhas que registravam a ‘contabilidade’ da facção, inclusive com a indicação de dívidas.
Segundo o delegado, as pessoas que deixavam de pagar as contribuições eram excluídas e deixavam de fazer parte da organização, ou, por vezes, aceitavam serem ‘castigadas para serem perdoadas’ ou ainda ‘pagavam com a prática de crimes’.
O repasse do dinheiro aos líderes da organização era feito em um esquema de ‘pirâmide’, por meio de diferentes contas bancárias, indicou o delegado.
Segundo a Polícia Federal, as 418 contas ligadas à facção identificadas e bloqueadas no âmbito da ‘Cravada’, são ‘de passagem’, utilizadas para administrar valores e eram utilizadas de maneira alternada.
Os valores eram utilizados ‘para pagar a aquisição de armas de fogo e de entorpecentes para a facção, além de providenciar transporte e manutenção da estadia de integrantes e familiares de membros da organização em locais próximos a presídios’, indicou a PF.
No âmbito da operação deflagrada nesta manhã, a Justiça atendeu um pedido da investigação e determinou, se houver demanda, a interrupção de visitas para ‘impedir que os líderes da facção continuem dando ordens de dentro dos presídios’.
A medida tem relação com o método utilizado pelos membros da facção, que utilizavam bilhetes, chamados de ‘bate-bola’, para se comunicarem com os integrantes presos. Segundo Purper, os bilhetes são uma das principais formas de comunicação das facções. O delegado também indicou que nesta manhã foram apreendidos bilhetes que ainda seriam levados para dentro de unidades prisionais.
O coordenador da ‘Cravada’ também apontou que planilhas relacionadas às penitenciárias federais, ‘demonstraram que visitantes do presos recebiam valores como forma de contribuição por informações que entravam e saiam dos presídios. A apuração identificou R$ 311 mil de gastos entre os visitantes das penitenciárias federais por mês.
A Polícia Federal informou que os investigados podem responder pelos crimes de Tráfico de Entorpecentes, Associação para o Tráfico, Organização Criminosa, entre outros.
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