O Ministério da Saúde do Brasil suspendeu nesta terça-feira, 11, a aplicação da vacina Oxford/AstraZeneca em gestantes, após o registo de morte de uma grávida que havia sido imunizada contra a covid-19 no Rio de Janeiro. A ligação entre o óbito e a vacina ainda é investigada, mas o governo decidiu interromper a aplicação de doses por precaução. Como esse grupo não foi incluído nos testes clínicos de imunizantes, outros países também estabelecem restrições ao uso.
No manual oficial do Reino Unido, país de origem do produto Oxford/AstraZeneca, o governo orienta que gestantes tomem preferencialmente as vacinas da Pfizer e da Moderna. O governo do Reino Unido recomenda, porém, que a pessoa termine a imunização caso tenha tomado a primeira dose do imunizante de Oxford/AstraZenenca apresentar efeitos colaterais graves.
Entretanto, em um documento paralelo atualizado na última sexta-feira, 7, o Departamento Britânico de Saúde também alerta para os riscos de coagulação sanguínea. O texto afirma que algumas pessoas com essa condição apresentaram “efeitos permanentes” e até morreram após tomarem a vacina da AstraZeneca. “Esses casos estão sendo cuidadosamente revisados, mas os fatores de risco para essas condições ainda não estão claros”, diz o manual, frisando que esses acontecimentos são “extremamente raros”.
Segundo o governo britânico, esses efeitos foram registrados em apenas 10 pessoas a cada milhão de doses aplicadas até hoje, e seriam mais frequentes em pessoas jovens. Nesses casos, os sintomas apareceram, normalmente, entre quatro dias e quatro semanas após a dose ser injetada. Alguns países europeus chegaram a suspender o uso do produto da AstraZeneca por causa desses episódios, mas retomaram as campanhas após a agência europeia indicar que os benefícios superavam os riscos.
As instruções oficiais da União Europeia, atualizadas no último dia 28, indicam que a vacina da Astrazeneca pode ser aplicada em grávidas, mas ressaltam que as informações preliminares sobre os efeitos do imunizante nesse grupo ainda são “limitadas”. “A decisão de utilizar essa vacina em mulheres grávidas deve ser feita com acompanhamento próximo de um profissional da saúde após considerar os benefícios e riscos”, frisa o documento.
No Canadá, o Comitê Nacional de Aconselhamento em Imunização do Canadá (NACI, na sigla original) recomenda que a vacinação em pessoas grávidas seja analisada caso a caso, diante da falta de informações científicas que garantam a segurança no grupo. Em relação específica ao imunizante da AstraZeneca, o órgão explica que testes ainda estão em condução.
O NACI também frisa que qualquer indivíduo a receber o imunizante deve ser alertado sobre os riscos de trombose induzida por vacina. Além disso, encoraja que os testes de vacinas em pessoas grávidas, imunossuprimidos e outros grupos devem continuar para gerar mais evidências. Por fim, alerta que as recomendações podem ser alteradas caso surjam mais provas sobre a segurança e eficiência nessas populações.
Atualizado ainda na última segunda-feira, 10, o manual de vacinação produzido pelo governo da Austrália indica que mulheres grávidas tomem preferencialmente o imunizante da Pfizer, mas não proíbe a aplicação da AstraZeneca “se os benefícios superarem os riscos” para a pessoa. Em documento separado e específico para gestantes, o Ministério da Saúde australiano frisa que esta vacina tem como “raros efeitos colaterais” a trombose e coagulação do sangue.
Conforme o governo australiano, os benefícios podem se sobrepor aos riscos quando as mulheres grávidas tiverem comorbidades ou alto risco de exposição a pessoas contaminadas pela covid-19. As autoridades do país também explicam que os testes em animais não apresentaram nenhum efeito colateral da vacina da AstraZeneca em gestantes ou nos fetos, mas resultados definitivos ainda não estão disponíveis.
No Brasil, o uso dos produtos da Pfizer e a Coronavac são para gestantes com comorbidades, como diabete e hipertensão.
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