O presidente Michel Temer se pronunciou, na tarde desta terça-feira (27), sobre a denúncia oferecida ao Supremo Tribunal Federal pelo Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, em que o acusa de corrupção passiva. Temer classificou a denúncia como ficção, uma trama de novela.
“Exatamente, neste momento, em que nós estamos colocando o país nos trilhos, é que somos vítimas dessa infâmia, de natureza política. Os senhores sabem que eu fui denunciado por corrupção passiva, vou repetir a expressão, corrupção passiva, a esta altura da vida, sem jamais ter recebido valores, nunca vi dinheiro e não participei de acertos para cometer ilícitos”, declarou o presidente.
- Foto: Dida Sampaio/Estadão ConteúdoMichel Temer
Temer também questionou sobre as provas e disse que foi denunciado baseado em ilação: “Onde estão as provas concretas de recebimento desses valores? Inexistem. Examinando a denúncia, eu percebo e falo com conhecimento de causa, que reinventaram o Código Penal, incluíram uma nova categoria, a denúncia por ilação, se alguém cometeu um crime e eu o conheço ou quem sabe eu tirei uma fotografia ao lado de alguém, logo a ilação é que eu sou também criminoso, abriu-se portanto um precedente perigosíssimo em nosso direito, esse tipo de trabalho trôpego permite as mais variadas conclusões sobre pessoas de bem e honestas”.
Crítica ao procurador Rodrigo Janot
Em seu pronunciamento, o presidente criticou o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, autor da denúncia, e colocou sob suspeita um ex-procurador da República, a quem Temer chamou de “homem da mais estrita confiança do senhor Procurador Geral da República”.
“A ilação permitiria construir a seguinte hipótese, um assessor, muito próximo ao Procurador Geral da República, e dou o seu nome por uma única razão, porque o meu nome foi usado, deslavadamente, inúmeras vezes na denúncia, havia até um desejo de ressaltar quase em letras garrafais o meu nome, por isso dou o nome deste [ex] procurador da república, Marcelo Miller, homem da mais estrita confiança do senhor Procurador Geral da República, esse senhor deixa o emprego, de procurador da república, abandona o Ministério Público para trabalhar em empresa que faz delação premiada ao PGR, e vocês sabem que quem deixa a Procuradoria tem uma quarentena, se eu não me engano de 2 ou 3 meses, não houve quarentena nenhuma, o cidadão saiu e já foi trabalhar para esta empresa e ganhou, na verdade, milhões em poucos meses, garantiu ao seu novo patrão, a empresa que o contratou, um acordo benevolente, uma delação que tira o seu patrão das garras da justiça, que gera uma impunidade nunca antes vista, e tudo ratificado pelo Procurador Geral, pela novas leis penais, da chamada ilação, poderemos concluir, nessa hipótese que estou mencionando, que talvez os milhões de honorários recebidos não fossem unicamente para o assessor de confiança, que na verdade deixou a procuradoria para trabalhar nessa matéria”, insinuou o presidente.
Temer continuou: “Mas, eu tenho responsabilidade, eu não farei ilações, eu tenho a mais absoluta convicção de que não posso denunciar sem provas, não posso ser irresponsável”.
Joesley Batista
“No caso do senhor grampeador [Joesley Batista], o desespero de se safar da cadeia moveu Joesley e seus capangas para, na sequência, haver homologação de uma delação e distribuir o prêmio da impunidade, criaram uma trama de novela, digo sem medo de errar, que a denúncia é uma ficção. Por tradição e formação eu acredito na Justiça”, declarou.
Temer também falou sobre o encontro com o empresário: “Eu sei que criticam-me por ter recebido tarde da noite, em minha casa, o empresário Joesley, recebi sim, naquela oportunidade, o maior produtor de proteína animal do país, interessante que eu descobri o verdadeiro Joesley, o bandido confesso junto com todos os brasileiros, quando ele revelou os crimes que cometeu ao Ministério Público, sem nenhuma punição, quero lembrar que o fruto dessa conversa é uma prova ilícita, inválida para a Justiça”, afirmou.
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