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Teresina - Piauí

Empresária acusada de escravizar jovem em Teresina tem prisão preventiva decretada

Danielly Medeiros havia sido presa, em casa, no bairro Ilhotas, no início da tarde da última terça-feira.

A empresária e fisioterapeuta Francisca Danielly Mesquita Medeiros, acusada de manter a jovem Janaína dos Santos Ferreira em condição análoga à escravidão, por 15 anos, em Teresina, teve a prisão temporária convertida em preventiva pela Justiça. A decisão do juiz Valdemir Ferreira é desta sexta-feira (26).

Danielly Medeiros havia sido presa, em casa, no bairro Ilhotas, no início da tarde da última terça-feira (23), local onde a Polícia Civil do Piauí apontou que ela manteve a jovem Janaína dos Santos Ferreira em cárcere privado dos 12 anos aos 27 anos de idade.


Foto: Reprodução/FacebookFrancisca Danielly Mesquita Medeiros
Francisca Danielly Mesquita Medeiros

Danielly Mesquita é sócia e uma das diretoras da Cooperativa de Trabalho Empreendedor e Catadores de Materiais Recicláveis do Estado do Piauí. (COOTERMAPI).

Maior prazo para conclusão do inquérito

Ao GP1, o delegado Odilo Sena, explicou que com conversão da prisão temporária em preventiva, a polícia terá um prazo maior para concluir o inquérito. “A gente ganha mais tempo, ao invés de cinco dias, que é o prazo da temporária, vamos ganhar mais 5 dias, totalizando 10 dias. Na verdade, eu queria mais tempo porque tem surgido mais coisas, por exemplo, a princípio, outras pessoas tinham conhecimento e nada fizeram”, pontuou.

“Nós tivemos uma oitiva complementar da vítima, bem minuciosa e, tudo indica que não são 15 anos, porque ela tem pouca noção de tempo, ela não sabe a data de aniversário, ela é uma pessoa praticamente hipossuficiente, ela viveu uma vida à parte”, explicou o delegado Odilo Sena.

Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Odilo Sena
Delegado Odilo Sena

Ainda de acordo com o delegado, Janaína ficou na casa da acusada em torno de 10 anos. "Ela chegou aqui mais ou menos com 16, 17 anos, e ficou desde 2013 ou 2014 até esse ano, ou seja, perfaz um tempo que mesmo que não sejam 15 anos, são em torno de 9 ou 10 anos", declarou.

Com a conversão da prisão temporária em preventiva, o delegado Odilo Sena vai reunir novos elementos de prova que foram recolhidos desde sua prisão, com o objetivo de indiciar Danielly Mesquita e encaminhar o relatório para o Poder Judiciário.

Entenda o caso

A empresária e fisioterapeuta Francisca Danielly Mesquita Medeiros foi presa no início da tarde dessa terça-feira (23), acusada de manter uma jovem, atualmente com 27 anos, em cárcere privado e em condição análoga a de escravidão por 15 anos. Danielly Mesquita, que é sócia e uma das diretoras da Cooperativa de Trabalho Empreendedor e Catadores de Materiais Recicláveis do Estado do Piauí (COOTERMAPI), foi presa em casa, no bairro Ilhotas, zona sul de Teresina, durante o cumprimento a um mandado de prisão temporária.

Depoimento da jovem

O GP1 teve acesso ao depoimento da jovem, na qual ela narra que sofreu os mais diversos tipos de maus-tratos na casa de Danielly Mesquita.

Foto: Lucas Dias/GP1Janaína dos Santos Ferreira
Janaína dos Santos Ferreira

A jovem relatou que 15 anos atrás Danielly Mesquita foi buscá-la em sua casa na zona rural de Chapadinha (MA), afirmando aos seus pais que ela só iria passar o feriado da Semana Santa na sua residência em Teresina e que, depois, retornaria, o que não aconteceu.

Segundo a vítima, Danielly convenceu seus pais a deixá-la morando com ela em Teresina, sob a promessa de que garantiria sua educação, contudo, a jovem nunca teve acesso aos estudos, como prometido.

Cárcere privado

Ainda conforme a jovem, Danielly Mesquita passou a mantê-la em cárcere privado, proibindo-a de ter vida social e amigos e de ter contato com os próprios pais. As únicas vezes que ela era autorizada a sair de casa era para ir ao mercado e levar um dos filhos de Danielly para a escola e para a terapia, em dias de segunda-feira e quarta-feira.

Trabalho análogo à escravidão

A vítima disse ainda que era responsável por todo o trabalho doméstico: limpar a casa, cozinhar, lavar e passar roupas e cuidar dos filhos de Danielly, e que nunca recebeu qualquer dinheiro por isso.

Ministério Público do Trabalho

O procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho no Piauí, Edno Moura, anunciou nesta quarta-feira (24) que vai solicitar as informações do inquérito policial contra Francisca Danielly.

Conforme Edno Moura, o órgão tomou conhecimento do caso por meio das informações que circulam na imprensa. “A denúncia traz uma série de fatos que envolvem as questões trabalhistas. Foi uma situação que iniciou quando a mulher ainda era menor de idade, ou seja, trabalho infantil, cárcere privado de trabalhadora, jornada exaustiva, falta de pagamento pelo trabalho realizado ao longo dos 15 anos, cerceamento do direito à educação, maus tratos. Enfim, vamos apurar todas as ilicitudes para cobrar também responsabilidades civil e trabalhista”, explicou o procurador.

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