O juiz João Manoel de Moura Ayres, da Central de Audiência de Custódia de Parnaíba, converteu em temporária a prisão em flagrante do cabo Valério de Sousa Caldas Neto, da Polícia Militar do Piauí, acusado de executar a tiros o policial civil Alexsandro Cavalcante Ferreira, na noite da última terça-feira (12), na cidade de Parnaíba. A decisão foi proferida nessa quinta-feira (14), após audiência de custódia.
Nos autos, o magistrado destacou que medidas cautelares seriam insuficientes, sobretudo por conta da gravidade do crime, que dificultou a defesa da vítima. Além disso, o juiz destacou que a prisão temporária visa garantir melhor investigação do caso.
“A constrição é adequada e medidas cautelares diversas são insuficientes, considerando a gravidade em concreto da conduta, em tese praticada mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. A segregação temporária é igualmente indispensável como forma de preservar a persecução penal, à luz dos direitos fundamentais constitucionalmente assegurados, em uma perspectiva coletiva, implicando ao Estado obrigações processuais positivas para propiciar uma investigação adequada e eficiente perante atos lesivos a direitos fundamentais como o destes autos (delito contra a vida)”, destacou o juiz.
Vídeo mostra execução
A Coluna do jornalista Brunno Suênio obteve acesso, com exclusividade, ao vídeo registrado por uma câmera de segurança que mostra o exato momento em que Valério de Sousa Caldas Neto mata Alexsandro Cavalcante Ferreira. Por volta das 23h48, o PM dobra a esquina em um Volkswagen Parati, em uma rua no conjunto Colina do Alvorada, onde o policial civil aparentemente se preparava para entrar em casa.
A ação criminosa dura menos de 15 segundos: Valério Neto se aproxima e encosta à direita de Alexsandro e, sem descer do carro, efetua dois disparos de arma de fogo contra a vítima – tiros que atingiram o peito e a cabeça. Em seguida, Valério desce do carro e se aproxima da vítima no chão, depois entra no veículo, dá a volta e sai do local do crime.
Depoimento
O vídeo não mostra Alexsandro apontando uma arma de fogo para Valério, como ele afirmou em depoimento à polícia. No interrogatório, o cabo da Polícia Militar afirmou que não conhecia o policial civil e o avistou em atitude suspeita, por isso, decidiu abordá-lo.
Valério Neto relatou “que continuou o acompanhamento para ver o que estava acontecendo; que visualizou ele [policial civil] indo para Avenida Principal; que então resolveu se deslocar; que quando chegou na [avenida] principal dobrou o carro à direta; que o indivíduo estava caminhando em sentido oposto a BR; que quando o interrogado dobrou à direita o indivíduo sacou uma arma e foi em direção ao interrogado com a arma em punho; que então o interrogado verbalizou em dois momentos: ‘eu sou policial’. Que o indivíduo [policial civil] continuou indo para cima do interrogado, sem recuar; que então efetuou dois disparos”.
Ainda conforme Valério Neto, após o crime ele ligou para o comandante Albuquerque, seu superior no 24º Batalhão da PM, e confessou ter matado o policial civil. Na manhã da quarta-feira (13), ele se apresentou na Central de Flagrantes de Parnaíba e foi preso em flagrante.
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