A Vale informou nesta terça-feira, 19, que estão em andamento as iniciativas para conter os rejeitos da barragem I da Mina de Córrego do Feijão, que se rompeu dia 25 de janeiro. As ações foram acordadas com a secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), em 8 de fevereiro. Parte delas também consta das exigências apresentadas pela Procuradoria-geral do Estado e pelo Ministério Público de Minas Gerais no Termo de Compromisso Preliminar que está em negociação com a companhia.
Em nota, a Vale afirma que está realizando a limpeza do trecho 1, que vai da barragem até o Rio Paraopeba, onde será implantado um dique para retenção dos rejeitos mais grossos e pesados. Nesse trecho, também estão sendo retirados os rejeitos que bloquearam um trecho da Avenida Alberto Flores, que liga as localidades de Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira, as duas mais atingidas.
- Foto: Cadu Rolim/Foto Arena/Estadão ConteúdoRompimento de barragem em Brumadinho
Nessa área, será construída uma ponte metálica para garantir que os moradores tenham acesso mais rápido ao centro de Brumadinho e à Belo Horizonte. Com o rompimento da barragem, a viagem, que leva cerca de 20 minutos, passou a ser feita em cerca de 50 minutos, e a mineradora foi obrigada a colocar uma linha ônibus passando por dentro de sua unidade para reduzir o transtorno dos moradores.
A empresa também informou que está analisando medidas para melhorar a qualidade da água que deságua no Rio Paraopeba vinda do córrego Ferro Carvão, o mais atingido pela lama. Entre essas medidas estaria a instalação de uma Estação de Tratamento de Água (ETA).
De acordo com a companhia, o monitoramento da água do Paraopeba indica que cinco barreiras (membranas) antiturbidez instaladas alcançam uma redução de 10% a 15% da turbidez da água do rio, afetado pela lama da barragem.
Leia abaixo a nota da Vale na íntegra:
A Vale segue avançando nas obras emergenciais de implantação das medidas de contenção dos rejeitos oriundos da Barragem I, da Mina de Córrego do Feijão, comunicadas à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) em 8 de fevereiro. As ações fazem parte de um plano apresentado ao Ministério Público e aos órgãos ambientais ainda no final de janeiro.
No chamado Trecho 1 da área afetada, faixa de 10 quilômetros de extensão que vai da Barragem 1 até o rio Paraopeba, percorrendo o Córrego Ferro-Carvão, a empresa está realizando a limpeza do local onde será implantado um dique de enrocamento (composto por blocos de rocha compactados) para a retenção dos rejeitos mais grossos e pesados. Paralelamente, está em andamento o transporte e estocagem das rochas que serão usadas na construção da estrutura.
A empresa também iniciou a remoção dos rejeitos que bloquearam um trecho da Avenida Alberto Flores e a instalação de uma barreira metálica para impedir que o material volte a cobrir a via. O trabalho ocorre em paralelo à construção de uma ponte metálica de 50 metros para restabelecer o acesso das comunidades de Parque da Cachoeira e Córrego do Feijão à área central de Brumadinho.
A ponte permitirá o tráfego de veículos em mão dupla e inclui passeio para pedestres. A Vale está empregando um método de construção que impede vibrações no solo e em estruturas vizinhas à obra.
Adicionalmente, a Vale prevê ainda a instalação de mais barreiras hidráulicas, diques de pequeno porte, para auxiliar no processo de contenção de rejeitos. Também está em estudo a implantação de uma Estação de Tratamento de Água (ETA) para redução de turbidez da água do córrego Ferro-Carvão. O objetivo é devolver a água clarificada para o curso do rio Paraopeba.
Já no Trecho 2, área de 30 quilômetros que vai do encontro do córrego Ferro-Carvão com o rio Paraopeba até a cidade de Juatuba, conforme delimitado no plano emergencial, a Vale está mobilizando e instalando os equipamentos que serão usados na dragagem do material mais grosso, como areia e pedras. Os principais objetivos são a limpeza e o desassoreamento da calha do rio Paraopeba. O material será recolhido por duas dragas e acondicionado para destinação adequada fora da Área de Preservação Permanente (APP) do rio.
Na área denominada Trecho 3, faixa de 170 quilômetros do rio Paraopeba entre Juatuba e a Usina de Retiro Baixo, a Vale colocou em operação cinco barreiras (membranas) antiturbidez, três delas na região de Pará de Minas e outras duas na altura dos municípios de Juatuba/Betim, antes da Usina Termelétrica de Igarapé. Mais três barreiras estão em instalação na altura de Juatuba/Betim. Os monitoramentos específicos para esse fim demonstram, até o momento, que a eficiência das barreiras instaladas implica em uma redução de 10% a 15% da turbidez da água do rio.
Vale ressaltar que todas as ações estão sendo amplamente discutidas com os órgãos competentes, antes de sua implantação, e que as atividades em curso estão sendo devidamente liberadas pelo Corpo de Bombeiros e pela Defesa Civil.
Monitoramento da água
A Vale conta, desde 28 de janeiro, com 48 pontos de monitoramento de água e sedimentos ao longo do rio Paraopeba até a Foz do rio São Francisco, com coletas diárias de água e semanais de sedimentos para análises químicas. Também são realizadas análises de turbidez da água a cada hora em outros quatro pontos.
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