O tenente B. Filho, da Polícia Militar do Piauí, que está sendo investigado no caso do assalto que terminou com a morte da pequena Débora Vitória, de 6 anos, no bairro Ilhotas, afirmou em depoimento ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) que efetuou disparo de arma de fogo somente depois que o assaltante Clemilson da Conceição Rodrigues atirou. A informação foi dada neste domingo (27) ao GP1 pelo advogado Otoniel Bisneto, que representa a defesa do policial.
À nossa reportagem o advogado enfatizou que o primeiro disparo foi efetuado pelo assaltante, e que seu cliente atuou apenas com intenção de proteger a criança e sua mãe, Dayane Gomes.
“O Clemilson, que é o bandido, efetuou o primeiro disparo. Só que ele não estava com a arma que ele apresentou, ele estava com um [revólver] 38. Durante a ação o tenente percebeu, claramente, que o Clemilson estava armado com um revólver 38 e só partiu para fazer o serviço para o qual ele é treinado a fazer, que era defender a família diante do assalto”, afirmou Otoniel Bisneto.
Embora ainda não tenha saído o resultado do exame do exame de microcomparação balística, que apontará de onde partiu o disparo que matou a criança, o advogado do tenente enfatizou que, dificilmente, o disparo tenha saído da arma do tenente.
“A gente está aguardando a perícia porque ela é crucial para identificar o projétil que ficou alojado na criança. Mas, se você tiver o cuidado de observar os efeitos do disparo da arma de fogo em um corpo de uma criança, principalmente, o de um calibre como é o ponto 40 [modelo da arma do PM], vai perceber que, de acordo com o laudo, é muito diferente do que foi ocasionado lá [no corpo da criança]. E o ângulo de disparo está muito próximo do cara que atirou, tanto que o tenente deixou bem claro: eu ouvi o primeiro disparo”, frisou Bisneto.
Polícia Militar
O advogado do tenente disse ainda que o seu cliente vem sendo crucificado, mesmo antes de ter sido comprovada a autoria do tiro que matou Débora Vitória. “A gente fica assustado e de certa forma preocupado quando as pessoas demonizam o policial militar, que arrisca a vida diariamente. Quando um policial morre, ninguém, absolutamente ninguém, na sociedade levanta a voz para defender o PM. Agora, quando o PM se envolve em uma ocorrência e quando, infelizmente, ocorre o evento morte todo mundo crucifica o PM. Ninguém lembra os nomes dos PMs que morreram de 2018 para cá, mas as famílias lembram”, lamentou.
Entenda o caso
A pequena Débora morreu e sua mãe ficou ferida após as duas serem baleadas durante um assalto na noite de 11 de novembro, no bairro Ilhotas, na zona sul de Teresina. Segundo as informações repassadas ao GP1 pela Guarda Civil Municipal, o crime ocorreu no momento em que mãe e filha saíam de casa em uma motocicleta, quando foram abordadas por dois criminosos.
O tenente B. Filho reagiu a investida do criminoso e então iniciou-se uma troca de tiros com o assaltante. Em meio ao tiroteio, mãe e filha foram baleadas, e a criança acabou não resistindo.
Versão da mãe
Em entrevista exclusiva ao GP1, Dayane Gomes, afirmou que o tiro que matou sua filha saiu da arma de um tenente da Polícia Militar do Piauí, vizinho da família, que presenciou o assalto e reagiu contra os bandidos.
“O assaltante disse assim, quando ele viu que [o policial] estava com a arma, ‘não atira que eu não vou atirar’ e ele [policial] já veio atirando. Na hora que ele atirou, o primeiro tiro pegou na minha filha. A bala saiu da arma dele [do policial], eu pedi pelo amor de Deus para ele não atirar e ele atirou novamente. Ele atirou por três vezes na gente. O primeiro tiro foi dele, pegou nas costelas da minha filha e atravessou para o outro lado”, explicou a mãe.
Exame de balística vai determinar quem matou criança
O diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Francisco Costa, o Barêtta, afirmou que um exame de microcomparação balística apontará quem foi o autor do disparo que matou a criança Débora Vitória.
O diretor do DHPP ressaltou que a resposta sobre quem foi o responsável pela morte da criança será dada à sociedade. "Eu já determinei que fosse feito o exame de local e também exame de microcomparação balística. Independentemente de quem seja o autor do disparo, nós vamos dar a resposta, vamos mostrar quem foi a pessoa que atirou, evidentemente que se foi a terceira pessoa [policial] ele não tinha a intenção de acertar a criança", explicou Barêtta.
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