Nesta sexta-feira (26), o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da operação “Poço Seco”, 41ª fase da Lava Jato, que foi deflagrada hoje, criticou a decisão do juiz Sérgio Moro, que absolveu a jornalista e mulher do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Cláudia Cunha. Segundo o procurador, Moro teve “coração bom” ao absolvê-la, porém, ele se equivocou ao afirmar que Cláudia não tinha conhecimento da origem ilícita dos recursos que mantinha no exterior.
Na decisão, Moro disse que existia a possibilidade de que Cláudia tivesse tido acesso aos recursos e de fato concretizou os gastos em faturas de cartão de crédito e aquisição de produtos de luxo, mas que não existiam provas de que ela não soubesse que o dinheiro, repassado por Cunha, era proveniente de corrupção. “Uma pessoa como Cláudia Cruz, jornalista, com um nível de formação cultural, deveria saber quais eram as origens dos recursos”, rebateu o procurador.
- Foto: Rodrigo Féliz Leal/Futura Press/Estadão ConteúdoCláudia Cruz visita Eduardo Cunha na sede da PF
O Ministério Público Federal (MPF), segundo Carlos Fernando, irá recorrer da decisão do juiz Moro ao Tribunal Regional Federal (TRF) e que acredita que a Corte reverterá a decisão do juiz. Ainda segundo procurador, Cláudia Cruz não é acusada por corrupção, mas sim por lavagem de dinheiro, que foi provado pela investigação.
De acordo com a Veja, o ex-deputado Eduardo Cunha foi condenado a quinze anos de prisão por ter sido o beneficiário de parte desse valor em contas no exterior, de onde teriam saído os recursos transferidos para outras contas, em titularidade de Cláudia Cruz.
A Operação Poço Seco investiga o pagamento de propina sobre o campo de Benin, buscando esclarecer mais detalhes a respeito do caminho dos recursos e de outros possíveis envolvidos e beneficiados no esquema.
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