O deputado estadual Júlio Arcoverde falou, nessa sexta-feira (22), sobre a operação Compensação deflagrada pela Polícia Federal contra o senador Ciro Nogueira (Progressistas). Para o parlamentar, a ação policial é uma “espetacularização”. A afirmação foi dada durante a posse de Arcoverde na Secretaria Municipal de Esporte de Lazer (Semel).
“É uma espetacularização do processo criminal, é a única coisa que a gente pode dizer, como é que se invade a casa de um senador de 3 em 3 meses? Invadiram antes da eleição faltando 10 dias para ver se criava fato político, agora, três meses depois invadem de novo, no mesmo processo, na mesma ação, infelizmente nós estamos passando por isso no país”, disparou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Júlio Arcoverde
Júlio saiu em defesa de Ciro e disse acreditar que o senador nunca deixou de comparecer à Justiça quando intimado. “Tenho certeza que o senador Ciro e os advogados nunca deixaram de comparecer quando foram intimados, no meu entendimento não precisa invadir a casa de um senador de 3 em 3 meses”, afirmou.
Questionado se a ação seria uma perseguição do Governo Federal em razão de Ciro estar na oposição, Júlio foi enfático ao responder que não. “Não há perseguição em nada, o que está acontecendo é que estão rasgando a Constituição do país e que toda a ação da polícia é feita uma espetacularização”, declarou.
“A deputada Iracema Portella está em Brasília, o senador já tinha essa viagem agendada, mas a Justiça está ai. Todos os processos que foram julgados do senador ele foi absolvido”, finalizou.
Entenda o caso
A Polícia Federal fez buscas na casa de Ciro Nogueira e em endereços ligados a ele na manhã desta sexta-feira (22). A operação, batizada de "Compensação", foi autorizada pela ministra Rosa Weber e é decorrente de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga o senador.
Segundo a Polícia Federal, são investigados crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Pelo menos 30 policiais federais cumprem sete mandados de busca e apreensão em Teresina, Brasília e São Paulo.
Por meio de nota, a Polícia Federal informou que a investigação teve como origem depoimentos prestados por ex-executivos do Grupo J&F, dono da JBS, que afirmaram ter repassado cerca de R$ 43 milhões ao Progressistas, partido que Ciro Nogueira preside desde 2013. Os pagamentos, segundo os colaboradores, foram feitos em espécie e por meio de doações oficiais, em troca de apoio político para a campanha presidencial de Dilma Rousseff, em 2014.
Segundo a procuradora-geral Raquel Dodge, que pediu a abertura da investigação, “verifica-se nos autos existência de indícios mínimos aptos a motivar a abertura de investigação no âmbito dessa Corte sobre o pagamento de vantagens indevidas, no ano de 2014 e 2017, em beneficio do senador da República Ciro Nogueira Lima Filho para que seu partido apoiasse o governo nas eleições presidenciais, bem como não agisse contra a então presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment instaurado no Congresso Nacional”. Em nota, a procuradora-geral ainda afirmou que “parte da propina paga ao partido do parlamentar foi viabilizada por meio de doações oficiais – simuladas – e outra parte no valor de R$ 5 milhões foi paga em espécie por meio de uma pessoa ligada ao senador.
Inquérito
O ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato, atendeu a pedido da PGR e abriu o inquérito em setembro do ano passado. O inquérito investiga Ciro Nogueira, o ex-ministro e atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT) e os executivos da J&F Joesley Batista e Ricardo Saud.
Segundo os depoimentos de Joesley e Saud, o Progressistas recebeu dinheiro para apoiar o PT nas eleições de 2014. Os valores teriam sido repassados por meio de doações oficiais. Além disso, foram repassados ainda R$ 2,5 milhões em dinheiro em espécie, por meio de um supermercado do Piauí. De acordo com as delações, os pedidos eram aprovados pelo então ministro Edinho Silva. Ao todo, foram repassados R$ 43 milhões.
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