O mundo não levou a sério a declaração internacional de emergência para a covid-19 emitida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 30 de janeiro, por isso seria necessário propor diferentes mecanismos de alerta para futuras pandemias, concluiu o relatório apresentado pelo Comitê Consultivo Independente do Programa de Emergências da OMS nesta terça-feira, 6.
A emergência internacional, devido a uma doença que na época ainda era chamada de coronavírus de Wuhan, "não motivou os países a implementar medidas de saúde pública para a covid-19", disse a médica britânica Felicity Harvey ao apresentar o estudo preliminar, que focou nos primeiros quatro meses da pandemia. Diante disso, os países membros da OMS têm dúvidas se esse tipo de declaração de emergência é suficiente ou se novas fórmulas devem ser utilizadas, frisou a especialista, que lidera o comitê.
O relatório, que será atualizado em novembro, conclui que a OMS "mostrou liderança e fez progressos importantes na resposta à pandemia, levando em consideração a natureza nova do vírus e os fatores desconhecidos envolvidos". No entanto, observou Felicity, a politização em muitos casos "tem sido um obstáculo material para derrotar o vírus" e o nível geral de dados fornecidos pelas redes nacionais de saúde sobre os casos de covid-19 "precisa melhorar".
“A OMS não pode derrotar este vírus sem o apoio unificado dos países-membros nas próximas fases da pandemia”, ressaltou a médica, que observou que a pandemia “fortaleceu a liderança da organização no sistema das Nações Unidas”.
Apesar disso, enfatizou Felicity, a organização sofre de problemas de financiamento que impedem o gerenciamento ideal de emergências de saúde, então ela pediu aos membros da OMS que analisassem suas necessidades pecuniárias. “O orçamento de menos de US$ 300 milhões por ano é muito pouco para responder e coordenar uma resposta global à pandemia”, disse ela.
O comitê chefiado por Felicity é um dos três que está avaliando a resposta da OMS à pandemia, e o único que apresentou resultados preliminares de suas investigações ao Conselho Executivo da organização, já que os outros dois estão em processo inicial de criação.
Um deles é o Painel Independente presidido pela ex-primeira-ministra da Nova Zelândia Helen Clark e a ex-presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, que, nesta terça, confirmou os outros nove membros que farão parte deste órgão imparcial. Entre eles estão o ex-presidente mexicano Ernesto Zedillo e o ex-ministro da Fazenda da Colômbia, Mauricio Cárdenas.
Este painel independente foi autorizado pela OMS em sua última assembleia anual, em resposta às críticas de alguns países - especialmente dos Estados Unidos - pelo manejo inicial da pandemia e da dependência excessiva de dados preliminares fornecidos pela China, país onde ocorreram os primeiros casos de covid-19.
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