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Imagem: ReproduçãoClique para ampliarWilson Martins(Imagem:Reprodução)Wilson Martins
Homem memória prodigiosa, o jornalista e ex-deputado Deoclécio Dantas recordou ontem, na Rádio Difusora: quando foi escolhido governador, no final de 1974, o médico Dirceu Arcoverde - que tinha uma postura reservada e polida - reclamava, nos círculos mais íntimos, das pressões que vinha recebendo para compor a sua equipe.

Como se sabe, Dirceu Arcoverde foi escolhido através de eleição indireta, ou seja, pela Assembleia Legislativa. Não precisou fazer campanha pelas ruas nem pedir voto a ninguém. Seu nome era uma indicação dos militares. Só cabia à Assembleia homologá-la, sem discussão. Se houvesse algum discurso, que fosse no máximo para exaltar a escolha feita pelos quartéis.

Pois bem! Já com seu nome referendado pelo Poder Legislativo, o governador eleito se debruçou sobre a tarefa de definir as prioridades de seu governo. Queria construir mais escolas, mais hospitais, mais estradas, mais moradias populares, mais sistemas de água e energia, etc. E havia uma romaria diária de políticos para seu escritório em busca apenas de cargos.

Foi um choque para o novo governador, que não era um político. Havia sido secretário de Saúde no governo anterior. Ele estava preocupado com obras grandiosas de infra-estrutura física e social para o Estado, e só encontrava nos políticos fome e sede de cargos públicos. Tratava-se, repete-se, de um governador escolhido pelos quartéis, no regime militar, e que não precisava de apoio político para governar.

Ainda assim, ele se via importunado por correligionários que estavam preocupados apenas com cargos e privilégios. O seu governo que fosse para as cucuias. O Estado que continuasse condenado ao atraso em que se encontrava. Naquela época, o Piauí tinha 116 municípios. Se não fez o melhor, seguramente Dirceu conseguiu fazer um dos melhores governos da história do Piauí.

Hoje o Piauí tem 224 municípios, dos quais 214 deram maioria ao governador Wilson Martins na eleição de domingo. Em sua primeira entrevista coletiva, o governador anunciou uma reforma administrativa, com a redução e fusão de órgãos públicos. É uma medida que se impõe, mas, com tantas alianças políticas que fez para chegar à vitória, ele terá condição, efetivamente, de bancar esse choque de gestão?

*Zózimo Tavares é editor chefe do Jornal Diário do Povo

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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