* Por Arthur Teixeira Júnior
"Participo de uma campanha em minha cidade (Agricolândia) pelo voto consciente nas próximas eleições. Pregamos o fim do voto de cabresto, a escolha cuidadosa dos candidatos e principalmente a não comercialização do voto. Árdua tarefa, que nos tem proporcionado muito trabalho mas também muita esperança. Entretanto, ontem tive uma pequena decepção nesta campanha, que não afetará de forma alguma nossa vontade de mudar o quadro eleitoral local. Conversava eu com um trabalhador rural sobre a questão, ele ouvia atentamente, mas em certo momento justificou, mais ou menos deste jeitão: “(...) mas, sabe dotô, si nóis num aproveitá agora prá ganhar uns favor, estes pulíticos só vortam aqui nas próximas eleição. Adepois, eles vão robá memo, então tem que dá um poquinho prá nóis (...)”.
Vejam as duas conformadas (e verdadeiras) colocações no palavreado simples do lavrador.
Primeira: os políticos só comparecem às vésperas das eleições. Fato verdadeiro. Nosso prefeito só dá o ar da graça em dias de festas e serestas. Alguns vereadores sequer moram em nossa cidade, tendo lá seu domicílio eleitoral somente com a intenção de votarem e serem votados. Visitam-nos somente poucas horas por mês, quando vão receber seus salários (pagos com nosso dinheiro) e ver se o caseiro que contrataram está cuidando bem do jardim da casa de veraneio.
Todos os últimos prefeitos, incluso o atual, e os expresidentes da Câmara de Vereadores, estão sendo processados, em várias esferas jurídicas, por improbidade administrativa. Alguns já foram condenados. Se não dilapidaram o erário, no mínimo o mau empregaram.
Na visão do eleitor de pouca informação e quase nenhuma formação, é tido como dogma: todo político é ladrão e só procura o eleitor nas vésperas das eleições. É muito difícil mudar esta opinião, mesmo porque ela não está muito longe da realidade.
Assim sendo, aqueles que almejam mudar o quadro político de sua comunidade, tem pela frente um árduo trabalho. Não podemos esmorecer: “Água mole em pedra dura, tanto bate ...”.
Outra campanha é pela criação de empreendimentos em nossa cidade, com o intuito de fixar a população em sua cidade natal, principalmente os mais jovens. Tentamos convencer os abastados locais que, ao invés de ficarem patrocinando festas, bebidas e distribuição de bugigangas, invistam em uma atividade produtiva local.
Neste final de semana, foi inaugurado um empreendimento na cidade por um destes favorecidos: um cabaré! Logo no primeiro dia, dois vereadores compareceram para aproveitarem a promoção de inauguração: R$ 5,00 a hora, R$ 12,00 a pernoite – grátis meio rolo de papel higiênico “Sabiá”. Não sabemos se os dois ficaram juntinhos ou se contaram com uma das três “horizontais” arregimentadas pelo empresário. Mas o fato é que, lá pelas tantas, um dos vereadores foi agredido com uma poderosa garrafada na cabeça, tendo que ser socorrido as pressas para uma unidade hospitalar. Passa bem.
Cá entre nós: nem os empresários nem os políticos de Agricolândia ajudam em nossas campanhas..."
*Por Arthur Teixeira Junior é articulista e escreve para o GP1
Imagem: ReproduçãoArthur Teixeira Júnior
"Participo de uma campanha em minha cidade (Agricolândia) pelo voto consciente nas próximas eleições. Pregamos o fim do voto de cabresto, a escolha cuidadosa dos candidatos e principalmente a não comercialização do voto. Árdua tarefa, que nos tem proporcionado muito trabalho mas também muita esperança. Entretanto, ontem tive uma pequena decepção nesta campanha, que não afetará de forma alguma nossa vontade de mudar o quadro eleitoral local. Conversava eu com um trabalhador rural sobre a questão, ele ouvia atentamente, mas em certo momento justificou, mais ou menos deste jeitão: “(...) mas, sabe dotô, si nóis num aproveitá agora prá ganhar uns favor, estes pulíticos só vortam aqui nas próximas eleição. Adepois, eles vão robá memo, então tem que dá um poquinho prá nóis (...)”.
Vejam as duas conformadas (e verdadeiras) colocações no palavreado simples do lavrador.
Primeira: os políticos só comparecem às vésperas das eleições. Fato verdadeiro. Nosso prefeito só dá o ar da graça em dias de festas e serestas. Alguns vereadores sequer moram em nossa cidade, tendo lá seu domicílio eleitoral somente com a intenção de votarem e serem votados. Visitam-nos somente poucas horas por mês, quando vão receber seus salários (pagos com nosso dinheiro) e ver se o caseiro que contrataram está cuidando bem do jardim da casa de veraneio.
Todos os últimos prefeitos, incluso o atual, e os expresidentes da Câmara de Vereadores, estão sendo processados, em várias esferas jurídicas, por improbidade administrativa. Alguns já foram condenados. Se não dilapidaram o erário, no mínimo o mau empregaram.
Na visão do eleitor de pouca informação e quase nenhuma formação, é tido como dogma: todo político é ladrão e só procura o eleitor nas vésperas das eleições. É muito difícil mudar esta opinião, mesmo porque ela não está muito longe da realidade.
Assim sendo, aqueles que almejam mudar o quadro político de sua comunidade, tem pela frente um árduo trabalho. Não podemos esmorecer: “Água mole em pedra dura, tanto bate ...”.
Outra campanha é pela criação de empreendimentos em nossa cidade, com o intuito de fixar a população em sua cidade natal, principalmente os mais jovens. Tentamos convencer os abastados locais que, ao invés de ficarem patrocinando festas, bebidas e distribuição de bugigangas, invistam em uma atividade produtiva local.
Neste final de semana, foi inaugurado um empreendimento na cidade por um destes favorecidos: um cabaré! Logo no primeiro dia, dois vereadores compareceram para aproveitarem a promoção de inauguração: R$ 5,00 a hora, R$ 12,00 a pernoite – grátis meio rolo de papel higiênico “Sabiá”. Não sabemos se os dois ficaram juntinhos ou se contaram com uma das três “horizontais” arregimentadas pelo empresário. Mas o fato é que, lá pelas tantas, um dos vereadores foi agredido com uma poderosa garrafada na cabeça, tendo que ser socorrido as pressas para uma unidade hospitalar. Passa bem.
Cá entre nós: nem os empresários nem os políticos de Agricolândia ajudam em nossas campanhas..."
*Por Arthur Teixeira Junior é articulista e escreve para o GP1
*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1
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