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*Arthur Teixeira Junior

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarArthur Teixeira Junior(Imagem:Divulgação)Arthur Teixeira Junior
Meu falecido tio Júlio sempre contava esta estória para sobrinhos e netos, em nossa tenra infância:

“Um ancião caminhava pela praia, nos primeiros momentos do amanhecer, observando as estrelas do mar que jaziam por toda extensão da praia, lá depositadas pela maré alta da noite anterior. No sentido oposto, caminhava um menino com não mais de dez anos vividos, que colhia aleatoriamente algumas estrelas e atirava-as de volta ao mar.

_ O que está fazendo? – indagou-lhe o velho homem.
Com a pureza típica das crianças, o menino respondeu:

_ Estou salvando-lhes a vida, pois quando o sol se fizer alto, todas morrerão...

_ Mas são dezenas de milhares e o máximo que você conseguirá recolher não atingirá uma centena...
De pronto o menino finalizou, continuando a caminhar e recolher estrelas:

_ Mas para estas, eu farei a diferença...
O ancião continuou sua caminhada, pensativo, e, após alguns passos, começou a recolher e atirar estrelas ao mar.”

Confesso que no começo não entendia bem a moral desta estória, mas com a vida adulta veio a compreensão. É cômodo nos trancarmos em nós mesmos e acharmos que o problema dos outros realmente é dos outros e nada podemos fazer. Falta solidariedade e consciência social em nossos atos, no nosso dia a dia.

Alimentar quem não tem nada para comer, orientar uma adolescente ou ensinar um adulto a ler e escrever, não vai acabar com a fome, com a gravidez precoce ou com o analfabetismo no Brasil, nem sequer em nossa comunidade. Mas, se quem dispõe de um pouco de tempo, ou um pouco de recurso financeiro, ajudar no que pode alguém que está precisando, certamente teremos uma sociedade mais justa e igualitária. Ajudar não é ser paternalista. Ajudar é apontar o caminho, orientar, informar.

Na última sexta feira, a Câmara de Vereadores de minha cidade honrou-me em aprovar, por unanimidade, a minha indicação para concessão do título de Cidadão Agricolandense pelos relevantes serviços sociais por mim prestados à nossa comunidade. Por estes mesmos serviços sociais, a Administração Pública, a qual estou vinculado, insiste em processar-me.

Sendo os vereadores os mais próximos representantes do povo, acredito estar havendo algo estranho na distância entre os anseios populares e os dogmas do Serviço Público. Mas prefiro continuar ajudando efetivamente meus vizinhos, ao invés de passar o ano inteiro pisoteando o pessoal da faxina em meu local de trabalho e, no Natal, entrar em um rateio para presenteá-los com uma cesta básica mixuruca que não custará 1% do meu salário. E depois ir dormir tranqüilo, acreditando ser o mais justo dos justos...

*Arthur Teixeira Junior é articulista e escreve para o GP1

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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