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*Francisco Sales

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarFrancisco Sales(Imagem:Reprodução)Francisco Sales
A Constituição Federal de 1988 regulamentou os partidos políticos como instrumentos necessários e importantes para o Estado Democrático de Direito, por isso todos concordam que os partidos são fundamentais para a democracia. Até existem partidos em países não democráticos, como as legendas únicas de ditaduras de esquerda e de direita, mas não há democracia sem partidos políticos. No Brasil, os partidos nunca encontraram ambiente propício para se enraizarem e se desenvolverem. Por isso eles foram breves, pouco presentes na vida social e vistos com desconfiança. Na atualidade, segundo o analista Marcos Coimbra do Vox Populi, só o PT expressa o Brasil por ser o maior (em termos de simpatia popular e número de militantes), o mais organizado (com vida interna estruturada e dinâmica), o mais bem-sucedido (com um terceiro mandato presidencial sucessivo) e o mais nacional (com presença expressiva em municípios e comunidades do País inteiro) de todas as agremiações partidárias que existiram em nossa história.

Já o PSDB nasceu com o propósito de ser o grande partido político nacional. Com a vitória de FHC, em 1994, a embriaguês provocada pelo sucesso do Plano Real levou Sergio Motta, então ministro das Comunicações, a prever que o PSDB ficaria no poder por 20 anos. Preparou a emenda da reeleição de FHC e passou como um trator sobre a oposição à cata votos para aprová-la. Mas logo no término dos oitos anos de FHC, começou o declínio dos tucanos. Nas duas eleições de Lula o PSDB sofreu um impacto. A vitória de Dilma acelerou o processo em que se encontra agora com a disputa fratricida pelo comando do partido entre os grupos de Serra e Aécio Neves. O seu aliado DEM, sucessor da velha Arena criada pelos militares, parece um doente em fase terminal.

Ocorre no momento na política nacional uma erosão político-partidária da oposição, capitaneada pelo PSDB. Existem explicações que, sem enraizamento social, a oposição perdeu-se ao deixar o poder. Os adversários do PT se desnortearam ao se apresentarem nas eleições tentando esconder o que fizeram: as privatizações que pressupunham em destruição das bases do “estado brasileiro” para soerguimento de um “estado mínimo”, com globalização e sem soberania. Em meio à atual crise interna do PSDB, FHC admitiu a fusão entre o PSDB e o DEM, além de defender a nova classe média em desfavor do “povão”. Para o cientista político Cláudio Couto, da FGV-SP, a estratégia da fusão interessa mais aos democratas que aos tucanos, e destaca a sobreposição dos interesses pessoais como uma das principais causas da conjuntura. No rescaldo, foi criado recentemente o Partido Social Democrata (PSD) com políticos oriundos dos democratas e dos tucanos que se define não ser de direita, nem de esquerda e nem de centro, sendo partido político para barganhar no poder de acordo com os interesses individuais ou grupais da legenda.

No Piauí o PSDB passa pelo mesmo Isolamento, pois basicamente só tem aglutinado o velho DEM (ex-PFL contra quem os tucanos já bradaram: “Oligarquia Nunca Mais!”), que perdeu quase todas as suas lideranças, que já eram poucas, para o PSD. E, assim mesmo, o PSDB do Piauí nunca tratou o DEM com a devida consideração. Nas eleições de 2010, por exemplo, negou-lhe a indicação do vice-governador e lançou chapa pura. Nas eleições municipais de Teresina, nos últimos quatro pleitos, seus eventuais aliados numa disputa tornam seus adversários nas eleições seguintes, como aconteceu com o PT (1998/Eleição Estadual), com o PMDB (2000) e, agora, com o PTB (2004 e 2008), ou seja, tem dificuldades de relacionamento com os aliados por sempre rejeitá-los depois da marcha em busca da vitória. Mas o que mais chama a atenção do jeito de governar do PSDB em Teresina é sua administração cosmética, ou seja, pinta as unhas sem apará-las para eliminar a sujeira, isto é, embeleza a cidade em datas comemorativas sem atacar os problemas estruturais de transporte, planejamento urbano, infra-estrutura, entre outros, por pura inapetência em elaborar projetos que efetivamente resolvam as velhas deficiências da Capital.

*Francisco Sales é Presidente do PT de Teresina

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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