O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que considera o período de inelegibilidade de oito anos, previsto pela Lei da Ficha Limpa, um tempo excessivo. A declaração foi dada em meio a articulações para modificar a legislação, proposta pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, que busca reduzir esse intervalo para dois anos. Motta reconheceu a importância das mudanças introduzidas pela lei, mas acredita que o período de inelegibilidade é muito longo, representando, de fato, quatro eleições consecutivas.
Em entrevista à CNN Brasil, o deputado enfatizou que a mudança na Lei da Ficha Limpa, embora seja um tema importante, depende da vontade dos partidos e parlamentares de trazer a questão à pauta. Segundo ele, o Congresso é soberano e só avançará na discussão se houver interesse, especialmente em um cenário futuro, como em 2026, que já menciona a inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro.
O ex-presidente Jair Bolsonaro enfrenta acusações, incluindo tentativa de golpe de Estado e crimes relacionados à tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito. Caso ele seja condenado com a pena máxima, sua inelegibilidade pode se estender até 2061. Além disso, já existe uma sentença do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que impede Bolsonaro de disputar as eleições até 2030, devido a um caso de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação.
Bolsonaro também está envolvido em outras investigações, como a suspeita de fraude no cartão de vacinação para viajar aos Estados Unidos e o caso das joias sauditas. Apesar disso, o ex-presidente se mantém otimista quanto à possibilidade de reverter sua inelegibilidade e evitou comentar sobre quem poderia substituí-lo nas eleições de 2026, caso sua situação não se altere a tempo.
Embora o tema não tenha sido abordado diretamente com os líderes da Câmara, Motta deixou claro que, se houver um movimento para discutir a mudança na Lei da Ficha Limpa, o Congresso poderá considerar a proposta. Para ele, essa questão só ganhará forma caso haja uma articulação mais forte dentro do Parlamento para levar a discussão adiante.
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