O ex-ministro da Justiça Sérgio Moro voltou a contrariar o União Brasil, partido no qual ele ingressou na semana passada, e disse nos Estados Unidos que seu nome ainda está disponível para a eleição presidencial. "Estou jogando o jogo, e ainda estou no jogo", afirmou o ex-juiz no Atlantic Council, um centro de pesquisas em Washington, capital norte-americana. Segundo Moro, contudo, a decisão sobre o papel dele na disputa eleitoral é do presidente do União, deputado Luciano Bivar (PE).
"Eu não posso ir para um novo partido e dizer 'sou o candidato presidencial'. Mas meu nome está disponível para esta posição ou outra que eles entendam que possa ser trabalhada. O que eu já disse foi que não serei candidato a deputado federal", afirmou Moro. Em diversos momentos da entrevista, o ex-juiz da Lava Jato reforçou que ainda pretende concorrer ao Palácio do Planalto.
Sair do Podemos, segundo Moro, foi "apenas um passo atrás" que ele considerou necessário. "Entendi que precisava de um partido mais forte para enfrentar o desafio da polarização e decidi me filiar ao União Brasil. Então, coloquei meu nome à disposição do partido", disse.
O ex-ministro criticou a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de voto, e defendeu a unidade da terceira via. Nesta semana, União Brasil, MDB, PSDB e Cidadania chegaram a um acordo para lançar um candidato único a presidente.
Apesar de Moro estar no União, contudo, a sigla pretende apresentar o nome de Bivar para a disputa. O MDB tem a senadora Simone Tebet (MS), que enfrenta a resistência dos diretórios regionais do partido, principalmente no Nordeste, e o PSDB está dividido entre dois nomes. O pré-candidato oficial dos tucanos é o ex-governador de São Paulo João Doria, mas o ex-governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite "corre por fora".
"Eu disse desde o começo que nunca desistiria da eleição presidencial, e isso é verdade. Isso [mudar de partido] foi apenas dar um passo atrás, porque eu senti que era necessário para ter a possibilidade de vencer os extremos", disse Moro. "Meu nome segue disponível na mesa. É claro, isso depende da decisão do presidente do partido, Luciano Bivar", afirmou.
Moro anunciou em 31 de março que trocaria o Podemos pelo União Brasil. Na ocasião, ele disse que naquele momento abriria mão da candidatura a presidente. Um dia depois, descartou concorrer a deputado e disse que não havia desistido "de nada", numa referência ao Planalto.
Essa declaração desencadeou uma ofensiva de lideranças do União Brasil, como o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que ameaçaram até mesmo impugnar a filiação do ex-juiz se ele continuasse com a intenção de concorrer a presidente.
Moro está nos Estados Unidos desde ontem, quando se reuniu com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro.
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