* Por Orley José da Silva
No segundo turno das eleições para a prefeitura de Goiânia, qual será o candidato a ser apoiado pelos partidos gramscistas PT, PC do B, Psol e Rede? Certamente esses partidos ou seus prepostos não se omitirão de se posicionarem nesta disputa, com o objetivo de preservarem pelo menos uma parte do capital político conseguido nos últimos anos. Não participar da futura administração municipal poderá lhes custar o desmantelamento da máquina de revolução cultural montada no município, cuja operação se dá livremente em vieses ideológicos próprios de políticas públicas e sociais.
Essa atuação revolucionária ocorre em lugares estratégicos de contato do poder público com a população: educação, cultura, direitos humanos, assistência social, conselhos de educação e conselhos de cultura. Porque a militância dessa insurreição criou um consenso discursivo que somente ela é capaz de, legitimamente, cuidar de determinadas políticas públicas. E o discurso tem tamanha força de convencimento que alguns políticos ideologicamente contrários tendem a acreditar nele. E é assim que uma nova hegemonia cultural vai ganhando força na sociedade, mesmo quando não está majoritariamente no poder.
A paciência de trilhar a longa marcha pelas instituições proposta por Antonio Gramsci até a plena transformação da sociedade em seus moldes, é característica dessa força revolucionária que é suprapartidária e múltipla em sua maneira de agir. Nesse percurso, a ocupação de espaços nas decisões de poder quase sempre exige eficiência na infiltração e acomodação no interior de sistemas políticos inimigos. Um dos métodos utilizados para essa aproximação vale-se da sua capacidade de controle e mobilização dos movimentos sociais, estudantis e sindicais de esquerda. Ao oferecer ao chefe do executivo a garantia de pacificação com essas entidades sociais e de classe durante o seu mandato, a força revolucionária garante o espaço necessário para continuar com o trabalho formativo e de manipulação da mente coletiva.
É possível que o pragmatismo político de Iris e Vanderlan para as alianças eleitorais não leve em consideração o projeto de nova hegemonia política e cultural levantada por essa reflexão. O Iris mesmo contribuiu para que esse projeto se aperfeiçoasse no município, ao aliar-se com esses agentes políticos nas duas últimas eleições. Não se compreende a complexidade e as consequências futuras desse tipo de acordo sem conhecer com profundidade as intenções e a formação histórica e ideológica tanto do PT, quanto dos seus partidos auxiliares e também do Foro de São Paulo.
Orley José da Silva, é professor em Goiânia, mestre em letras e linguística (UFG) e mestrando em estudos teológicos (SPRBC)
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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