Durante a sessão plenária do Tribunal Popular do Júri, na tarde desta quarta-feira (16), a mãe da advogada Izadora Mourão, Maria Nerci, sustentou a versão de que teria assassinado sozinha a própria filha. A tese, no entanto, já foi totalmente descartada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Em seu depoimento no fórum, a idosa alegou que tinha uma relação turbulenta com a filha e que naquele dia 13 de fevereiro Izadora Mourão havia ameaçado ir ao banco para cancelar sua aposentadoria.
“Ela chegou na nossa casa e me disse: ‘eu estou precisando de um dinheiro. Eu disse: ‘dinheiro pra quê?’, e ela disse que era para pagar umas prestações de um guarda-roupa ou um sofá, e eu disse: ‘não tenho dinheiro, porque o dinheiro que eu ganho tu sabe quanto é, a aposentadoria’. Aí ela disse, ela não me chamava de mãe, ela disse: ‘você é uma velha miserável, cardíaca, 70 anos, já tá bom de viajar’. Disse que dia 15 ia começar a tomar as providências dela, ia pegar a carteira dela da OAB, e ia lá no Bradesco cancelar minha aposentadoria. Eu disse ‘não faz isso não, de que é que eu vou viver?’, e ela disse: ‘não sei’”, afirmou Maria Nerci.
“Ela não me chamava de mãe”
De acordo com Maria Nerci, Izadora Mourão não a chamava de mãe. “Ela não me chamava de mãe, de jeito nenhum”, argumentou.
Momento do crime
A idosa conta que depois do suposto desentendimento a advogada entrou no quarto de João Paulo Morão, para descansar. Nesse momento, Maria Nerci sustenta ter imaginado que Izadora Mourão poderia lhe fazer algum mal, e por isso ela decidiu matar a filha antes.
“Eu me lembrei: ‘como ela disse que vai me matar e vai judiar com todo mundo aqui, eu vou lá ver se ela tá se mexendo ou tá dormindo’. Ela estava dormindo, pesado. Eu tinha levado a faca, eu disse: ‘é hoje ou nunca, porque ela me mata primeiro’. Aí eu peguei e dei o primeiro golpe, foi muito forte, parece que eu acertei na veia que mata mesmo, aí ela pegou no meu braço esquerdo e se virou, ela queria se levantar para tomar a faca. Ela pegou no meu braço e sustentou. Eu fiquei golpeando, eu disse: ‘ela vai tomar essa faca e vai matar todo mundo’. Aí ela ficou lá, emborcada”, colocou.
Contradição
Em determinado momento, ao ser inquirida pelo promotor Márcio Carcará, Maria Nerci entrou em contradição. O representante do Ministério Público questionou por que a idosa lavou uma faca que ela diz não ter utilizado no crime.
“A senhora usou a faca branca e lavou a faca do cabo marrom. Porque a senhora lavou a faca do cabo marrom? Ela estava suja de sangue também?”, perguntou o promotor.
A acusada respondeu que a faca do cabo marrom não estava suja de sangue, e disse apenas que queria esconder o instrumento, sendo novamente questionada pelo promotor. “Porque a senhora queria mandar esconder ela, dona Nerci?”, indagou Márcio Carcará. Nesse momento, Maria Nerci fica um instante em silêncio e gagueja ao responder. “É porque... é porque eu estava muito confusa. E mandei esconder essa daí”, colocou.
A suspeita é de que Maria Nerci esteja assumindo a autoria do crime para proteger o filho, que seria o verdadeiro autor do assassinato.
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