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Saúde

Apesar de decreto, religiosos mantêm suspensão de atos presenciais

Medidas adotadas por instituições religiosas visam prevenir fiéis contra o coronavírus.

Líderes religiosos e entidades de congregações afirmaram que não vão retomar os encontros presenciais em seus templos apesar do decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro, que inclui as atividades religiosas como serviços essenciais. De acordo com os líderes religiosos ouvidos pelo Estado nesta quinta-feira, 26, a tendência é que as atividades presenciais continuem sendo substituídas por ações virtuais como medida de prevenção ao coronavírus.

O decreto assinado por Bolsonaro e publicado no Diário Oficial da União desta quinta incluiu "atividades religiosas de qualquer natureza" à lista de serviços e atividades essenciais que podem funcionar normalmente durante a quarentena. O decreto pondera que as atividades devem seguir as recomendações do Ministério da Saúde.


Rituais religiosos e tradições não passaram ilesos ao covid-19 em outras partes do mundo. A Diocese de Roma fechou mais de 900 igrejas e o papa liberou os fiéis de irem à missa aos domingos. No Vaticano, a Praça de São Pedro não tem mais eventos. A Arábia Saudita fechou os portões de suas principais mesquitas para as tradicionais orações de sexta. Eventos religiosos em Israel foram suspensos e os sempre lotados templos hinduístas da Índia estão com restrição para funcionar.

Após a publicação do decreto de Bolsonaro, o Estado entrou em contato com entidades e líderes religiosos de diversas congregações para saber que medidas seriam tomadas em razão da liberação para a realização de atividades presenciais. Em geral, o posicionamento das igrejas e templos é manter a medida preventiva contra o coronavírus e seguir com a suspensão das atividades presenciais.

O rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista, afirmou que as sinagogas continuarão seguindo as recomendações dos governos estadual e municipal e manterão o isolamento, apesar do decreto presidencial. De acordo com o rabino, a congregação foi consultada sobre o isolamento imposto em São Paulo e concordaram com a medida.

"Entendemos o que o momento demanda de nós, por isso orientamos que todos os atos possíveis sejam transferidos para o virtual. Hoje eu vou celebrar um velório, que não tem como ser feito de outra maneira, mas ainda assim alertamos à família para que compareçam apenas os entes mais próximos e que não tenham apresentado nenhum sintoma".

Na manhã desta quinta, o pastor Davi Lago, capelão da Primeira Igreja Batista de São Paulo, também afirmou que a recomendação ainda era manter a suspensão das atividades presenciais. "As igrejas batistas são descentralizadas e autônomas. Em nossa comunidade as reuniões presenciais permanecem suspensas", disse.

Apesar da estrutura descentralizada, Lago afirmou que a tendência é que a suspensão seja mantida na maioria das igrejas. "Isso está sendo conversado. Fiz alguns contatos diretos com colegas de outros estados. A resposta básica é a mesma: manter a suspensão das atividades presenciais", explicou o pastor, ressaltando que, apesar da suspensão, igrejas batistas de diferentes Estados estão se mobilizando para atividades como a distribuição de cestas básicas.

A Federação Espírita Brasileira também se manifestou após a publicação do decreto. Nela, a entidade afirma que as atividades não estão paralisadas, apenas migraram para as plataformas virtuais. "A recomendação da Federação Espírita Brasileira é de que os centros espíritas atentem para as orientações dos organismos de saúde. As atividades não estão paralisadas, estão acontecendo de maneira virtual e contínua. O movimento espírita continua atendendo às necessidades de esclarecimento, consolo e iluminação das pessoas, neste momento em que precisamos tanto de otimismo, de esperança e de mais caridade", diz o comunicado.

Procurada, a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) informou que ainda vai se pronunciar oficialmente sobre o caso. No entanto, o portal de notícias G1 publicou na manhã desta quinta que obteve confirmação por parte da igreja católica de que vai a suspensão das missas será mantida, conforme recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

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