O Instituto Serum, da Índia, informou ao Brasil, à Arábia Saudita e ao Marrocos que o envio de novos suprimentos da vacina Oxford/AstraZeneca contra a covid-19 sofrerão um atraso devido ao aumento da demanda local pelo imunizante, enquanto se trabalha para expandir a capacidade da fábrica, de acordo com informações passadas por uma fonte com conhecimento direto do assunto à agência Reuters. Nesta tarde, o Ministério da Saúde admitiu a possibilidade e afirmou em nota que o cumprimento dos prazos previstos no cronograma de entrega de vacinas depende dos laboratórios fabricantes.
A Índia, hoje o maior fabricante mundial de vacinas, está sendo criticada internamente por doar ou vender mais doses do que as inoculações realizadas internamente, apesar de o país apresentar o terceiro maior número de infectados por coronavírus, atrás dos Estados Unidos e do Brasil. O país enfrenta atualmente um segundo aumento de casos, levando o total de pessoas já infectadas para cerca de 11,6 milhões.
A nota do Ministério da Saúde ressalta que o contrato firmado com o laboratório Serum prevê a entrega de 2 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford importadas por mês, em abril, maio, junho e julho, totalizando 8 milhões ao fim de julho. A pasta, no entanto, admite que trabalha com a possibilidade de atraso pelo fornecedor.
"É importante esclarecer que o cronograma de entregas de doses, enviado pelos laboratórios fabricantes para o Ministério, pode sofrer constantes alterações, de acordo com a produção dos insumos", disse. Até o início da tarde deste domingo, a assessoria do Ministério da Saúde não tinha informação sobre se a pasta havia sido informado pelo laboratório a respeito do possível atraso na entrega das doses do Serum.
"O MS ressalta que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) já entregou o primeiro lote com mais de 1 milhão de doses da vacina AstraZeneca/Oxford produzido no Brasil, com matéria-prima (IFA) importada da China. Neste sábado (20/03) e ao longo deste domingo (21/03), o Ministério da Saúde está distribuindo a remessa para todos os Estados e Distrito Federal. De acordo com o cronograma disponibilizado pela Fiocruz, o Brasil passa a contar com entregas semanais dos imunizantes produzidos no País, um avanço importante para a estabilização da produção nacional de vacinas", diz a nota.
Ainda segundo a pasta, a capacidade de produção de vacinas dentro do Brasil tem crescido e contratos firmados com diversos laboratórios viabilizarão a distribuição de 562 milhões de doses no País até o fim de 2021.
Os atrasos mais recentes no envio de vacinas, relatados pela primeira vez pelo Times of India, vieram à tona dias após o Reino Unido dizer que teria que desacelerar seu processo de vacinação no próximo mês, já que o Serum provavelmente entregaria mais doses ao país bem depois do que era esperado.
O Serum forneceu metade das 10 milhões de doses recentemente encomendadas pelo Reino Unido. O Brasil já recebeu 4 milhões de doses do instituto, a Arábia Saudita, 3 milhões, e o Marrocos, 7 milhões, segundo o Ministério de Relações Exteriores da Índia. Cada um dos três países encomendou 20 milhões de doses.
À Reuters, o Serum não comentou as mudanças. O instituto tem parceria com a AstraZeneca, a Fundação Gates e a Aliança Global para Vacinas e Imunização (Gavi) para produzir até 1 bilhão de doses para os países mais pobres.
A fonte, que falou em condição de anonimato, informou que o Serum está trabalhando para expandir a produção mensal, que hoje está entre 60 milhões a 70 milhões, para 100 milhões de doses até abril / maio, sugerindo que o abastecimento poderá melhorar quando isso ocorrer.
Originalmente, o Serum deveria vender vacinas apenas para países de renda média e baixa, principalmente na Ásia e na África, mas problemas de produção em outras instalações da AstraZeneca forçaram o envio para muitos outros países também em nome da empresa britânica. A Índia doou até agora 8 milhões de doses e vendeu quase 52 milhões de doses para um total de 75 países, principalmente da vacina AstraZeneca feita pelo Serum.
Localmente, a Índia administrou mais de 44 milhões de doses desde o início de sua campanha de imunização em meados de janeiro.
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