A defesa da esposa de Antônio Carlos de Sousa Coelho, o “Carlinhos Piauí”, presa com o marido acusada de integrar uma quadrilha de tráfico internacional de drogas, pediu na Justiça a concessão de prisão domiciliar, sob a alegação de ter dois filhos pequenos. O habeas corpus em favor de Claudyely Andrade Sousa foi ajuizado junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) no dia 10 de dezembro, cinco dias após ela e o esposo serem presos pela Polícia Federal, no Rio de Janeiro, onde residiam.
Antes do pedido, Claudyely Sousa já havia pedido prisão domiciliar durante a audiência de custódia, no dia 6 de dezembro. O pedido foi negado pela Justiça, que seguiu parecer do Ministério Público Federal (MPF). Diante dessa negativa, os advogados decidiram ingressar com o habeas corpus.
“Lamentavelmente, salta aos olhos que o indeferimento da prisão domiciliar foi justificado em ilações e suposições de que em cárcere residencial a paciente empreenderia fuga, tese esta bastante improvável e descabida porque seria bastante infrutífero uma mulher mãe civilmente identificada e fotografada pela Polícia Federal se evadir com sucesso acompanhada de uma bebê de apenas 11 meses no colo e de um garoto especial de 4 anos necessitado de cirurgia médica”, ressalta a defesa de Claudyely.
Os advogados pedem que a Justiça autorize a acusada a cumprir prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica. “Requer que o Juízo da 3ª Vara Federal da SJPI entenda por conceder a prisão domiciliar, determinando que o cumprimento da prisão preventiva de Claudyely Andrade Sousa se dê em regime domiciliar com uso de monitoração eletrônica, autorizando, ainda, a sua saída para tratamento médico seu ou dos filhos menores, justificando -se nos autos mediante documentação pertinente”, consta no pedido.
Entenda o caso
Carlinhos Piauí é apontado pela Polícia Federal como um dos líderes de uma quadrilha de tráfico internacional de drogas. Natural do Piauí, ele levou residia em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, onde foi preso junto com a esposa e mais 35 pessoas no dia 5 de dezembro, no âmbito da Operação Transloading, deflagrada pela Polícia Federal.
Como funcionava o esquema
A operação deflagrada pela PF resultou de uma intensa investigação realizada pela Delegacia de Repressão a Drogas (DRE), que identificou a atuação de um grande esquema criminoso que constituía uma complexa rede, desde a produção das drogas (maconha e cocaína) nos países vizinhos (Peru, Bolívia e Paraguai), iniciando com a importação e transporte terrestre pelo interior do Brasil, armazenamento em pontos estratégicos (imóveis rurais ou galpões), culminando com a chegada e distribuição da droga ao consumidor final nos grandes centros urbanos ou até mesmo a exportação a países europeus.
Logo no início das diligências, a Polícia Federal identificou o núcleo liderado por Carlinhos Piauí, “responsável por conectar os fornecedores, transportadores e distribuidores da droga nos estados do Piauí, Maranhão e Ceará”. Em seguida, a PF mapeou o grupo dos transportadores, que seria chefiado por Ronicleiton Vieira Damas e caminhoneiros cooptados.
Segundo a PF, Carlinhos Piauí envolveu a esposa, Claudyely Andrade de Sousa, no esquema, utilizando suas contas bancárias no fluxo financeiro do grupo criminoso.
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