Após ser resgatada vivendo em condição análoga à escravidão em uma residência na zona sul de Teresina, nesta terça-feira (23), a jovem de 27 anos que viveu por 15 anos nessa situação finalmente pôde voltar para o seio de sua família. Um vídeo mostra o momento emocionante em que ela reencontra a mãe, depois de tantos anos sem conseguir manter qualquer contato.
A jovem foi resgatada na casa da empresária Francisca Danielly Mesquita Medeiros, que foi presa pela Polícia Civil do Piauí, sob acusação de manter a moça em cárcere privado e em condição análoga à escravidão.
O reencontro de mãe e filha aconteceu na sede do 6º Distrito Policial, onde foram conduzidas as investigações. No vídeo, a mãe aparece abraçando a jovem e chorando muito.
Em determinado momento, a mãe se dirige a Francisca Danielly, afirmando que ela havia maltratado sua filha, momento em que a empresária rebate. "Nunca ‘judiei’ de sua filha", diz a acusada no vídeo.
A mãe da jovem também afirma no vídeo que a empresária não permitia qualquer contato dela com a filha.
Entenda o caso
Segundo o delegado Odilo Sena, titular do 6º DP, a vítima morava em Chapadinha, no interior do estado do Maranhão, quando foi trazida para Teresina aos 12 anos de idade, para morar na casa de Francisca Danielly, que prometeu a família da garota que iria cuidar e dar educação a ela, o que não ocorreu.
Nos últimos 15 anos, a vítima permaneceu prestando serviços na casa da acusada, sem qualquer tipo de benefício ou remuneração, e sem acesso à educação. “Essa menina foi praticamente raptada aos 12 anos por essa mulher, que é sua prima de segundo grau. A acusada pegou ela prometendo que iria levá-la para passar a Semana Santa em uma fazenda de sua propriedade, na cidade de Afonso Cunha, no Maranhão, só que ela nunca mais voltou. A mãe foi atrás, mas ela ameaçou a mãe, dizendo que iria processar e prendê-la”, informou o delegado ao GP1.
O delegado ressaltou que durante esses 15 anos a vítima foi exposta a intenso sofrimento, que só cessou com a prisão da acusada. "Foram 15 anos de intenso sofrimento. Felizmente, essa situação vai acabar agora e Francisca Danielly vai responder por tortura física e psicológica, redução à condição análoga de escravo e também cárcere privado. Nós vamos tomar todas as providências", garantiu o delegado.
Francisca Danielly Mesquita Medeiros, que é sócia e uma das diretoras da Cooperativa de Trabalho Empreendedor e Catadores de Materiais Recicláveis do Estado do Piauí (COOTERMAPI), disputou uma vaga na Câmara Federal em 2018 pelo Avante.
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