O tenente da Polícia Militar, Henrique Otávio Oliveira Velozo, de 30 anos, acusado de ter baleado na cabeça o lutador Leandro Lo durante um show de pagode no Clube Sírio, na zona sul da capital paulista, na madrugada de domingo, 7, já tinha sido condenado por desacatar e agredir colegas de farda em 2017. Velozo se entregou à Corregedoria da PM no fim da tarde de domingo, após ter a prisão decretada pela morte do campeão mundial de jiu-jítsu, enterrado nesta segunda-feira, 8, no Cemitério do Morumby, na zona sul da cidade.
Ivã Siqueira Júnior, advogado do atleta, relatou, com base no depoimento de testemunhas, que a discussão começou quando o PM, durante o evento, foi em direção à mesa em que o lutador e outros amigos estavam e começou a mexer nas bebidas. Como reação à insistência do policial, Lo aplicou um golpe de jiu-jítsu para imobilizá-lo. “Nesse momento, o rapaz levantou, deu a volta e deu um tiro na cabeça do Leandro”, disse Ivã Siqueira. O policial ainda teria chutado a vítima duas vezes quando ela estava no chão.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) afirmou que a PM "lamenta o ocorrido" e abriu uma apuração administrativa para investigar o caso. O policial foi levado para o presídio militar Romão Gomes. Ele foi ouvido pela autoridade policial e será encaminhado para audiência de custódia ainda nesta segunda-feira,8. O caso segue em investigação pelo 16º DP (Vila Clementino).
Acusação anterior
Em 27 outubro de 2017, o policial estava de folga na casa noturna The Week, na Lapa, zona oeste da cidade, comemorando o ingresso do primo na corporação. Na ocasião, enquanto voltavo do banheiro, seu primo foi agredido por sete indivíduos, sofrendo lesões corporais. Tentou defender o primo e também foi agredido.
A Polícia Militar foi acionada por volta das 4h20. Velozo estava nervoso e exaltado, dificultando o trabalho dos militares que atendiam a ocorrência. Além de desacato, também deu um soco no colega de farda.
"Oficial da corporação que, em trajes civis e momento de folga, acaba deferindo um soco no braço de policial militar que foi ao atendimento de uma confusão em uma casa noturna, na qual estava o apelado na companhia de seu primo. Delito que havia sido desclassificado em primeiro grau para o crime de lesão corporal, do qual havia sido o oficial absolvido por falta de materialidade do delito, uma vez que o tapa não deixou lesões na praça. Modificação em segunda instância. Vídeo da agressão confirma a violência contra o inferior", conforme acórdão do Tribunal de Justiça Militar de São Paulo.
Consta que Velozo praticou violência contra inferior (subordinado), consistente em deferir socos na face do soldado Flávio Alves Ferreira. "A praça estende o braço, buscando manter o apelado afastado, mas o primeiro tenente Velozo defere um soco no braço do soldado Flávio, e ainda tenta aplicar-lhe um soco no rosto", destacou ainda o documento.
Velozo acabou sendo contido pelos seguranças da casa noturna, momento em que os policiais o desarmaram, pois trazia sua arma na cintura.
Em 15 de setembro de 2020, o Conselho Especial de Justiça julgou improcedente a denúncia contra o policial. Na ocasião, ele foi absolvido das acusações de agressão e de ofensa à integridade ou saúde de outrem, mas foi condenado por seis meses de detenção pelo crime de desacato a militar.
O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) recorreu da decisão, visando a condenação do apelado às penas mínimas fixadas para os delitos.
Em 13 de maio de 2021, ele foi condenado pelo Tribunal de Justiça Militar em segunda instância a nove meses de detenção pelos crimes de agressão a subordinado e desacato ao oficial, cumprida em regime aberto.
Nas redes sociais, antes de ter as contas fechadas, o policial citava ter graduação em Direito, com especialização em Ciências Jurídicas, e formação em Educação Física. Também se apresentava como analista comportamental. Costumava postar fotos com a farda, com armas, em iates e recebendo a faixa-roxa de jiu-jítsu.
Até o momento, não localizamos o responsável pela defesa do policial.
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