O diretor do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), Francisco Costa, o Barêtta, concedeu entrevista exclusiva ao GP1 na noite desta terça-feira (08), e revelou que os adolescentes Anael Natan Colins Souza da Silva, 17 anos, e Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos, só queriam entrar em uma festa que estava sendo realizada em um sítio ao lado da propriedade do tio do empresário João Paulo, dono do restaurante Frango Potiguar. Por isso, os rapazes entraram no local onde foram capturados e logo em seguida torturados e executados.
Conforme o delegado Barêtta, os adolescentes chegaram na festa e não tinham dinheiro para pagar a entrada, foi quando eles perceberam que o muro da casa ao lado era baixo e dava para eles pularem e entrarem no evento. Ao seguirem com a ideia, eles acabaram sendo pegos e mortos.
“Eles chegaram na festa e não tinham o dinheiro completo para pagar a entrada dos dois. Então, eles olharam e viram que a propriedade ao lado do evento, onde o fato aconteceu, tinha uma parte do muro baixo, então, eles estraram lá para acessar a festa pulando pelo muro, quando os cachorros que estavam na propriedade começaram a latir e a presença deles foi percebida. Nesse momento eles foram capturados e torturados”, contou o delegado.
Acusados combinaram versões para apresentar ao DHPP
O delegado contou ainda que os advogados Guilherme de Carvalho Gonçalves Sousa, Francisco das Chagas Sousa e o empresário João Paulo combinaram versões para tentar enganar a polícia, mas foram desmascarados de imediato pela investigação do DHPP.
“As primeiras declarações prestadas pelos envolvidos, fantasiosas e mentirosas foram descartadas na primeira etapa da investigação. É tanto que forçou o cunhado do João Paulo a prestar um novo depoimento que se assemelhou ao fato acontecido”, afirmou o delegado.
"Investigamos para prender, e não prendemos para investigar"
O delegado aproveitou para reforçar o trabalho do DHPP. “Pode ficar certo que nós investigamos para prender, e não prendemos para investigar. Qual quer indivíduo independentemente de cor, religião ou condição social econômica que praticar um crime que esteja nas minhas atribuições pode ficar certo que ele será investigado, identificado e será preso. Aproveito para enaltecer o trabalho do Ministério Publico e do Poder Judiciário que são nossos parceiros”, finalizou o delegado Baretta.
Arma pertencia a João Paulo
O GP1 também conversou com o delegado Luís Guilherme, que preside o inquérito, e ele afirmou que os disparos foram realizados pelo advogado Guilherme de Carvalho, com uma arma emprestada pelo empresário João Paulo. “Pelas declarações realizadas e confissões, os disparos foram realizados pelo Guilherme com a arma emprestada pelo João Paulo”, declarou.
Ainda segundo o delegado, no depoimento os investigados disseram ter jogado a arma no rio. “Deram a versão de que jogaram no rio”, revelou.
Prisão do dono restaurante Frango Potiguar
O empresário João Paulo de Carvalho Rodrigues foi preso novamente na manhã desta terça-feira (08), acusado de participar do assassinato dos adolescentes Anael Natan Colins Souza da Silva, 17 anos, e Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos, encontrados mortos às margens da PI 112 em novembro de 2021.
Na manhã de hoje também foram presos os advogados Francisco das Chagas Sousa e Guilherme de Carvalho Gonçalves Sousa, tio e primo de João Paulo. Eles foram presos na casa deles, na zona leste de Teresina. Já João Paulo foi preso no escritório do seu advogado de defesa, Lúcio Tadeu.
Advogado de defesa nega participação do advogado Francisco das Chagas
O advogado de defesa dos três investigados, Lúcio Tadeu, confirmou a participação de João Paulo e Guilherme de Carvalho no duplo assassinato, mas negou que Francisco das Chagas tenha ajudado os dois no dia do crime. Inicialmente o advogado Francisco das Chagas havia afirmado ter praticado o crime sozinho, mas mudou a versão.
"Eu vou esperar o delegado me apresentar os elementos do inquérito. Houve uma apresentação espontânea do João Paulo. Ele que procurou a polícia para se apresentar, não teve fuga. Foi só o João Paulo e o Guilherme [que praticaram o crime], ninguém mais. Dr. Francisco não teve participação nenhuma. Se ele assumiu no primeiro momento foi porque ele está doente, doença grave, então ele ficou com medo e de certa forma queria proteger o filho e o afilhado, mas não teve participação dele e nem do Amauri [cunhado]. Tudo se dá entre Guilherme e João Paulo, a história é essa. Tem uma arma [utilizada no crime] e eles vão dizer onde está a arma. Foi cumprido mandado de busca e apreensão e o que tinha que ser recolhido foi recolhido", garantiu o advogado.
Jovens foram torturados e mortos de joelhos
O laudo cadavérico dos adolescentes Anael Natan Colins Souza da Silva e Luian Ribeiro de Oliveira revela com riqueza de detalhes que as duas vítimas foram torturadas, colocadas de joelhos e mortas com disparo de arma de fogo na nuca, à queima roupa.
Logo após terem sido localizados na zona rural leste de Teresina, os corpos dos dois adolescentes passaram por exames no Instituto de Medicina Legal (IML), às 17h30 do dia 15 de novembro de 2021.
No laudo da primeira vítima, Luian Ribeiro de Oliveira, o exame constatou um tiro de entrada localizado em região da nuca à esquerda, onde formou-se um cone com base maior na porção interna do osso. Já o tiro de saída encontra-se em porção parietal direita, sendo observado na porção externa do osso. “Também se infere que a morte se deu com requinte de crueldade, compatível com execução do indivíduo de joelhos, com cabeça fletida [posicionada para baixo] e disparo por arma de fogo efetuado na região craniana, a curta distância”, diz trecho do laudo.
O laudo da segunda vítima, Anael Natan Colins Souza da Silva, repetiu o mesmo resultado obtido no exame realizado em Luian, portanto, executado em posição de joelhos, com requinte de crueldade.
O desaparecimento
Os familiares dos garotos chegaram a pedir ajuda ao GP1 a fim de localizar os meninos, que desapareceram na madrugada do dia 13 de novembro. Os corpos dos adolescentes Luian Oliveira e Anael Natan foram encontrados no dia 15 de novembro de 2021 em estado de decomposição no KM 12 da rodovia PI 112, próximo ao Povoado Anajás, zona rural leste de Teresina.
Segundo relatos da mãe de Anael, Gilmara Sousa, os rapazes eram amigos, moravam no Planalto Uruguai, zona leste da capital, e costumavam sair juntos. No último dia em que foram vistos, eles saíram em uma motocicleta para o bar Skina do Caranguejo, depois seguiram para o Depósito Mais, na Avenida Dom Severino, e teriam ido a um sítio, onde estava acontecendo uma festa. Desde então eles não foram mais vistos.
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