José Maria Barros
A crise instalada no Palácio Coelho Rodrigues desde a volta do vereador Manoel Vieira à Câmara semana passada se agravou ontem, 29 de outubro, com o pedido de exoneração dos secretários municipais de Cultura e Turismo, Tiago Saunders Martins e Antônio Eugênio Portela (Genin), da Administração, que são ligados politicamente ao deputado estadual Kleber Eulálio.
Tiago Martins, que é irmão do vereador Hugo Victor Saunders Martins e Eugênio Portela, irmão do primeiro suplente de vereador do PMDB Filomeno Portela Richard Neto, entregaram os cargos ontem pela manhã logo após uma tensa reunião com o prefeito Gil Marques de Medeiros, o Gil Paraibano (PMDB), em seu gabinete no Palácio Coelho Rodrigues.
Tiago Martins e Eugênio Portela deixaram Governo de Gil Paraibano
Além dos ex-secretários municipais Tiago Martins e Eugênio Portela, participaram da reunião com o prefeito Gil Paraibano os vereadores Hugo Victor e José Rinaldo Cabral Pereira Filho (Rinaldinho), ambos do PMDB; Iata Anderson Rodrigues de Alencar Coelho (PSB), que é líder do governo municipal na Câmara, além do suplente de vereador Filomeno Portela.
Segundo o vereador Hugo Victor, a reunião foi tensa em razão da postura do prefeito Gil Paraibano que não prima pelo diálogo e da personalidade forte dele Hugo Victor e do colega de partido Filomena Portela, que já demonstraram que mesmo participando da base aliada do governo municipal, não têm “papas na língua” e não dizem amém a todas as propostas do Executivo.
“Tanto o Tiago como o Genin ainda tentaram apaziguar as coisas, mas não teve como em função da postura do prefeito. Então, entregamos os cargos e o prefeito aceitou”, informou Hugo Victor, ressaltando que a crise está instalada no Palácio Coelho Rodrigues e repetindo o que disse o deputado Kleber Eulálio durante a convenção do PMDB picoense no último domingo, 25 de outubro, “Não se pode tampar o céu com a peneira”.
Segundo uma fonte com bom trânsito no Palácio Coelho Rodrigues, durante a reunião com os parlamentares e ex-auxiliares o prefeito Gil Paraibano se manteve irredutível em sua decisão de manter a pasta da Educação sob a indicação do vereador Manoel Vieira e, percebendo a presença do vereador Rinaldinho teria perguntado se ele também tinha vindo entregar os cargos, pois estaria disposto a recebê-los de volta. Em resposta o parlamentar retrucou que essa decisão dependeria do deputado Warton Santos, que estará em Picos neste final de semana para tratar do assunto.
O vereador Hugo Victor disse que a decisão de entregar o cargo de secretário municipal de Cultura e Turismo que era ocupado por seu irmão Tiago Martins foi para manter a coerência. “Não era justo eu continuar cobrando esclarecimentos da administração sobre possíveis irregularidades e ao mesmo tempo, participando diretamente dessa administração”, argumentou.
O parlamentar anunciou também que a blindagem ao ex-secretário municipal da Educação Manoel Vieira de Barros Lima vai acabar e que, a partir de agora, as cobranças pela prestação de contas da gestão dele na Educação vão se intensificar. ‘“Nós queremos transparência com o dinheiro público e vamos cobrar com veemência, pois foi para isso que fomos eleitos”, ressaltou Hugo Victor.
Ele declarou ainda que estava participando da administração por que ajudou a eleger o prefeito Gil Paraibano, mas que sua postura na Câmara não depende de indicação de cargos no governo municipal e sim do que é importante para a comunidade picoense.
“Além do mais, o prefeito nunca atendeu um requerimento sequer de minha autoria, o que, de certa forma, terminava me desgastando em vista que as pessoas me procuravam solicitando uma obra, eu fazia o requerimento, mas meu pedido era simplesmente ignorado pelo prefeito. Agora não, tudo isso acabou”, enfatiza o vereador Hugo Victor.
O secretário municipal de Governo João Bosco de Medeiros, que é irmão do prefeito Gil Paraibano, tentou minimizar a crise dizendo que o problema é dentro do PMDB. “O prefeito não está preocupado com essas picuinhas, o que ele quer mesmo é continuar trabalhando pela cidade e isso independe de qual secretário vai estar em determinada pasta”, contra-atacou.
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