O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Piauí (Sindepolpi) lançou uma nota nesta segunda-feira (29) denunciando a precariedade de delegacias e descontos nos contracheques dos profissionais.
Os descontos no contracheque dos delegados de polícia civil aconteceram nos extras e adicionais noturnos. Além disso, outras questões foram tratadas pelo sindicato, como a falta de combustíveis e viaturas, linhas telefônicas e internet desativadas.
- Foto: Lucas Dias/GP1Delegada Andréa Magalhães
Por fim, o Sindepol destaca que esta crise generalizada, ocasionada por estes problemas, faz com que a criminalidade no Estado tenha aumento significativo.
Confira a nota:
O Sindicato dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Piauí vem manifestar indignação diante da falta de reconhecimento do Governo Wellington Dias com o serviço prestado pela Polícia Civil, em especial pelos Delegados.
Toda a classe trabalha incansavelmente, 24 horas por dia e em operações em todo o Estado, mesmo em condições precárias e adversas; no entanto, nós Delegados, desde o início da gestão, estamos sofrendo com recorrentes atos que DESMOTIVAM nosso mister profissional e contribuem, assim, até mesmo com a saída prematura de muitos concursados.
Prometeram melhorar as unidades policiais, o efetivo, dar estrutura condizente, encaminhar legislações, dentre elas, a de cumulação e a de reajuste salarial, efetuar pagamento regular de diárias e das demais verbas indenizatórias, dentre outras medidas necessárias e urgentes, mas nada fora cumprido em quatro anos de governo.
Capital e interior seguem sem condições mínimas de investigação. Delegacias insalubres, carência de efetivo, linhas telefônicas e internet cortadas, carência de viaturas, suprimentos insatisfatórios, corte de combustível, sendo que, neste mês, em total desapreço ao profissional que arrisca sua vida em tais condições desumanas, apropriaram-se indevidamente do pagamento de horas extras e noturnas já trabalhadas, fato recorrente nos últimos meses.
Todavia, nada parece sensibilizar o governo, que está prejudicando não somente o trabalho da Polícia Judiciária, mas, principalmente, a população, que ficará desassistida. E, em respeito a esta, comunicamos, através da presente nota, previamente, apesar de não termos sido dessa forma cientificados, que, a partir do mês de fevereiro, passaremos a cumprir uma escala de serviço de acordo com o número de horas pagas pelo Estado, o que acarretará, infelizmente, em não atendimento em alguns dias do mês, principalmente, finais de semana.
A crise generalizada reflete em números alarmantes de criminalidade, na contramão de propagandas em que se prega que vivemos no “paraíso”, tudo desmistificado na realidade das ruas com o crescente aumento da criminalidade.
Finalmente, lamentamos que o governo não pense no povo quando desconsidera a importância da Polícia Civil e de seus Delegados, comprometendo assim todo o sistema da Segurança Pública e resvalando na população, que continua pagando honestamente seus impostos e não merece esse tratamento por parte do Estado e, sim, um serviço público de qualidade.
Teresina, 29 de janeiro de 2018.
A DIRETORIA
Outro lado
O GP1 entrou em contato com o Delegado Geral da Polícia Civil do Estado do Piauí, Riedel Batista, e o indagou sobre os problemas levantados pelo sindicato e quais as medidas que estão sendo tomadas para que estas situações sejam resolvidas.
- Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Geral Riedel Batista
Riedel explicou o motivo dos descontos ocorridos nos contracheques dos delegados e revelou que a situação será resolvida no mês seguinte. “Em relação aos descontos que foram feitos no extra e nos adicionais noturnos, essa redução de valores foi devido ao Estado se adequar ao limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Porém, já conversei com o secretário [Fábio Abreu], e acreditamos que no próximo mês, o contracheque será normalizado, seguindo as orientações da secretaria de administração do Piauí”, pontuou.
Ainda de acordo com o delegado, os cortes nas linhas telefônicas e de internet ocorreram devido ao limite de gastos feito pela secretaria de administração. “Esses contratos de telefonia ficam a cargo da secretaria de administração. As linhas telefônicas e a internet ficaram, por um tempo, desativadas devido a uma contenção de gastos. Mas, a internet já voltou ao normal, tão tal que os registros de boletim de ocorrência estão sendo feitos virtualmente. Os cortes aconteceram apenas aos telefones fixos, visto que os telefones funcionais estão normais, já que são necessários para se manter a comunicação com outras unidades de polícia civil”, comentou o delegado geral.
De acordo com Riedel Batista, especificamente, a falta de combustível é um problema desconhecido da secretaria de segurança. “Sempre que é solicitado combustível para a viatura é fornecido. Essa falta de combustível, eu desconheço. Sobre as viaturas, o secretário [Fábio Abreu] já anunciou que serão entregues novos veículos em fevereiro, tanto para a capital quanto para o interior”, revelou.
Sobre as estruturas das unidades policiais, Riedel afirmou que reformas estão sendo feitas. “Estão sendo feitos os reparos, as reformas e as construções nas delegacias da capital, como ocorreu em alguns distritos, e no interior, como a delegacia da cidade de José de Freitas. Além disso, foi entregue a Central de Flagrantes de Parnaíba, o Complexo de Delegacias e a construção da Delegacia de Elesbão Veloso, que foi incendiada em 2015, e será entregue neste ano”, finalizou.
Repercussão no Fantástico
No dia 22 de outubro de 2017, a situação das delegacias de Polícia Civil do Piauí repercutiu em rede nacional em uma reportagem exibida no Fantástico. A matéria teve a duração de 13 minutos e mostrou a realidade de outras delegacias espalhadas pelo Brasil.
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