O advogado Sammai Cavalcante, que representa a defesa de Lucélia Maria da Conceição Silva, concedeu entrevista ao portal GP1 nesta segunda-feira (13), após a Justiça mandar soltar sua cliente, que era investigada por suspeita de envenenar os irmãos João Miguel Silva e Ulisses Gabriel da Silva, de 7 e 8 anos, da cidade de Parnaíba que morreram ano passado.
À nossa reportagem, o advogado argumentou que houve um excesso em prejuízo da sua cliente e criticou a investigação conduzida pela Polícia Civil do Piauí, considerando que Lucélia estava presa há quase cinco meses e somente na semana passada saiu o laudo pericial dos cajus que ela teria dado às crianças. O exame atestou que não havia veneno nas frutas.
“Houve um déficit, uma precariedade geral na fase investigativa durante o inquérito policial, porque desde o primeiro momento a Lucélia se declarou inocente, nós solicitamos medidas alternativas a prisão, solicitamos prisão domiciliar e sempre declarando a inocência dela. O laudo pericial saiu quinta-feira da semana pretérita, enquanto a Lucélia já amargava cinco meses no cárcere. A palavra que devo usar, e devo usar com certas ressalvas, é que houve um excesso em prejuízo da Lucélia no inquérito policial e durante a primeira fase do processo penal, com certeza. Enquanto esse laudo não saiu, eu insisti pela pelo livramento da Lucélia, baseado na insuficiência de provas e na presunção de inocência”, declarou Sammai Cavalcante.
Defesa buscará declaração de inocência
Segundo o advogado, o próximo passo será o requerimento de sentença declarando a inocência de Lucélia. “No primeiro momento vamos buscar uma sentença absolutória, que ela seja declarada pela Justiça do Estado do Piauí inocente das acusações atreladas a peça denunciatória. Após esse julgamento, não havendo recurso ao Tribunal de Justiça, vai transitar em julgado essa decisão, e depois o escritório vai ver como devemos proceder em relação a algum tipo de compensação indenizatória. Mas nós só falaremos nisso após o trânsito em julgado”, concluiu Sammai Cavalcante.
Relembre o caso
Os irmãos Ulisses Gabriel da Silva e João Miguel da Silva foram hospitalizados no dia 22 de agosto do ano passado, com suspeita de envenenamento. Lucélia Maria, vizinha das crianças, foi presa um dia depois, apontada como principal suspeita.
A vizinha teve prisão preventiva decretada após a Polícia Civil indicar ter encontrado na casa de Lucélia o mesmo veneno detectado no organismo dos meninos.
João Miguel morreu no dia 28 de agosto e Ulisses Gabriel faleceu no dia 10 de novembro. Eles eram filhos de Francisca Maria da Silva, que morreu envenenada com mais dois filhos e um irmão no início deste ano, após comerem um arroz envenenado em casa, em Parnaíba. O principal suspeito do envenenamento é Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto de Francisca, que morava na mesma residência.
Populares incendiaram casa da vizinha
Após as crianças serem internadas e Lucélia ser apontada como culpada, populares decidiram fazer justiça com a próprias mãos e incendiaram a casa dela. A equipe do Corpo de Bombeiros que atendeu a ocorrência também identificou que o imóvel tinha sinais de arrombamento.
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