Apresentador do Salão do Humor afirma que dinheiro do evento foi usado para financiar campanha

O Salão Internacional do Humor é um evento que promove a cultura e arte piauiense há 29 edições em Teresina e, que de dois anos para cá tem sido alvo de queixas e acusações da parte de pessoas que já estiveram na organização e equipe de realização do evento. Profissionais contratados reclamam que nunca receberam pagamento por serviços prestados ao Salão nas edições de 2011 e 2012.


O locutor Marcos Emiliano afirma que a Fundação Nacional do Humor, responsável pela realização do Salão Internacional do Humor, deve a quantia de R$ 1.200 para ele, referentes ao trabalho prestado na última edição do evento. “Eu e mais tantos outros profissionais, inclusive a produtora geral, Barbara Nepomuceno, não tenho provas cabais, mas de fato o que aconteceu foi que o Albert [Piauhy, ex-presidente da Fundação Nacional de Humor e candidato a vereador pelo PC do B em 2012] pegou o dinheiro pra gastar na campanha dele pra vereador no ano passado, ele fala pra todo mundo que foi o dinheiro da prefeitura que não saiu, mas ele e sua companheira Talita pegaram o dinheiro do Teresina rock e prometeram à Barbara que iriam cobrir depois, o que não aconteceu, ele quando perguntado tira o corpo dizendo que havia se afastado e que era o Charles o responsável, mas é mentira, isso é pra não gerar uma investigação do MP”, afirma o locutor

Em contato com o GP1, a produtora Barbara Nepomuceno afirma que o evento possui algumas dívidas. “Ele deve ter os motivos dele para não pagar, o evento tem débito sim, mas não quero me manifestar sobre isso, pois é até antiético já que eu fazia parte da produção do Salão”, comentou.

Outro caso da falta de pagamento envolve o fotógrafo Renan Melo, contratado para o Salão do Humor em 2011. “Trabalhei todos os dias do evento, tive o contrato assinado para isso e não recebi até hoje”, disse. Segundo Renan, quando os organizadores são questionados a respeito do pagamento, afirmam que o dinheiro ‘está saindo’, mas que já não tem mais esperança em recebê-lo.

Atrações musicais contratadas parra o Salão do Humor, que se apresentaram no Teresina Rock também reclamam que o contrato feito com elas não foi honrado, é o caso de bandas como Narguilé Hidromecânico e Obtus. As bandas ao serem contratadas tiveram de pagar um boleto para poderem receber o pagamento. Os boletos foram pagos, apenas.

Outro lado

O GP1 conversou com Talita do Monte, companheira de Albert Piauhy e integrante da coordenação do Salão do Humor. Segundo Monte, a explicação para que os citados acima não tenham recebido pelos serviços prestados é que a prefeitura de Teresina deve ao evento R$ 55 mil reais e o Governo do Estado, R$ 22 mil. “A Fundação Nacional do Humor é uma entidade sem fins lucrativos, 90% do evento que realiza é de graça para a sociedade e depende dos recursos dos parceiros, se eles não honram o compromisso não temos como pagar nossos contratados”, lembrou.


No caso da dívida envolvendo a prefeitura, Talita fala que o ex-prefeito Elmano Férrer (PTB) não deixou a verba empenhada. “Como ele não deixou empenhado, o atual prefeito disse que não paga nada da gestão anterior que não tenha sido empenhado, se alguém disse que esse dinheiro foi usado em campanha, que essa pessoa prove que isso realmente aconteceu, o Salão do Humor é um evento que há 29 anos em Teresina vem elevando a auto-estima do Piauí”, rebateu.


Talita do Monte falou também sobre as adversidades que os produtores culturais enfrentam no Piauí. “Ninguém luta por um interesse comum da sociedade como a arte e cultura, se a Fundação não fizer o Salão do Humor, ninguém mais vai fazer, não é só esse evento que passa por esse tipo de situação, o Lusófono também, o Salipi, por exemplo, é realizado em um ano e pago no outro”, pontua.

A coordenadora comentou também sobre o plano de trabalho desenvolvido pelo evento. “Há recursos de vários lugares, ou seja, cada patrocínio tem um plano de trabalho, não dá para tirar do segurança para pagar a banda”, informa. O Salão do Humor é tido como uma bandeira do Turismo Cultural. “Então a 30ª edição tem que acontecer para o evento não morrer na 29ª”, comentou.

A produtora lembrou ainda do quanto o Salão do Humor foi fundamental na carreira de diversos artistas. “Quantas bandas no anonimato não se utilizaram do evento como vitrine, a gente passou e passa por dificuldades, não é nenhuma novidade, a gente entende a chateação de quem trabalhou duro e infelizmente tem esse recurso bloqueado de um fornecedor, a Fundação Nacional do Humor fez uma carta ao Elmano, ao Wilson Martins afirmando que dever R$ 55 mil reais é ruim para a imagem de qualquer entidade”, contou.

Quadros e obras de Albert Piauhy, estão sendo vendidos, de acordo com Talita, para que parte dessas dívidas sejam sanadas. “Estamos tentando, agora nunca vamos aceitar esse tipo de comportamento, a calúnia, a gente não pode se curvar a isso”, concluiu.


A 30ª edição do Salão Internacional do Humor, que já teve nomes como Frank Farias, Maria da Inglaterra, Lázaro do Piauí participando ao longo de suas edições, reconhecendo e valorizando artistas nacionais e internacionais, esse ano acontece no município de Parnaíba.

Para Marcos Emiliano, o evento foi transferido para lá porque em Teresina ninguém mais está disposto a patrociná-lo. "Em Parnaíba, eles conseguiram apoio da prefeitura e emenda de deputado", informou. Conforme o locutor, o deputado que destinou emenda para o evento foi Osmar Júnior (PC do B), do mesmo partido pelo qual Albert Piauhy disputou a eleição para vereador em 2012.

Questionada a respeito do motivo da transferência, Talita do Monte foi breve. "Há no site do evento toda a fundamentação teórica explicando o porquê dessa transferência”, avisou.

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