O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), deu um ultimato até o próximo dia 21, quarta-feira, para que o Ministério da Saúde indique se irá incluir o uso da coronavac, que é uma parceria do Instituto Butantã com a chinesa Sinovac, no cronograma de vacinação nacional. Na quarta está agendada uma reunião, em Brasília, entre o governador e membros do Ministério da Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Secretários estaduais de Saúde enviaram carta ao ministro Eduardo Pazzuello para que a coronavac seja incluída no cronograma, sob temor de que o imunizante não esteja sendo considerado para a distribuição nacional por questões políticas, uma vez que Doria tem feito forte oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Na segunda-feira, 19, Doria deve apresentar resultados sobre a vacina, que está em testes em voluntários.
"A data limite em relação à vacina é 21 de outubro", disse. "É exatamente por isso que agendamos reunião com o ministro Eduardo Pazzuello e com o presidente da Anvisa, o almirante Antônio Barros. Todas as informações estão sendo disponibilizadas. A testagem termina agora neste final de semana, na segunda-feira os resultados estarão todos eles consolidados com a Anvisa, que aliás tem acompanhado diariamente esse processo”, disse Doria.
Desde o começo de outubro, o Butantã vem entregando à Anvisa a documentação da coronavac, a fim de agilizar a obtenção do registro caso os testes de fase três sejam bem-sucedidos. A Anvisa criou um novo procedimento regulatório no caso das vacinas contra a covid-19, que foi elaborado a fim de dar maior agilidade à análise devido à urgência imposta pela pandemia.
Por enquanto, a vacina chinesa teve a testagem feita sem pausas para análise de casos que tenham tido alguma reação adversa nos pacientes. Desta forma, há expectativa de que o produto da Sinovac fique pronto antes, e a produção para todo o País dependeria de aporte financeiro da União. A vacina da Universidade de Oxford e da empresa AstraZeneca chegou a ter os testes paralisados, mas eles foram retomados e para este imunizante já há uma parceria com o governo federal.
"Por parte do governo de São Paulo, não há e não haverá nenhuma politização sobre o tema da vacina, como não houve também na questão da pandemia. Não houve, não há e não haverá. O tema da saúde é o tema da ciência, é o tema da medicina, não é o tema da política", disse Doria. "O governo de São Paulo não politiza e não vai politizar este tema e espera que o governo federal não o faça, em nome de milhões de brasileiros que precisam da vacina. A cada dia sem a vacina no Brasil, mais de 700 pessoas perdem a vida. Em dez dias, são 7.000 pessoas. Em um mês, são quase 30 mil pessoas que morrem pela falta da vacina. Não é razoável imaginar que o governo federal vá politizar o tema da vacina, colocar ideologia ou visão partidária ou visão eleitoral acima daquilo que salva vidas.”
Doria, que já assinou um acordo para 46 milhões da coronavac até dezembro, disse ainda que espera dos técnicos uma "visão republicana" e ressaltou que, há 30 anos, o Butantã é fornecedor de vacinas para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Ex-membro do Ministério da Saúde na gestão Mandetta e atualmente no Centro de Contingência contra a Covid-19 de São Paulo, João Gabbardo dos Reis afirmou que, se a vacina tiver 50% de eficácia, ela poderá ser aprovada.
"Se tivermos eficácia superior a 50% a vacina poderá ser aprovada pela Anvisa. Se for superior a 50%, será eficaz. Acreditamos que a vacina preenche todos os requisitos do Ministério da Saúde para entrar no programaa nacional de imunização", disse.
Posição do Ministério da Saúde
Nesta quinta-feira, 15, em entrevista coletiva, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou que o governo federal está acompanhando as vacinas em teste contra a covid-19 e "não descarta nenhuma possibilidade".
Ele afirmou que a coronavac está nessa lista. "A vacina do Butantã, com certeza, está nesse rol. Em momento algum se afirmou algo diferente disso", falou, complementando que o Butantã é um "grande parceiro" na produção de vacinas e "vai continuar sendo inclusive para essa iniciativa, desde que sejam atendidos os requisitos".
O governo federal tem a previsão de ter 100 milhões de doses no primeiro semestre de 2021, começando com 15 milhões em janeiro, da vacina da AstraZeneca/Universidade de Oxford e da possibilidade de acesso a mais 40 milhões de doses de vacinas vindas da iniciativa global Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS). Juntas, as duas aquisições devem resultar em 140 milhões de doses no primeiro semestre do ano que vem.
Dados da covid-19 no Estado de São Paulo
O Estado de São Paulo contabiliza nesta sexta-feira, 16, 37.870 mortes e 1.057.240 casos confirmados da doença. Projeções feitas pela Secretaria Estadual da Saúde mostram que até o final de outubro, dia 31, o Estado pode ter entre 1.110.00 a 1.200.000 casos do novo coronavírus e entre 40 mil e 41 óbitos.
O balanço da Saúde mostra também que o Estado tem uma taxa de ocupação de leitos de UTI de 41,6%. Na Grande São Paulo, esse índice é de 41%. Estão internados em leitos de terapia intensiva 3.153 pessoas e outras 4.040 em leitos de enfermaria, entre casos confirmados e suspeitos. Ainda de acordo com a pasta, 935.272 pessoas se recuperaram da doença e outras 115.644 tiveram alta hospitalar.
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