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Quadrilha de hackers que invadiu contas bancárias no Piauí vai para o banco dos réus

A denúncia do Ministério Público foi recebida no dia 12 de setembro pelo juiz Thiago Carvalho Martins.

A Justiça do Piauí tornou réus integrantes de uma quadrilha de hackers especializada em furtar valores de contas bancárias pela internet, alvos da Operação Phishing, deflagrada em 2016 pela Polícia Civil do Piauí, através do extinto do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO). A denúncia do Ministério Público do Piauí foi recebida no dia 12 de setembro pelo juiz Thiago Carvalho Martins, da 5ª Vara Criminal da Comarca de Teresina.

Treze pessoas foram para o banco dos réus, sendo dez integrantes da quadrilha e três acusados de contribuir com o grupo criminoso. Antônio Sousa da Silva (vulgo Nego Teixeira ou Neto Bacelar), Ismael Carlos Vieira da Silva (vulgo Catita), Romário Lima dos Santos, Denis Breno Silva Azevedo, Geannyne Rafael Alves Nepomuceno, Jailton Rubens de Almeida Sousa (vulgo Manin), Anna Joaquina Queiroz Nascimento, Dielly Maria Veras Lima, Kawill Willames Menezes Rodrigues e Sávio Vinícius Pierote Teófilo se tornaram réus pelos crimes de organização criminosa e furto qualificado. Já Paulo José Miranda Brito Júnior, Bruno Leonardo de Amorim Brito e José de Jesus Santos (vulgo Zeca) são réus apenas por furto qualificado.


Foto: Divulgação/Polícia Civil do PiauíAntônio de Sousa da Silva, vulgo Nego Teixeira ou Neto Bacelar, Romário Lima dos Santos, Dielly Maria Veras Lima, Kawill Wilames Meneses Rodrigues e Jaílton Rubens de Almeida Sousa
Antônio de Sousa da Silva, vulgo Nego Teixeira ou Neto Bacelar, Romário Lima dos Santos, Dielly Maria Veras Lima, Kawill Wilames Meneses Rodrigues e Jaílton Rubens de Almeida Sousa

Segundo a denúncia ajuizada pelo promotor Marcelo de Jesus Monteiro, o esquema criminoso teve início em meados de 2013, quando um homem identificado apenas como Rogério, irmão de Romário Lima, abriu uma lan house, convidado Ismael Carlos (Catita) para trabalhar com ele. Nesse mesmo ano, a polícia prendeu, no estabelecimento, Rogério, Romário e Ismael, por suspeita da prática de invasões a contas bancárias, entre outras atividades ilícitas.

Após este episódio, Rogério, irmão de Romário, veio a falecer, e Ismael (Catita), conforme o Ministério Público, assumiu a liderança do grupo criminoso, equipando uma nova lan house e convidando outras pessoas para participar do esquema.

“De tal modo, Catita (Ismael), Antônio (Nego Teixeira), Denis, Rafael, Kawill e Watila [já falecido] trabalhavam juntos no mesmo esquema criminoso. Porém, quem detinha o contato dos ‘patrões’ (programadores) era Catita, que não permitia que ninguém tivesse acesso ao seu Skype, meio de comunicação onde realizava o contato com os hackers especialistas em invasão a contas bancárias”, destacou o promotor

Ocorre que, tempos depois, Antônio Sousa, o Nego Teixeira, conseguiu os contatos com os hackers e assim montou outra rede de recrutadores e laranjas. “Assim, o que antes era um só grupo, passaram a ser dois (um liderado por Catita e o outro por Nego Teixeira), porém ambos atuando com o mesmo modus operandi”, detalhou o representante do órgão ministerial.

Como funcionava o esquema

O Ministério Público detalha a função de cada réu no esquema criminoso:

Antônio Sousa da Silva (vulgo Nego Teixeira ou Neto Bacelar) e Ismael Carlos Vieira da Silva (vulgo Catita) – “possuem função de destaque na organização criminosa, possuindo o contato dos hackers e determinando a atuação dos demais. Ficou comprovado que Antônio também realizava ataques às contas bancárias (spammer/atacante)”.

Romário Lima dos Santos – “atuava também como atacante/spammer, possuindo meios de acessar as contas das vítimas. Após, Romário passa a ser pessoa responsável por ‘subir os chips’, ou seja, responsável por obter o número dos aparelhos celulares das vítimas através de funcionários das operadoras que clonavam os números”.

Denis Breno Silva Azevedo – “tinha como função realizar as transferências bancárias que, no jargão das organizações, era uma das pessoas que ‘fazia o corre’”.

Geannyne Rafael Alves Nepomuceno, Kawill Willames Menezes Rodrigues, Sávio Vinícius Pierote Teófilo e Jailton Rubens de Almeida Sousa (vulgo Manin) – “tinham o papel de recrutadores, conseguindo contas de terceiros para receber as transferências”.

Anna Joaquina Queiroz Nascimento, Dielly Maria Veras Lima – “atuavam como ‘laranjas’, titulares das contas receptoras dos valores ilicitamente subtraídos”.

Em relação a Paulo José Miranda Brito Júnior, Bruno Leonardo de Amorim Brito e José de Jesus Santos (vulgo Zeca), os três foram denunciados por cederem suas contas bancárias para serem utilizadas pela quadrilha.

“Eles podem ser considerados partícipes do mesmo, já que emprestaram, de livre e espontânea vontade, as suas contas bancárias como destinatário das transferências ilícitas, sob promessa de recompensa financeira. O que aqui se narra pode ser comprovado com base nos seus próprios interrogatórios, oportunidade em que admitiram a prática do crime aqui estudado”, frisou o promotor Marcelo de Jesus Monteiro.

Recebimento da denúncia

O juiz Thiago Carvalho Martins decidiu pelo recebimento da ação penal proposta pelo Ministério Público, por vislumbrar o cumprimento dos requisitos estabelecidos no Código de Processo Penal.

“Recebo a denúncia em todos os termos, eis que os requisitos prescritos no art. 41 do Código de Processo Penal estão plenamente caracterizados. Expõe-se pormenorizadamente o fato criminoso e suas circunstâncias”, decidiu o magistrado.

Réu conhecido da Justiça

Foto: Divulgação/PCNetto Bacelar
Netto Bacelar

Antônio Sousa da Silva, que também é conhecido pelas alcunhas de Nego Teixeira ou Neto Bacelar, possui uma extensa ficha criminal e já foi preso várias vezes. Ele é acusado de integrar quadrilha envolvida em roubos a bancos e também já foi apontado como líder de um grupo especializado em aplicar o “golpe do boleto”, que consiste em invadir o sistema de uma empresa e enviar boletos com endereço errado aos clientes, recebendo o pagamento diretamente em sua conta bancária.

Operação Phishing

Deflagrada em 23 de novembro de 2016 pelo extinto Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO), juntamente com a Polícia Civil do Ceará, a Operação Phishing teve como objetivo de combater a ação de hackers e apurar crimes de furto mediante fraude, por meio da internet, praticados por uma organização criminosa especializada. Na ocasião, foram cumpridos mandados judiciais em Teresina, Timon-MA e em Fortaleza-CE.

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