Na manhã deste sábado (7) o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez seu primeiro pronunciamento, após o juiz Sérgio Moro decretar sua prisão. As declarações aconteceram após a missa em homenagem ao aniversário da ex-primeira dama, Marisa Letícia, realizada em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista.
O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que participou no evento, foi chamado pelo ex-presidente Lula de “índio mais esperto do Brasil”. “O índio mais esperto do Brasil, o presidente do Piauí, que está no terceiro mandato e, pelo andar das pesquisas, vai cumprir o quarto mandato”, afirmou o petista ao cumprimentar o piauiense.
Além de Wellington, estiveram presentes a ex-presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro Celso Amorim, ex-senador Eduardo Suplicy, o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, o líder do PT no Senado Paulo Pimenta, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann e os presidenciáveis Manuela D’Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (Psol). Os atores Airton Graça e Osmar Prado também estão presentes do palanque do ex-presidente.
- Foto: Thiago Bernardes/Framephoto/Estadão ConteúdoLula vai a missa em homenagem a Marisa Letícia
O ex-presidente foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pelo TRF-4 pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no caso Triplex. Na tentativa de evitar a prisão do ex-presidente, a defesa de Lula entrou com um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o pedido foi negado pelo Supremo por 6 votos a 5.
“Estou sendo processado e tenho dito claramente, sou o único ser humano processado por um apartamento que não é meu”, disse o petista. “A Polícia Federal, quando fez o inquérito, mentiu dizendo que era meu, o Ministério Público Federal mentiu, o Moro mentiu e me condenou a 9 anos de cadeia”, afirmou Lula.
Lula afirmou estar “indignado” e atribuiu a morte da ex-primeira-dama Marisa Letícia à imprensa e ao Ministério Público. “A antecipação da morte da Marisa foi a safadeza que a imprensa e o Ministério Público fizeram a ela. Essa gente eu acho que não tem filho, não tem alma e não tem noção do que sente uma mãe e um pai quando vê um filho sendo massacrado”, disse o petista.
Condenado, o petista afirmou que sabe que não está “acima da justiça”, mas não pode “admitir um procurador que faz um powerpoint e foi para a televisão dizer que é uma organização criminosa, que nasceu para roubar o Brasil e que o Lula, por ser a figura mais importante do partido, é o chefe. E se o Lula é chefe, não preciso de provas, tenho convicção”. “Quero que ele guarde a convicção dele para os comparsas dele”, continuou o ex-presidente.
O petista disse que foi incentivado a procurar asilo político em alguma embaixada, mas afirmou que já não tem mais idade para isso. “A minha idade é enfrenta-los olho no olho. Vou aceitar a cumprir o mandado”, afirmou o ex-presidente.
Além de falar da Polícia Federal, do Ministério Público e do juiz Sérgio Moro, Lula também citou a imprensa, que segundo ele, tem um “sonho de consumo” em vê-lo atrás das grades. “Quanto mais eles me atacam, mais cresce a minha relação com o povo brasileiro”, afirmou o ex-presidente.
O ex-presidente encerrou seu discurso afirmando que “a morte de um combatente não para uma revolução” e que “os poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera”. Lula saiu ao som da música “apesar de você”, de Chico Buarque, e foi carregado até a entrada do sindicato pelos populares, que estavam assistindo seu pronunciamento.
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