Após um hiato de dois anos provocado pela pandemia, a tradicional Procissão das Sanfonas voltou a movimentar o Centro de Teresina na tarde desta terça-feira (02). A 14ª edição do evento, que tem como grande patrono o rei do baião, Luiz Gonzaga, homenageou os 75 anos da canção Asa Branca e o aniversário de 80 anos do cantor e compositor Gilberto Gil.
A concentração começou às 15h na Igreja Catedral de Nossa Senhora das Dores, na Praça Saraiva, e após a benção das sanfonas todos os presentes saíram em cortejo pela Rua Barroso até o Museu do Piauí.
O professor Wilson Seraine, presidente da Colônia Gonzaguiana do Piauí, que organiza o evento, é um grande entusiasta da cultura popular. Fã de Luiz Gonzaga e dono de um grande acervo relacionado ao rei do baião, Wilson Seraine comemorou a volta da Procissão das Sanfonas.
“São 14 anos da Procissão das Sanfonas, estamos extremamente felizes, voltar ao chão, como o Gonzaga gostava, fazer uma coisa para o povo, pensando no povo. Estou muito feliz com o retorno da procissão, depois de dois anos afastados, lembrando o mestre Gilberto Gil e a música mais importante do Brasil, que é a Asa Branca. Luiz Gonzaga para mim e para todo nordestino representa a verdadeira essência do Nordeste, Gonzaga é o próprio sertão, então a gente está muito feliz de ser esse porta-voz de Luiz Gonzaga para mostrar para o povo a verdadeira música brasileira”, declarou Wilson Seraine em entrevista ao GP1.
O cantor Léo Xenhenhem, vocalista da banda Xenhenhem, marcou presença na procissão, e ressaltou que o evento fortalece a memória de Luiz Gonzaga. “Aqui são as raízes da nossa cultura, serve para regar e fortalecer o espírito, Luiz Gonzaga é a base da nossa cultura e da nossa música. Trabalho com isso, a sanfona é branca em homenagem ao Luiz Gonzaga”, afirmou o músico.
Elaine Osório, que já acompanhava as edições anteriores, também marcou presença neste ano e observou um aumento no público. “O Luiz Gonzaga representa toda uma cultura nordestina, a Procissão das Sanfonas é uma oportunidade de agregar não só os sanfoneiros, mas toda a população que tem Luiz Gonzaga como uma referência de cultura, ele deixou uma cultura que ultrapassa gerações, e o que a gente tem prestado atenção é que a cada edição da procissão, nós temos mais adeptos”, frisou.
O sanfoneiro Vicente Visgueira está na estrada há 50 anos tocando o instrumento. Ele enfatizou a importância de Luiz Gonzaga para a cultura popular. “São 50 anos de sanfona, é um dia de comemoração, a gente está aqui para comemorar Luiz Gonzaga, tocar músicas de Gonzaga, tocar sanfona, xote e baião”, colocou.
Sanfona de pai para filho
No meio da multidão, muitas histórias comoventes, como a de Adeno Oliveira, que levou a esposa e o filho, o pequeno Francisco Emanuel, já com uma sanfoninha nas mãos. Adeno conta que a mãe, já falecida, sempre quis aprender a tocar sanfona, mas acabou partindo sem realizar o sonho. Como forma de homenagear a preservar a memória da mãe, o filho decidiu aprender a tocar e levar o legado adiante.
“O sonho da minha mãe era tocar sanfona. Depois eu a perdi, e uma forma de reencontrá-la foi tentar realizar um sonho dela, e comecei a estudar sanfona. A primeira vez que eu toquei a música Asa Branca, que ela gostava, foi uma emoção muito grande. Eu disse: posso até não ser um bom tocador, mas meu filho vai começar de pequenininho e com isso ele vai ser um sanfoneiro bom, e hoje ele segue esses passos. Bate o pé, pede todas as músicas do Luiz Gonzaga, ele gosta dessas músicas de Alceu Valença, de Gonzaga, e a gente vai levando pra frente, de pai pra filho”, afirmou Adeno Oliveira, visivelmente emocionado.
A Procissão das Sanfonas foi encerrada com apresentações musicais em um palco na frente do Museu do Piauí, na Praça da Bandeira.
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